Depois de receber a Argélia na Copa, Atlético Sorocaba se prepara para A2 - Gazeta Esportiva
Depois de receber a Argélia na Copa, Atlético Sorocaba se prepara para A2

Depois de receber a Argélia na Copa, Atlético Sorocaba se prepara para A2

Gazeta Esportiva

Por Olga Bagatini, especial para a GE.net

30/01/2015 às 22:29

São Paulo, SP


Fundado em 1991, o Atlético Sorocaba é um clube relativamente novo. Nos primeiros anos após sua fundação, o Galo se manteve na A3 por várias temporadas, mas a situação começou a mudar em 2000, quando a equipe foi adquirida pela Igreja da Unificação, instituição sul-coreana liderada pelo Reverendo Moon. O próprio Reverendo auxiliou na implantação de uma nova diretoria com objetivo de reestruturar o time e deixa-lo mais competitivo. Além disso, com recursos da Unificação, o Atlético não dependeria de patrocinadores.


Os efeitos da nova administração foram praticamente imediatos. No ano seguinte, Atlético já conquistava o esperado acesso à A2, além de ter uma boa participação na Copa São Paulo de Juniores, quando goleou o Internacional por 4 a 1. Em 2002, o Galo foi bem na Série C do Campeonato Brasileiro e se classificou para a terceira fase, mas foi eliminado pelo Marília. Com a base da terceira divisão nacional, o clube finalmente conquistou o acesso inédito à elite estadual em 2003.


Depois de passar uma temporada na A1, o time do interior paulista voltou a cair e só conseguiu repetir o feito em 2012, após uma vitória polêmica contra a União Barbarense, envolvendo gol de pênalti dos sorocabanos aos 54 minutos do segundo tempo e quatro expulsões. No entanto, com a morte do Reverendo Moon em setembro de 2012, houve uma mudança na relação da Igreja com o clube e a Unificação anunciou corte de recursos.


Vendo que o clube teria que se virar sozinho, a diretoria optou por investir na infraestrutura para tornar viável a autossuficiência do Galo. O Atlético Sorocaba reformou todo o seu Centro de Treinamento em Sorocaba, onde construiu um hotel em seus domínios para receber a seleção da Argélia na Copa do Mundo. A equipe ainda disputou a primeira divisão do Paulista em 2014, mas a preocupação em fortalecer a estrutura física do time tirou temporariamente o foco do futebol e o Galo acabou rebaixado novamente após uma derrota para o Corinthians no Pacaembu.


É válido notar que a Argélia foi uma das seleções que mais deu trabalho para a tetracampeã Alemanha no Mundial: nas oitavas de final no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, os africanos pressionaram durante toda a partida, e após empate sem gols no tempo regular, os alemães conseguiram o triunfo por 2 a 1 na prorrogação para dar continuidade à campanha que levou ao título. Terminado o Mundial, acabou também a preocupação em deixar tudo pronto no padrão exigido pela FIFA, e agora o Atlético volta a focar em mais uma temporada na A2 e na busca pelo quarto acesso. A estreia será diante do São Caetano, neste sábado, às 16h (de Brasília), no Estádio Anacleto Campanella. 


Gazeta Esportiva.Net conversou com Waldir Cipriani, que esteve no cargo de vice-presidente de futebol do Atlético de 2000 até o ano passado e presenciou as etapas da evolução do clube. Cipriani falou sobre a preparação para a disputa da A2, das expectativas para a temporada, do trabalho realizado para receber a Argélia e do corte de recursos da Unificação. 


O Atlético disputou as duas últimas edições da primeira divisão do Campeonato Paulista, mas foi rebaixado. A diretoria e a comissão técnica fizeram algo de especial na preparação pra buscar o retorno à elite? Como foi a pré-temporada?


Durante a Copa Paulista de 2014, procuramos estabelecer uma base, ou seja, criamos uma “espinha dorsal” para a Série A2 deste ano. Nossa pré-temporada começou em dezembro do ano passado, quando buscamos os atletas em posições carentes e a comissão técnica fez toda a preparação física antes do Natal e na primeira semana deste ano para deixar os atletas em condições de iniciar os trabalhos técnicos e táticos. Foram realizados vários amistosos com times das Séries A1, como o Ituano e Capivariano, e A3, como a Juventus da capital e o Primavera de Indaiatuba.


Buscando voltar à elite do Campeonato Paulista, elenco do Galo se prepara para disputa da A2
Buscando voltar à elite do Campeonato Paulista, elenco do Galo se prepara para disputa da A2 - Credito: Divulgação


Quais as expectativas para a disputa da A2?


Não somos favoritos, mas acreditamos na realização de um bom campeonato. Vamos brigar jogo a jogo pelas vitórias, buscando sempre o acesso.


O formato da competição foi mantido pela Federação Paulista de Futebol (FPF). Serão apenas 19 partidas para que a equipe consiga o retorno à elite do Paulista. Já que o Atlético irá fazer apenas dez jogos em casa, há alguma campanha de marketing para que o torcedor possa apoiar o time durante o torneio?


