Executivo fala de demissão no Santos: "Tranquilo, mas frustrado" - Gazeta Esportiva
Executivo fala de demissão no Santos: "Tranquilo, mas frustrado"

Executivo fala de demissão no Santos: "Tranquilo, mas frustrado"

Gazeta Esportiva

Por Redação

21/02/2018 às 12:10 • Atualizado: 21/02/2018 às 15:09

Santos, SP

Gustavo Vieira deixa o Santos (Ivan Storti)


Demitido pelo Santos nesta terça-feira, o executivo de futebol Gustavo Vieira concedeu entrevista à Espn para comentar a saída do clube. O profissional fugiu de polêmicas, mas, em discurso ameno, explicou parte dos problemas vividos no Peixe. O discurso vai ao encontro dos bastidores da demissão publicados pela Gazeta Esportiva.

"É frustrante e decepcionante. Todo o trabalho inicia-se esperançoso. Futebol tem que ser sempre 100%, intenso, pleno. Se em algum momento não se encontra esses elementos, diminui-se o impeto de todo o projeto. Quando começam a surgir notícias, algumas não verdadeiras saindo de dentro de clube, o trabalho se desgasta. Foi feito o possível nesse tempo. Trabalhamos com a maior gana pelo bem do Santos, com participação direta de novos profissionais. Minha consciência está tranquila e um pouco frustrado, claro", disse Gustavo Vieira à emissora.

Um dos motivos da decisão do alvinegro foi a demora de Gustavo em contratações. Um dos casos foi a de Lucas Zelarayán, do Tigres-MEX, que tinha negociações avançadas, mas não chegou. O ex-executivo explica a situação.

"Quando estamos trabalhando, temos que segurar informações estratégicas. Agora, sem revelar nada desconfortável, fico mais tranquilo. Zelarayán é um assunto sabido. Muitos clubes procuram camisa 10 e centroavante. E eu venho pessoalmente acompanhando o Lucas há um ano e meio. Negociei com o Tigres pelo Cueva e via o Zelarayán. Lucas foi uma invenção que eu tive para suprir uma carência de mercado. Foi processo difícil, especialmente quando não se tem noção do orçamento do departamento. A própria gestão tem dificuldade de encontrar. Sem essa informação, não temos total controle. Surgiram outros clubes sul-americanos no meio do caminho, River (Plate) fez proposta maior. Houve 'n' fatores que fogem ao controle que colocam dificuldades ao longo do caminho. Caberia a nós ter controle do orçamento e potencial de investimento. E eram muito restritas. E a negociação foi frustrada", explanou.

Gustavo afirmou que o poder de decisão no Santos deixava a desejar. O clube ouviria muitos profissionais e dificultaria os processos do departamento de futebol.

"Tudo que se deseja é paciência no início de trabalho. Entendemos processos políticos. Entre eles, passa a ter um certo assentamento e disputa de poder, cobiça pelo espaço, e isso gera certos distúrbios no ambiente. Pessoas sem protagonismo passam a ter uma força política que não foi mencionada antes. Outros, que se pensavam protagonistas, podem se enfraquecer. Enfim... Isso traz desafios para tatear e saber a linha de comando. E é preciso ter essa linha forte no futebol para se ver respeitado no ambiente interno e externo. A partir do momento em que se emite uma decisão, é preciso ser desencadeada estrategicamente. Tudo isso, em começo de trabalho, é desafiador. Quando a interlocução está poluída, com decisões recuadas depois, prejudica o processo-se e caminha-se para um lugar que não é bom", explicou.

Um dos desafios, na versão de Gustavo, era esperar pelas decisões do presidente José Carlos Peres e do vice-presidente Orlando Rollo. Os mandatários ouvem os outros sete membros do Comitê de Gestão, além de um advogado e um empresário fora do departamento de futebol, como a Gazeta Esportiva publicou.

"Meu dia a dia era direto com o presidente. E ele dialoga com essas pessoas que lhe interessam. Todo esse processo gera morosidade. Mais pessoas, mais debate, em um período difícil de necessidade de contratações e Libertadores próxima", concluiu.

Sem Gustavo Vieira, o gerente William Machado assumirá o comando do departamento de futebol e as negociações serão conduzidas pelo presidente e vice, com aval do Comitê de Gestão.


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