Edílson volta ao Parque São Jorge com outra provocação: “Chora, Porco” - Gazeta Esportiva
Edílson volta ao Parque São Jorge com outra provocação: “Chora, Porco”

Edílson volta ao Parque São Jorge com outra provocação: “Chora, Porco”

Gazeta Esportiva

Por Helder Júnior

15/01/2016 às 09:29 • Atualizado: 15/01/2016 às 13:22

São Paulo, SP

Edílson apareceu no teatro do Parque São Jorge, clube onde treinou de 1997 a 2000, com um sorriso no rosto e uma faixa na mão para celebrar os 16 anos do primeiro Mundial vencido pelo Corinthians. A provocação ao Palmeiras estava quase tão ensaiada quanto as famosas embaixadinhas que o Capetinha fez na final do Campeonato Paulista de 1999.

“Vou mandar um recado primeiro. Não existe nada melhor do que essa faixa. Porque eles ficam chorando. Então, vou mandar um ‘chora, Porco’ para eles porque merecem”, avisou Edílson, abrindo a sua faixa (entregue a ele por um amigo, pouco antes) com os dizeres provocativos ao rival. Seguiram-se gargalhadas do veterano atacante do Taboão da Serra e aplausos das dezenas de torcedores do Corinthians presentes no auditório na noite de quinta-feira.

O Capetinha acrescentou mais uma provocação ao Palmeiras à sua trajetória (foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)
O Capetinha acrescentou mais uma provocação ao Palmeiras à sua trajetória (foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)


Edílson, no entanto, não havia retornado ao Parque São Jorge para falar do Palmeiras ou de suas embaixadinhas. “Estou aqui por causa do Mundial de 2000, pelo Corinthians”, pautou, já contendo o riso. Com passagens por mais de dez clubes na carreira (entre eles, o grande rival, entre 1993 e 1995), o jogador alisou o distintivo corintiano sobre a sua camisa polo preta para fazer média com o público. “Virei torcedor do Corinthians. Eu me sinto em casa aqui. Depois que vesti essa camisa, eu me esqueci de todas as outras. Até reclamam que só posto coisas de Corinthians nas redes sociais. Aqui é Corinthians. É diferente.”

Passada essa apresentação, o ídolo deu um beijo no troféu do Mundial de 2000, que estava exposto no palco, e se sentou para assistir diante de um telão aos melhores momentos daquela conquista. O jogo mais aguardado por ele não era a decisão contra o Vasco, que fazia aniversário, mas o empate por 2 a 2 com o espanhol Real Madrid no Morumbi. “Tirando as embaixadinhas, foi o momento mais marcante da minha trajetória”, elegeu, acomodando-se melhor na cadeira, sem desgrudar os olhos do vídeo.

Não era para menos. Edílson criou polêmicas (mais algumas) antes da partida ao prometer colocar a bola entre as pernas do defensor naturalizado francês Christian Karembeu. E cumpriu no segundo dos seus gols. No mesmo lance, o Capetinha se empolgou ao perceber o lateral esquerdo Roberto Carlos fugindo de sua marcação – na véspera, ele havia dividido o elevador da concentração de Corinthians e Real Madrid com o compatriota do time adversário e amassado uma cédula de dinheiro para avisar que o colocaria no bolso.

“Podem passar o meu gol de novo para o pessoal ver o Roberto Carlos fugindo de mim? Olha lá! Ele corre para trás!”, divertiu-se Edílson, cuidadoso ao explicar a sua amizade com Roberto Carlos, que defenderia o próprio Corinthians em 2010, e não citar o nome do Palmeiras. “A gente morou junto quando joguei em um outro time”, resumiu, chamando Karembeu de “coitado” em seguida.

Os gols de Edílson sobre o Real Madrid foram comemorados pelos torcedores que estavam no Parque São Jorge como se estivessem ocorrendo naquele momento. Mas ele não foi o único a chamar a atenção por causa desse jogo. O Capetinha vibrou junto com a plateia quando o goleiro Dida defendeu o pênalti cobrado pelo atacante francês Anelka. Um corintiano uniformizado, contudo, emburrou-se: “O filho da p... do Pato nem para fazer isso, bater colocado. O cara foi dar uma cavadinha contra o Dida!”.




