777 Partners, fundo que saiu do controle do Vasco, gera polêmicas no futebol - Gazeta Esportiva
777 Partners, fundo que saiu do controle do Vasco, gera polêmicas no futebol

777 Partners, fundo que saiu do controle do Vasco, gera polêmicas no futebol

Gazeta Esportiva

Por AFP

17/05/2024 às 11:09 • Atualizado: 17/05/2024 às 11:14

São Paulo, SP

Acusado de falta de transparência sobre seus projetos e do status de suas finanças, a ponto de irritar dirigentes dos clubes nos quais investiu, o fundo de investimentos americano 777 Partners suscita polêmicas e uma vigilância especial por parte das autoridades do futebol.

Na quarta-feira (15), a 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro afastou o grupo americano do controle da SAF do Vasco, que voltou para o clube associativo.

O time carioca manifestou suas "preocupações sobre a capacidade financeira" da sócia majoritária e solicitou a recuperação do controle para evitar que o fundo transferisse suas ações para outras "entidades externas".

O grupo comprou o controle de 70% da SAF do Vasco em setembro de 2022 por cerca de R$ 700 milhões, com a promessa de acabar com as dívidas do clube e investir no futebol. Mas as relações entre ambos são conturbadas há meses.



No campo esportivo, os maus resultados da equipe, que se salvou do rebaixamento para a Série B na última rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado, e o início de temporada aquém do esperado provocaram protestos da torcida vascaína.

A 777 Partners assumiu clubes em diversos países: na Alemanha, com o Hertha Berlim, na Itália, com o Genoa, na Bélgica, através do Liège, e na França, com o Red Star.

Também houve um caso de resistência no clube belga. Em 10 de maio, torcedores impediram a entrada dos jogadores no estádio para a partida em casa válida pelo Campeonato Belga. O jogo não ocorreu.

Dois dias antes, o Liège anunciou que estava temporariamente proibido de assinar pela federação do seu país "por não poder fornecer todos os comprovantes de pagamentos solicitados nos prazos devidos".

O diretor do Liège, Pierre Locht, tentou tranquilizar a situação, afirmando que o clube "não está à beira da falência". Contudo, o dirigente e outro administrador renunciaram ao cargo "para não serem cúmplices da 777", revelou o jornal Le Soir na quinta-feira.

O fundo 777 também tem participações minoritárias no Sevilha e no Melbourne Victory.



"Esquema Ponzi"

As dívidas crescentes sobre a solvência da empresa dispararam com a recente revelação na imprensa internacional sobre processos judiciais contra a mesma nos Estados Unidos.

Um deles datado do início de maio, pelo empréstimo de US$ 350 milhões (quase R$ 1,6 bilhão na cotação atual) apoiado por garantias financeiras "inexistentes", segundo o gestor de ativos britânico Leadenhall Capital Partners.

O denunciante acusa o fundo de comportamento fraudulento comparável a um "Esquema Ponzi", ou seja, fazer compras de ativos endividando-se antes de usar os mesmos como garantia para comprar outros.

Segundo a empresa britânica, era assim que o fundo americano pretendia comprar o Everton. O projeto de aquisição havia sido anunciado em setembro de 2023, mas foi barrado no sistema de supervisão das autoridades do Reino Unido sobre a solvência do comprador.

"É curioso que um fundo como este, que investe em absolutamente tudo, desde companhias aéreas a seguradoras, queira estar presente no futebol sem concorrência para isso", diz o cientista político belga Jean-Michel De Waele, que também é sociólogo do esporte na Universidade Livre de Bruxelas.

Conteúdo Patrocinado