Espião na Copa de 94, Kleiton Lima retorna aos EUA como treinador
Por Thomas Schmiele Namur*
07/05/2019 às 07:00
São Paulo, SP
“Fui contratado para introduzir e implementar uma filosofia, uma mentalidade de um desenvolvimento integral e pleno do atleta na parte técnica, que o futebol norte-americano deixa a desejar um pouquinho. Vou fazer a transição de jogadores que são da base, para eles se aprimorarem tecnicamente e chegarem ao profissional”, explicou.
Esse é o retorno de Kleiton Lima aos Estados Unidos. Ainda como jogador, defendeu o San Francisco United Soccer Club, em 1994. Na época da Copa do Mundo, sua equipe foi convidada para fazer alguns treinos com a seleção russa, para sua preparação. Quando Parreira soube, conversou com ele para que ele desse informações do adversário. Kleiton entregou vários relatórios e acabou influenciando na vitória brasileira sobre os russos, por 2 a 0, na estreia da Copa que daria o tetracampeonato.
“Foi algo inusitado na minha vida. Acabei recebendo este convite para ser um espião brasileiro, trazendo todas as informações de como a equipe russa jogaria, qual era o estilo tático, o que eles estavam preparando para surpreender o Brasil, como eram as jogadas ensaiadas de bola parada. E, sem dúvida, isso marcou muito a minha carreira”, recordou.
Agora no papel de treinador, Kleiton Lima explica como desenvolveu a carreira até chegar ao Chicago Soccer Explorer. “No futebol feminino, acabei tendo muito mais conhecimento das partes física, emocional, psicológica, de gerir grupos. Isso foi mais uma faculdade, uma pós-graduação, no sentido de me sentir mais preparado para ser treinador masculino”, disse o profissional, que iniciou o projeto das Sereias da Vila e chegou à Seleção.
O técnico revelou que cumpriu um ciclo no futebol feminino. Seu trabalho trouxe bons resultados e, em 2011, foi condecorado com a Ordem do Mérito da Defesa, pela presidenta Dilma Rousseff. Em quatro anos no comando do Brasil, perdeu apenas um jogo. Conquistou o bicampeonato sul-americano, a Copa América, o vice-campeonato no Pan-Americano e acabou eliminado nas quartas de final da Copa do Mundo, pelos Estados Unidos, favoritas ao título. Nas Sereias da Vila, ganhou todos os títulos possíveis, inclusive duas Libertadores.
Após esse período, ele comandou o time da base do Peixe de 2015 a 2018. “Foram muitos frutos nesses três anos, que o time sub 23 do Santos acabou dando. Quem fez sucesso dentro do próprio clube foi o Lucas Veríssimo, que teve a transição, o Vitor Bueno, o (Diego) Pituca, agora, esses são três nomes que tiveram um protagonismo no time de cima do Santos e que foram marcantes para o projeto do Santos B”, revelou.
É exatamente com esse intuito que Kleiton foi contratado para o time sub 23 do Chicago Soccer Explorer. Por ter um bom relacionamento com membros da US Soccer, ele sempre foi convidado para dar palestras nos Estados Unidos. Foi assim que conheceu membros da diretoria do Chicago e a negociação desenrolou. O objetivo no novo time é fazer um trabalho parecido com o do Santos B, preparando os atletas para o time principal.
*Especial para Gazeta Esportiva