Campeão pelo Palestra Itália inspira palmeirenses na São Silvestre - Gazeta Esportiva
Campeão pelo Palestra Itália inspira palmeirenses na São Silvestre

Campeão pelo Palestra Itália inspira palmeirenses na São Silvestre

Gazeta Esportiva

Por Bruno Ceccon

22/12/2014 às 10:00

São Paulo, SP


A Corrida Internacional de São Silvestre já foi vencida por um representante do Palestra Itália. Inspirado pelo sucesso de Heitor Blasi em 1929, um grupo de atletas amadores do Palmeiras se prepara para participar da 90ª edição da prova disputada no último dia do ano.


Blasi venceu a São Silvestre em 1927 pelo Esperia, clube também fundado por imigrantes italianos, e repetiu o feito dois anos depois, já pelo Palestra. Com 482 inscritos, largada na Avenida Paulista e chegada na Associação Atlética São Paulo, a prova de 8,8km de extensão foi completada pelo corredor em 29min11s.


Fundado em 1914, o Palestra Itália abriu seu departamento de atletismo seis anos depois. Em 1924, foi um dos sete criadores da Federação Paulista de Atletismo (FPA). A modalidade floresceu no clube durante os anos 1930 e 1940, quando havia uma pista nas dependências do Parque Antárctica.


Nascido na Itália, Heitor Blasi foi o único estrangeiro a vencer na chamada “Fase Nacional” da São Silvestre, de 1925 a 1944. Neste período, o Palestra Itália ganhou oito vezes a competição por equipes (1927, 1929, 1930, 1932, 1936, 1940, 1941 e 1942).


“Blasi abandonou o atletismo para se dedicar ao automobilismo como mecânico, em parceria com o corredor Nuno Crespi. Em uma prova, eles sofreram um grave acidente, que custou a vida de Crespi. Já Blasi teve um dos pés amputado”, explica o jornalista Fernando Galuppo, estudioso da história do Palmeiras.


Em 1974, a Corrida Internacional de São Silvestre comemorou 50 anos de competição ininterrupta. Na ocasião, Heitor Blasi, campeão das edições de 1927 e 1929 da prova disputada no último dia do ano, foi homenageado com um troféu pela organização.

Um grupo de atletas amadores representará o Palmeiras na Corrida Internacional de São Silvestre 2014
Um grupo de atletas amadores representará o Palmeiras na Corrida Internacional de São Silvestre 2014 - Credito: Sergio Barzaghi/Gazeta Press
Presidido por Paulo Nobre, o clube atualmente prioriza o futebol em detrimento das outras modalidades olímpicas – o time de basquete profissional foi mantido em atividade graças a um patrocínio de última hora. O atletismo, vitorioso no passado, hoje é essencialmente amador.


Gilson Rodrigues de Miranda é o único atleta de elite do Palmeiras. Ele costuma participar da Corrida Internacional de São Silvestre, mas em 2014, prejudicado por uma dengue, está fora. Desta forma, caberá a um grupo de aproximadamente 10 amadores a responsabilidade de competir com a camisa do centenário clube.


“A partir do momento em que está com o uniforme do Palmeiras, tem responsabilidade. Eles vendem uma filosofia de trabalho e também carregam a paixão do torcedor. Existem várias corridas, mas a menina dos olhos de todo o mundo sem dúvida é a São Silvestre. É realmente um divisor de águas”, diz Luiz Fernando Bernardi, técnico da equipe.


O Palmeiras, em parceria com uma assessoria esportiva, oferece treinamento aos sócios todos os dias da semana, nos Parques da Água Branca, do Ibirapuera e na Cidade Universitária. Durante o ano, os alunos disputam uma série de provas com diferentes distâncias, culminando com os 15km da Corrida Internacional de São Silvestre.

Bicampeão da São Silvestre, Heitor Blasi foi homenageado em 1974
Bicampeão da São Silvestre, Heitor Blasi foi homenageado em 1974 - Credito: Acervo/Gazeta Press
“Recebemos muito apoio dos torcedores palmeirenses durante as corridas e, é claro, ouvimos brincadeiras dos rivais, mas levamos na esportiva. Correndo com a camisa do clube, você acaba sendo um espelho. Todos queremos fazer bonito, é algo que pesa de uma maneira positiva”, diz a servidora pública federal Silvia Vinhal de Castro Parente, inscrita na prova de 2014.


A Corrida Internacional de São Silvestre, idealizada pelo jornalista Cásper Líbero em 1924, está intimamente ligada no imaginário coletivo ao final do ano, já que antes era disputada durante a virada. Para os palmeirenses, terminar 2014 será um grande alívio.


Na temporada em que comemorou seu centenário de fundação, o antigo Palestra Itália, clube que já se orgulhou de Heitor Blasi, amargou uma série de fracassos e passou longe dos títulos no futebol. No Campeonato Brasileiro, o limitado time treinado por Dorival Junior evitou o rebaixamento apenas na última rodada.


“Minha maior paixão é mesmo o atletismo, mas também aprecio o futebol. Em 2014, o Palmeiras nos deu emoção até depois do jogo (contra o Atlético-PR). Foi um ano de muitos problemas e superação final. Na São Silvestre, vamos fechar a temporada com chave de ouro”, disse Wellington Almeida Junior, diretor de atletismo do clube.

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