O treinador foi anunciado pelo Alvinegro Praiano em abril daquele ano, quando a equipe vivia momento difícil na fase de grupos da competição continental. Com o novo comandante estreando na penúltima rodada, o Santos conseguiu a classificação para o mata-mata e passou por América-MEX, Once Caldas-COL, Cerro Porteño-PAR e Peñarol-URU para ficar com o troféu.
"Eu me lembro até hoje do dia em que ele chegou. No dia em que ele foi apresentado, nós íamos jogar contra o Colo-Colo, e ele só entrou e deu boa sorte. No outro dia, ele fez uma reunião e falou: 'Olha, nosso time com a bola no pé é um fenômeno. Só que quando eu venho jogar contra o Santos na Vila, sei que posso ganhar porque vocês não gostam de marcar, não gostam de correr atrás'. E foi essa a linha do discurso que ele adotou com a gente", contou Rafael.
"Eu, que sou goleiro, adorei (risos). Mas eu sinto que isso bateu para todo mundo. Esse cara era o melhor treinador do Brasil na época, vinha de anos vitoriosos com São Paulo e Fluminense. Quando ele fala isso, meio que entra na cabeça de todo mundo. O cara fala que vem aqui na Vila achando que vai ganhar porque não gostamos de marcar, isso mexe com a gente. Ele foi muito inteligente logo na primeira reunião e colocou aquilo que a gente precisava", acrescentou o goleiro.
Zé Eduardo relembrou que, mesmo sendo centroavante, o treinador o colocou para exercer um papel defensivo, com o intuito de que Neymar tivesse liberdade para atuar e decidir.
"Eu tinha um jeito de jogar antes do Muricy e com ele foi totalmente diferente. Justamente isso que o Rafael falou. Na primeira reunião, ele falou da importância do time com a bola no pé, mas falou que a gente tomava muito gol. E acabou sobrando para mim bastante coisa (risos). Com um ou dois dias de treino, o Muricy falou: 'Você é meu centroavante, tem que fazer gol, mas comigo você vai ter uma função diferente. Quero que você marque os dois zagueiros e o volante. Se mata e deixa o Neymar jogar'", disse.
O atacante ainda falou sobre o apoio dado por Muricy enquanto passava por uma seca de gols. Zé Love ficou 15 partidas sem marcar antes de balançar as redes no empate em 3 a 3 contra o Cerro Porteño, que garantiu a classificação do Santos para a decisão.
"O Muricy foi a figura mais importante para mim porque a imprensa martelava, falava que eu não estava fazendo gols, e ele me chamava de canto e dizia: 'Eu não vou tirar você, você tem um papel fundamental, está fazendo a função que te pedi e estamos ganhando, independentemente de você não fazer gol'. A chegada dele foi fundamental para esse título", completou.