Edílson gosta dos torcedores mais pacientes. “Todo o mundo me pergunta qual é a melhor torcida do Brasil porque também joguei no Flamengo. Respondo sem pensar: a do Corinthians é mil vezes melhor. Dá até para discutir quantidade, mas nunca vi a torcida corintiana vaiar o seu jogador enquanto o jogo está rolando. Isso é muito importante para quem está em campo. Já tive jogo em que estava perdendo por três, quatro, e a torcida estava lá, cantando ‘todo-poderoso Timão’. Essa é a diferença”, discursou.

Ao escutar as palavras de Edílson, um senhor aproveitou para doutrinar o filho de menos de dez anos: “Você ouviu o que ele falou? Entendeu?”. O que o menino provavelmente não compreendia é que o próprio Edílson já experimentou a revolta da torcida corintiana. Após a eliminação para o Palmeiras na Copa Libertadores da América de 2000, o Capetinha forçou a sua saída do clube ao enfrentar um grupo que protestava no Parque São Jorge. E foi parar justamente no Flamengo.

Com o amor restabelecido entre Edílson e corintianos, o ídolo reviu ainda a disputa de pênaltis com o Vasco na decisão de exatos 16 anos atrás, entusiasmado. “O Marcelinho perdeu o dele porque aqui é Corinthians. Temos que sofrer. Nada é fácil para a gente”, bradou, antes de iniciar um bate-papo com o público do auditório e falar que jogava por amor à “segunda pele” (repetindo o termo criado por Marcelinho) logo na primeira resposta. Na segunda, com a faixa “Chora, Porco” escondida, lembrou que é difícil ser polêmico atualmente. “Ali, nas embaixadinhas, rolou um cacete, um pau. Hoje em dia, talvez não role nada se alguém fizer, mas vão querer processar o cara.”

Terminadas as perguntas dos torcedores, Edílson convidou a organizada Camisa 12 a subir no palco. “Tem bateria aí?”, perguntou, feliz ao descobrir que o grupo sempre faz festa nos aniversários do Mundial de 2000. “Então, vai ter churrasquinho da 12 hoje. Pagar? Eu? Aí, fica ruim. Pago com foto, assim, fazendo um 12”, sorriu, formando o número com os dedos e virando imediatamente alvo de incontáveis flashes de máquinas fotográficas e telefones celulares.

Ao lado dos torcedores organizados, que trouxeram até um bolo de chocolate para a celebração, Edílson cantou o hino do Corinthians ao microfone seguido de “Parabéns a Você”. Depois, eles gritaram juntos os nomes de quase todos os jogadores que participaram da campanha vitoriosa de 2000. “Falta o Klebão! O Kleber!”, avisou o atacante, ignorando que as relações com o lateral esquerdo são estremecidas. Quando estava no Santos, o ex-corintiano foi a um evento de uma uniformizada e atacou o clube que o formou com um coro: “Galinha preta! Vem cá fazer chupeta!”. Já Ricardinho, que brigou com Marcelinho e quis atuar pelo São Paulo, foi celebrado normalmente no evento do Parque São Jorge. “E o Gamarra? Ah, ele é de 99? Não me lembrava”, equivocou-se o Capetinha.

Edílson prometeu não se esquecer do que presenciou no retorno à sede social corintiana. Distribuiu brindes para quem o prestigiou – queria que até a faixa “Chora, Porco” virasse presente – e se animou quando sorteou o número 77. “Esse foi um ano maravilhoso para a gente”, afirmou, também ganhando uma recordação do Corinthians, que preparou uma placa para homenagear o ídolo. “Isso é um troféu de campeão mundial, um dos maiores da minha carreira! Vai para um lugar especial!”, comemorou o provocador Capetinha, 16 anos após ser campeão mundial pela primeira vez.

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