Anistia Internacional exige da Fifa indenização de US$ 440 milhões para trabalhadores migrantes no Catar - Gazeta Esportiva
Anistia Internacional exige da Fifa indenização de US$ 440 milhões para trabalhadores migrantes no Catar

Anistia Internacional exige da Fifa indenização de US$ 440 milhões para trabalhadores migrantes no Catar

Gazeta Esportiva

Por AFP

19/05/2022 às 08:42

São Paulo, SP

A Anistia Internacional (AI) pediu nesta quinta-feira à Fifa que pague uma indenização de pelo menos US$ 440 milhões aos trabalhadores migrantes que sofreram abusos no Catar, país anfitrião da Copa do Mundo de 2022.

O pedido, apoiado por outras organizações de direitos humanos e grupos de torcedores, veio após reclamações de que a Fifa demorou demais para proteger os trabalhadores que chegaram ao país do Golfo para construir a infraestrutura antes do torneio, que começa no dia 21 de novembro.

"A Fifa deve alocar pelo menos US$ 440 milhões para reparar os danos sofridos por centenas de milhares de trabalhadores migrantes que foram vítimas de violações de direitos humanos no Catar durante os preparativos para a Copa do Mundo de 2022", disse a AI em um comunicado.

A entidade com sede em Londres fez um apelo ao presidente da Fifa, Gianni Infantino, no sentido de "trabalhar com o Catar para estabelecer um programa de reparação".

A Anistia Internacional alegou que desde 2010 houve uma "litania de abusos", quando a Fifa concedeu ao Catar a sede da Copa do Mundo de 2022 "sem pedir melhorias em suas práticas trabalhistas".

"Dado o histórico de abusos dos direitos humanos no país, a Fifa sabia - ou deveria saber - dos riscos óbvios para os trabalhadores quando concedeu o torneio ao Catar", disse Agnes Callamard, secretária-geral da Anistia.

Acrescentou que persistem alguns abusos e considerou que US$ 440 milhões é o "mínimo necessário" para cobrir os pedidos de indenização. A soma é próxima ao total de prêmios que a Copa do Mundo vai conceder.

Questionada sobre o assunto, a Fifa disse que está "avaliando o programa proposto pela Anistia", observando que "envolve uma ampla gama de infraestrutura pública que não é da Fifa ou específica da Copa do Mundo".

O Catar garante que "trabalhou incansavelmente" com grupos internacionais pelos direitos dos trabalhadores nos estádios e outros projetos para o torneio.

Mas muitas das críticas foram direcionadas à construção fora do torneio oficial, onde centenas de trabalhadores morreram na última década.

"Melhorias importantes foram feitas nas condições de acomodação, regulamentos de saúde e segurança, mecanismos de reclamação e compensação por recrutamentos ilegais", disse um porta-voz do Comitê Supremo de Entrega e Legado, o organizador local do torneio.

A Anistia saudou as iniciativas da Fifa e do Catar para melhorar os canteiros de obras da Copa do Mundo e as reformas trabalhistas adotadas desde 2014.

Em 2017, o Catar adotou o salário mínimo, reduziu as horas que podem ser trabalhadas em calor extremo e aboliu os regulamentos que limitavam a mobilidade dos trabalhadores. Operários estrangeiros, especialmente do sul da Ásia, representam mais de dois milhões da população catari de 2,8 milhões.

A Anistia destacou que os 440 milhões representam uma "pequena fração" dos 6 bilhões de dólares que a Fifa deverá receber nos próximos quatro anos, em grande parte da Copa do Mundo.

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