Dinâmico, com líbero e promissor: O São Paulo de Rogério Ceni - Gazeta Esportiva
Dinâmico, com líbero e promissor: O São Paulo de Rogério Ceni

Dinâmico, com líbero e promissor: O São Paulo de Rogério Ceni

Gazeta Esportiva

Por Tiago Salazar

20/01/2017 às 08:00 • Atualizado: 20/01/2017 às 16:43

São Paulo, SP

Dia 11 de dezembro de 2015, Rogério Ceni fez seu último jogo como goleiro do São Paulo Futebol Clube em uma grande festa de despedida no estádio do Morumbi. Foram 1.237 jogos, 131 gols e 18 títulos com a camisa do São Paulo. Agora, a nova data histórica nessa relação entre ídolo e clube é o dia 19 de janeiro de 2017, quando Rogério Ceni entrou pela primeira para dirigir o time do São Paulo. E a nova fase na carreira do Mito, como gostam de chamar os tricolores, começou bem. Nem tanto pela classificação à final da Copa Flórida, mas muito pelo o que a equipe apresentou depois de apenas 15 sessões de treinos com a recém formada comissão técnica.

Rogério Ceni, ainda não tão à vontade à beira do campo, apesar de demonstrar muita convicção no que está trabalhando, se mostrou um treinador ao estilo ‘joga junto’, orientador, que fica em pé a maior parte do tempo, mas sem deixar de ser ponderado. De sapato, calça social e camisa para dentro, o ex-goleiro deixou uma boa impressão do que pode fazer ao longo da temporada.

O São Paulo iniciou a partida no Estádio Al Lang, do Tampa Bay Rowdies, em St. Pettesburgh, para enfrentar o River Plate, com o que tem de melhor para o momento. Os escolhidos foram: Denis, Bruno, Maicon, Rodrigo Caio, Breno, Buffarini, Thiago Mendes, Cueva, Luiz Araújo, Wellington Nem e Andres Chavez. A tendência é que Cícero ganhe espaço entre os titulares, mas o meio-campista ainda corre para aprimorar a forma física. Já a braçadeira de capitão segue com Maicon, por enquanto.

Nesse primeiro teste, Rogério Ceni voltou a escalar três zagueiros, mas a novidade é a variação tática constante, de acordo com o que o jogo apresenta. Rodrigo Caio é uma espécie de libero, com a responsabilidade de fazer a transição entre a defesa e o ataque. O jogador se postou poucas as vezes alinhado com Maicon e Breno nesta quinta. Por causa da movimentação do camisa 3, o São Paulo ia do 3-4-3 ao 4-3-3 automaticamente. Na hora de se fechar, até jogadores mais abertos recompunham para formar uma linha de cinco atletas atrás.

Ficou claro que, mesmo com uma situação bem definida para cada atleta dentro de campo, os atletas agora têm liberdade e até o dever de buscar os espaços e trabalhar em mais de uma função. Fruto da exigência por toques rápidos, curtos, forçando as triangulações. Sem a bola, a equipe faz marcação alta para forçar o erro. A cada escanteio, a jogada ensaiada faz com que a bola seja alçada à área após três passes e um recuo pela lateral.




Ainda é cedo para qualquer tipo de análise mais profunda, mas, tudo isso funcionou e ficou fácil de ser visto no empate sem gols contra o River Plate, nesta quinta. Aliás, faltou o gol, é claro, mas toda a estratégia montada por Rogério Ceni fez o São Paulo superior ao adversário e criar uma dezena de oportunidades claras de gol. A pontaria ruim claramente precisa ser corrigida, principalmente porque foi um defeito recorrente em 2016, mas passa batido nesse momento de pré-temporada e ajustes. Sem contar que esse peso recai mais sobre os próprios jogadores e não tanto em cima do técnico.

É verdade que na segunda etapa nada disso mais foi visto em campo. O São Paulo encontrou dificuldades, perdeu a criatividade e a eficiência na marcação, e foi pressionado. Mas, não há como não relacionar isso ao fato de Ceni ter promovido 13 substituições, mudado a postura do time em campo e a média de idade da equipe ter despencado com tantos jovens, que até o fim do ano passado disputavam partidas apenas pela categoria Sub-20.

“Que fique como parâmetro para a gente mesmo esse primeiro tempo. O torcedor ficou feliz, mas, mais do que eles, eu, o Michael (Beale, auxiliar), o pessoal de apoio, que faz a montagem de campo... É um presente que eles (jogadores) dão para a gente, um feedback positivo. Só tenho a agradecer. Não tive um problema disciplinar, não tive um atraso, todos treinando na maior boa vontade, feliz de ver o Breno voltando a jogar depois de tanto tempo, Shaylon e Araruna com personalidade para bater os pênaltis, Foguete jogando 35 minutos na lateral direita, o valor que a gente dá a esses meninos. Você tem a inclusão social desses meninos. Tudo isso me deixa muito feliz, mas, repito, foi apenas um jogo”, comentou o agora treinador.

Outro ponto importante a destacar na estreia de Rogério Ceni como técnico do São Paulo é o fato de que muitos jogadores recém promovidos ao grupo principal foram incumbidos de bater pênaltis na disputa contra os argentinos. Com muita personalidade, João Schmidt, Shaylon, Júnior, Araruna e Lucão colaboraram para a vitória por 8 a 7. Questionado se teve receio pelos garotos, Ceni foi categórico.

“Não, porque eu conhecia eles. Fiquei 15 dias vendo eles treinarem, assisti a cinco jogos. Eu tinha convicção quando escolhi. Podia ter trazido muito mais, mas, não tenho condição de dar atenção devida a todos eles se eu tiver um elenco com 30 e poucos jogadores. Eu não estou preparado para trabalhar com um elenco tão grande. Pode ser que seja um elenco ainda muito curto, mas, nesse momento, acho que todos estão tendo a mesma atenção, desde o Lugano ao Shaylon”, explicou a nova esperança de dias melhores para a torcida tricolor.

Neste sábado, em Orlando, Rogério Ceni e o São Paulo têm um novo teste. Dessa vez um pouco mais forte. O clássico contra o arquirrival Corinthians valerá a taça da Copa Flórida, que apesar de ser um torneio de pré-temporada, já basta para colocar pressão sobre o sempre tão visado ídolo são-paulino. É esperar para ver, mas, se a primeira impressão é a que fica, Rogério Ceni já foi aprovado.

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