COI abre portas para retorno de russos, mas não define posição sobre Jogos de Paris 2024 - Gazeta Esportiva
COI abre portas para retorno de russos, mas não define posição sobre Jogos de Paris 2024

COI abre portas para retorno de russos, mas não define posição sobre Jogos de Paris 2024

Gazeta Esportiva

Por AFP

28/03/2023 às 14:45

São Paulo, SP

Um retorno limitado, reversível e já polêmico. O Comitê Olímpico Internacional (COI) recomendou nesta terça-feira a reintegração de atletas russos e bielorrussos às competições internacionais, sob bandeira neutra e "a caráter individual", mas decidirá "no momento apropriado" sobre sua presença nos Jogos de Paris 2024.

Assim decidiu o presidente do COI, Thomas Bach, em uma entrevista coletiva, num momento em que Ucrânia, Polônia e os países bálticos ameaçam boicotar os Jogos caso seja permitida a participação russa.

"Dia de vergonha"

Pressionado há semanas para esclarecer sua posição, o COI tinha anunciado em dezembro que iria "explorar meios" para reintegrar russos e bielorrussos, após ter recomendado sua exclusão no final de fevereiro de 2022 por conta da invasão à Ucrânia por parte do exército da Rússia, com o apoio de Belarus.

O Comitê, após quatro meses de reuniões, escolheu deixar para as federações internacionais e os organizadores das competições a responsabilidade de convidar ou não atletas desses países, limitando-se apenas a dar "recomendações" para "harmonizar suas decisões".

Desta forma, fica sugerido manter a exclusão de todas as equipes russas e bielorrussas e limitar o retorno às competições de atletas "portadores de passaporte russo ou bielorrusso", que poderão participar apenas a caráter "individual", sob bandeira neutra, desde que "não tenham apoiado efetivamente a guerra na Ucrânia" e que não tenham contrato com o exército russo ou os serviços de segurança.

Acima de tudo, o COI só recomenda o retorno "com a condição de que possa ser revogada pela federação internacional em questão".

Com as etapas de classificação para os Jogos de 2024 já iniciadas em algumas modalidades, o COI, em troca, "não abordou" até esta terça-feira a questão da participação russa e bielorrussa, que pode ser controversa, levando em conta as ameaças de boicote.

O Comitê decidirá "no momento apropriado, sem nenhuma relação com os resultados de competições classificatórias aos Jogos", anunciou Bach.

A ministra dos Esportes da Alemanha, Nancy Faeser, foi a primeira a reagir, denunciando que a recomendação do COI é "um tapa na cara dos atletas ucranianos".

"O esporte internacional deve condenar com toda clareza a guerra de agressão brutal travada pela Rússia. Isto só pode ser feito excluindo completamente os atletas russos e bielorrussos", expressou Faeser em um comunicado.

Já o governo da Polônia foi mais longe, ao afirmar que era "um dia de vergonha para o COI".

"Algo de positivo aconteceu do lado da Rússia para que seus atletas participem das competições? Desde Bucha, Irpin, Hostomel! Desde os bombardeios diários a áreas civis! É um dia de vergonha para o COI", escreveu no Twitter o vice-ministro das Relações Exteriores da Polônia, Piotr Wawzyk.



Esgrima sob pressão

Para Bach, a participação de russos e bielorrussos no circuito profissional de tênis e no ciclismo mostra que a medida "já funciona", inclusive quando esses atletas devem enfrentar adversários ucranianos.

O dirigente alemão se baseia em dois princípios: "a rejeição a toda interferência política no esporte" e a "não discriminação dos atletas", o que impede o COI de excluir russos e bielorrussos apenas pelo seu passaporte.

Sem uma opinião muito clara nas últimas semanas, as federações internacionais começaram a se posicionar. Na última quinta-feira, a World Athletics confirmou a exclusão "no futuro próximo" de atletas desses países, quando as provas de classificação para os Jogos já estão em andamento.

Já a esgrima se tornou no dia 10 de março o primeiro esporte olímpico a reintegrá-los, a partir de abril e no início das competições classificatórias, "sob ressalva de possíveis recomendações e decisões do COI".

As primeiras reações já evidenciaram as dificuldades a superar. Na última quinta-feira, a Federação Alemã de Esgrima desistiu de organizar uma etapa da Copa do Mundo de florete feminino, prevista para maio na cidade de Tauberbischofsheim, considerando que ainda havia "muitas questões abertas".

Dois dias depois, a Federação Ucraniana anunciou que vai boicotar todas as competições que tiverem a participação de russos e bielorrussos, uma ameaça que se torna cada vez mais forte faltando pouco mais de um ano para os Jogos Olímpicos de Paris 2024.

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