Irã volta a impedir entrada de mulheres em jogos de futebol - Gazeta Esportiva
Irã volta a impedir entrada de mulheres em jogos de futebol

Irã volta a impedir entrada de mulheres em jogos de futebol

Gazeta Esportiva

Por AFP

30/03/2022 às 08:28 • Atualizado: 30/03/2022 às 17:51

São Paulo, SP

A entrada de mulheres em um estádio de futebol voltou a ser proibida no Irã: desta vez, para assistir a um jogo entre as seleções masculinas de seu país e do Líbano, pelas eliminatórias da Copa do Mundo, informou a imprensa iraniana. A partida, vencida pelo Irã, por 2 a 0, foi disputada no Estádio Imã Reza, na cidade de Mashhad, no nordeste do país.

“Cerca de 2.000 mulheres iranianas, que haviam comprado ingressos para o jogo entre Irã e Líbano, estavam presentes nos arredores do Estádio Imã Reza, mas não puderam entrar. Para esta partida, foram vendidos 12.500 ingressos, dos quais 2.000 para mulheres”, noticiou a agência de notícias ISNA.

“Peço desculpas porque muitas pessoas não puderam entrar no estádio e ver de perto a partida de futebol entre as seleções do Irã e do Líbano. Infelizmente, não foi possível para um grande número de pessoas que estavam do lado de fora entrar no estádio”, declarou o governador de Mashhad, Mohsen Davari, à televisão pública iraniana IRIB.




Diante da revolta provocada pelo incidente, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, ordenou que o ministro do Interior, Ahmad Vahidi, acompanhe de perto a situação.

O capitão da seleção iraniana, Alireza Jahanbakhsh, comentou o ocorrido à imprensa: “Não acho que teria acontecido alguma coisa se as mulheres tivessem ido ao estádio. Pelo contrário, pode favorecer nossa cultura”.

Em declarações a uma estação de rádio local, o procurador-geral iraniano, Mohammad Jafar Montazeri, considerou que, “se as condições permitissem a venda de ingresso para as mulheres, seria necessário encontrar um local adequado para elas”.

Pressão da Fifa

Em janeiro, as mulheres iranianas foram autorizadas a assistir a uma partida de futebol da seleção masculina de seu país pela primeira vez em quase três anos. O jogo contra o Iraque carimbou o passaporte do Irã para a Copa do Mundo de 2022.

Há quatro décadas, a República Islâmica impede, em geral, as torcedoras de assistirem às partidas de futebol. Os setores religiosos, que têm grande peso na tomada de decisões no país, defendem que as mulheres devem ser protegidas do “ambiente masculino” e da visão dos homens “seminus”.

Em setembro de 2019, a Fifa exigiu do Irã que autorizasse o acesso das mulheres aos estádios, sem restrições.



A diretriz de 2019 da entidade, ameaçando uma suspensão contra o Irã, veio após a morte de uma torcedora chamada Sahar Khodayari, que ateou fogo ao corpo por medo de ser presa por ter tentado assistir a uma partida. Em 2018, ela havia sido presa, ao tentar entrar em um estádio vestida como um homem. Sua morte deflagrou uma onda de reações contra o Irã.

A Fifa pressiona o país há anos para que abra seus estádios para as mulheres. Foi somente em 2019 que o governo autorizou um número limitado de torcedoras nos jogos.

“A posição da Fifa em relação à presença de mulheres durante os jogos de futebol no Irã é clara: houve um progresso histórico, como refletido pela importante etapa em outubro de 2019, quando as mulheres foram autorizadas a entrar nos estádios pela primeira vez em 40 anos, mas a Fifa espera que esses progressos continuem, porque não há como voltar atrás”, expressou a entidade em comunicado.

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