Uma notícia abalou o futebol da América do Sul nesta terça-feira. O avião que levava a delegação da Chapecoense para a primeira final da Copa Sul-Americana, diante do Atlético Nacional de Medellín, sofreu um acidente após uma pane elétrica e um pouso forçado na região de Antióquia, na Colômbia.
A aeronave estava com 77 pessoas a bordo: 68 passageiros e nove tripulantes - eram 22 jogadores e outras 25 pessoas ligadas ao clube catarinense. Os corpos foram resgatados e já estão a caminho de Medellín. As caixas-pretas do avião foram encontradas.
Segundo a Aeronáutica Civil Colombiana, o goleiro Jackson Follmann, o zagueiro Neto e o lateral Alan Ruschel aparecem na lista de sobreviventes, assim como o jornalista Rafael Henzel, de Chapecó, e Ximena Suárez e Erwin Tumiri, integrantes da tripulação.
Neto chegou ao hospital em estado severo, com "comprometimento encéfalo-craniano, no tórax, fraturas expostas de membros inferiores", disse Guilherme Molina, diretor da clínica San Juan de Dios, ao SporTV. Ele passou por uma cirurgia bem-sucedida no tórax, mas terá de ser submetido a processos de reparação na mão, joelho, nariz e crânio, segundo o Globo Esporte.
O lateral Alan Ruschel apresentou uma fratura no membro inferior, comprometimento abdominal, e uma fratura de vértebra. Ele teve a coluna imobilizada e passa por avaliações médicas num hospital. Já o goleiro Jackson Follman teve de amputar uma das pernas.
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Goleiro titular e herói da vaga da Chapecoense na final da Sul-Americana, Danilo foi resgatado com vida, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital.
Além da delegação da Chapecoense, outros nomes ligados ao futebol brasileiro estavam no aeronave. Viajavam 21 profissionais da imprensa, entre eles o ex-jogador Mário Sérgio, comentarista do canal Fox Sports, e um dos vice-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e mandatário da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto Filho.
O vice-presidente da Chapecoense, Ivan Tozzo, recepcionou os familiares dos envolvidos na Arena Condá. "Muito triste a notícia que recebemos hoje de manhã. Jamais iríamos esperar. Estamos reunidos no estádio, recebendo as pessoas envolvidas, as pessoas que amam a Chapecoense. É uma notícia que não existe. Até agora não caiu a ficha", declarou, em entrevista ao SporTV.
"Estamos no aguardo, todo mundo confiando em Deus que as coisas vão acontecer certo para nós. É complicada a dor. Eu, que estou há muito tempo envolvido na Chapecoense, sei o que passamos até aqui. Agora que chegamos, não vou dizer no auge, mas em destaque nacional, acontece uma tragédia dessa. É muito difícil, uma tragédia muito grande", completou Tozzo.
Plínio David de Nes Filho, presidente do Conselho Deliberativo da Chapecoense, lamentou o ocorrido ao Bom dia Brasil. "Existem amigos de uma vida toda que estavam nesse voo. Nos parece muito difícil que tenham sobrevivido. Não era apenas um grupo de respeito mútuo, era um grupo familiar. Vivíamos em harmonia e alegria muito grandes. Antes de embarcar, eles diziam que fariam o sonho virar realidade. E o sonho acabou nessa madrugada", disse.
A CBF enviou um avião com advogados e médicos para Medellín ao meio-dia desta terça-feira, com o objetivo de ajudar nos trâmites burocráticos para liberação de corpos e traslado ao Brasil. A entidade também está em contato com Ministério das Relações Exteriores e com o Ministério da Defesa.
Diante do acidente, a final da Copa Sul-Americana foi suspensa até uma decisão ser tomada pela Conmebol. O Atlético Nacional prestou condolências às famílias dos mortos e ofereceu o título de campeão sul-americano à Chapecoense. A entidade informou que estudará o pedido dos colombianos.
A CBF também decretou o adiamento da final da Copa do Brasil e da última rodada do Campeonato Brasileiro. A entidade decretou luto de sete dias em respeito às vítimas. O jogo da Copa do Brasil, entre Grêmio e Atlético-MG, será disputado no dia 7 de dezembro, enquanto o Brasileirão será retomado no dia 14.
Clubes brasileiros também prestaram apoio à Chapecoense, emitindo notas de pesar durante todo o dia. Há um movimento capitaneado pelos quatro grandes clubes paulistas, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos, que pede a aprovação de medidas de solidariedade aos catarinenses.
Entre as demandas encaminhadas à CBF estão o empréstimo gratuito de atletas à Chapecoense e a defesa de uma imunidade contra o rebaixamento pelos próximos três anos. A peça foi preparada pelo departamento jurídico do Palmeiras.
No exterior, a imprensa destacou que a cidade de Chapecó foi "do sonho ao pesadelo" com o acidente. Clubes de renome internacional, como Real Madrid e Barcelona, fizeram um minuto de silêncio antes do treino desta terça-feira. Também houve homenagens em jogos de Liverpool, Torino-ITA e Mônaco-FRA.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, prestou "condolências ao povo do Brasil" e ofereceu "a nossa cooperação neste momento". O presidente do Brasil, Michel Temer, decretou três dias de luto e expressou sua solidariedade "nesta hora triste que a tragédia se abate sobre dezenas de famílias brasileiras".
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, emitiu nota dizendo que hoje era "um dia muito triste para o futebol". Já o papa Francisco disse ter ficado "profundamente triste ao saber da dolorosa notícia do grave acidente aéreo que ocasionou inúmeras vítimas".
Treze jogadores da Chapecoense não viajaram para a Colômbia, entre eles o meia Hyoran, que está negociado com o Palmeiras para 2017. Os outros são: Martinuccio, Nivaldo, Neném, Cláudio Winck, Demerson, Marcelo Boeck, Lourency, Lucas Mineiro, Moisés, Pedro Perotti, Rafael Lima, William Bergamin e Andrei.
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