Pelo ranking da A2, somos o terceiro clube, e os dez primeiros realizarão dez partidas em casa e nove fora, como visitante. Infelizmente o Clube Atlético Sorocaba (CAS), por ser jovem, ainda não tem uma grande torcida. Mas há várias torcidas uniformizadas, assíduas, que apoiam o time. Procuramos colocar nossos jogos em horários que não conflitam com os jogos de TV aberta dos quatro grandes times de São Paulo.


Quais foram os principais reforços para esta temporada? E as principais baixas?


Como já tínhamos uma base, procuramos buscar montar um segundo time à altura do primeiro. Os principais reforços vieram nas laterais esquerda e direita e o Elielton que se encaixou bem no setor defensivo. Perdemos o atleta Bismark, um excelente articulador de meio de campo, que saiu por ter recebido uma proposta financeira melhor. Apenas três atletas que compõem o elenco vieram de nossas categorias de base.


Ônibus da Argélia em frente ao hotel construído pelo Atlético para receber a seleção durante a Copa do Mundo
Ônibus da Argélia em frente ao hotel construído pelo Atlético para receber a seleção durante a Copa do Mundo - Credito: Divulgação


O Atlético se dedicou às reformas no Centro de Treinamento e à construção de mais um hotel para receber a seleção da Argélia na Copa do Mundo, bem no ano em que acabou sendo rebaixado. O clube deu preferência aos investimentos na infraestrutura, colocando o futebol em segundo plano? Foi proposital? O que o clube tem a ganhar com isso a longo prazo?


A pergunta é bem complexa. Ninguém que é profissional deseja perder um jogo e muito menos ser rebaixado em um campeonato. Contudo, o fato de estar bem no momento da preparação de um segundo hotel, que seria o hotel que a seleção da Argélia utilizaria durante a Copa do Mundo da FIFA, e considerando que o primeiro hotel, que hospedava o nosso time da Série A1, estava localizado próximo ao novo hotel em fase de acabamento, isso acabou, sim, influenciando na concentração e no rendimento do time na competição. O rebaixamento nos trouxe um grande prejuízo, mas por outro lado possuímos uma estrutura, e com boa organização e união podemos retornar à Serie A1 outra vez.


Como foi receber uma seleção na Copa do Mundo? O que isso agrega ao Atlético?


Nós fazíamos parte das brochuras da FIFA desde 2012, mas é a própria seleção que decide aonde vai. Recebemos um total de dez representantes de seleções e a Argélia, que foi a última, acabou escolhendo Sorocaba, tendo como base nosso CT. Em um megaevento como a Copa do Mundo, não se joga somente futebol. O Embaixador da Argélia visitou Sorocaba diversas vezes, antes mesmo que a equipe decidisse por Sorocaba. O envolvimento da mídia de modo geral foi muito grande. Um grupo artístico da Argélia fez um show na cidade, estudantes de várias escolas apresentaram temas ligados à Argélia, como comida, dança, etc. Houve também rodadas de negócios entre as partes.


Elenco da Argélia se une a diretoria do Atlético de Sorocaba em frente ao hotel no Centro de Treinamento
Elenco da Argélia se une a diretoria do Atlético de Sorocaba em frente ao hotel no Centro de Treinamento - Credito: Divulgação


Como é o patrocínio do Galo atualmente? Com o falecimento do Reverendo Moon, houve mudanças na relação com a Unificação? Ela continua investindo dinheiro no clube? Se não, como o clube está se virando?


Em 2013, a Unificação comunicou que a partir de janeiro de 2014, o futebol do CAS deveria “caminhar com suas próprias pernas”. E foi neste ponto que a diretoria entendeu que deveria utilizar o legado da Copa do Mundo para criar uma estrutura que pudesse criar receitas para o CAS e para o time. Mas o clube tem feito parcerias, permutas com empresas de alimentos, parceiros no profissional e na base e detém direitos econômicos com atletas, como o Luan no Atlético-MG e Bruninho no Flamengo. Acreditamos que, com a nova regulamentação da FIFA, tirando gradativamente a figura do empresário na participação em direitos econômicos de atletas, os clubes poderão se tornar mais fortes nos próximos anos.


O Atlético é um clube relativamente novo, e nos últimos anos, o trabalho da diretoria o levou a uma posição de visibilidade no cenário nacional. Quais são os objetivos do clube para os próximos anos?


Neste momento, o Atlético Sorocaba está se reorganizado em todos os sentidos: conviver sem o principal patrono que é o Reverendo Moon, regressar à elite do Paulista e melhorar o trabalho da base. Porém, nosso objetivo principal é buscar autossuficiência financeira, retornar à Série A1 e buscar o Campeonato Brasileiro da Série D, e com isso ter um calendário anual adequado.


Seleção da Argélia realiza treino no CT do Atlético de Sorocaba durante Copa do Mundo
Seleção da Argélia realiza treino no CT do Atlético de Sorocaba durante Copa do Mundo - Credito: Divulgação

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