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Como foi o trabalho de Luís Castro, alvo do Santos, na base do Porto? Jornalista português explica

Gazeta Esportiva

Por André da Silva Costa

São Paulo, SP
O Santos já definiu um alvo para assumir o comando do time a partir de 2025. Sem Fábio Carille, demitido na última segunda-feira, o clube mira a contratação do português Luís Castro, de 63 anos.

A diretoria do Peixe enxerga no treinador o perfil adequado para comandar a equipe nos próximos anos. Além de um modelo de jogo vertical, com ideias mais ofensivas, ele é visto como um técnico moderno, de vasto repertório tático e facilidade para trabalhar com jovens, uma das prioridades da gestão de Marcelo Teixeira.

Castro não só é acostumado a trabalhar com garotos, como já comandou toda a base do Porto, um dos maiores times de Portugal. A Gazeta Esportiva entrevistou André Monteiro, do jornal Record, para entender como foi o trabalho.

Em meados de 2006, ele estava à frente do Penafiel, que na época disputava a Primeira Divisão, quando o Porto fez o convite para que ele assumisse as divisões de base do clube. Luís Castro possuía pouca experiência, pois só havia tido a oportunidade de comandar equipes inferiores, mas topou o desafio.

O profissional, então, passou a fazer parte do projeto Visão 611. O plano consistia em, num período de cinco anos, ou seja, em 2011, que o Porto levasse pelo menos seis jogadores formados pela base ao time principal. Na época, o clube não se caracterizava por ter muitos garotos entre os profissionais, e sim diversos estrangeiros.

A ideia era revolucionar completamente as categorias de base dos Dragões. O trabalho envolvia scout, treino, relação dos meninos com a escola, infraestrutura e recursos humanos. Neste processo, Luís era responsável por organizar as categorias, liderando processos e escolhendo profissionais, além de supervisioná-las.

"O Luís Castro era treinador principal, treinava na Segunda e na Terceira Divisão de Portugal. Até que um dia foi convidado pelo Porto para ser o coordenador de formação do clube. Ou seja, o diretor principal das categorias de base do Porto. Ele fez esse papel durante sete temporadas. Nesse papel, o que ele fazia era organizar toda a coordenação técnica, escolher os técnicos para cada categoria, organizar as questões de mercado, de captação de talentos e contratação dos jovens. Era um papel de coordenação e supervisão", explicou André Monteiro.

Luís Castro, porém, não estava sozinho nessa empreitada. O projeto, idealizado por Antero Henrique, também tinha dedos de Vítor Frade, contratado para elaborar a metodologia do trabalho.

O Visão 611 reunia aspectos à época revolucionários para o futebol português. Entre eles um documento responsável por orientar os atletas que se queriam no clube e o processo para fazê-los evoluir no treino e nos jogos. Basicamente, o objetivo era que o Porto tivesse conceitos de jogo facilmente detectáveis quando se via partidas de todas categorias, seja o sub-10 ou o profissional, construindo assim uma cultura futebolística no clube. Os 'miúdos' deviam ascender e evoluir para que, no futuro, se tornassem jogadores com o perfil do time.



O projeto, entretanto, não entregou os resultados esperados e se tornou alvo de críticas. Porém, mais de uma década depois, o Porto colheu os frutos. Na temporada 2021/22, o clube ergueu a taça de campeão português pela 30ª vez e, curiosamente, com quatro titulares formados no Visão 611: Diogo Costa, João Mário, Fábio Vieira e Vitinha. Aliás, os dois últimos foram vendidos a Arsenal e Paris Saint-Germain, respectivamente, e encheram os cofres do time. Ainda, havia outros atletas do projeto no elenco, como Bruno Costa, Sérgio Oliveira e Gonçalo Borges.

Luís Castro deixou o projeto para assumir o Porto B, que disputa a Segunda Divisão da liga portuguesa. Lá, o técnico também trabalhava com jovens em busca de espaço e atletas menos experientes. E conseguiu um feito inédito.

Ele conquistou o título da Segunda Liga, transformando assim o Porto no único clube de Portugal e ter uma equipe B campeã da Segunda Divisão nacional. O troféu veio em 2015/16.

"Depois de coordenar a base, ele regressa ao seu papel como treinador. Ele fica três ou quatro anos como treinador do Porto B. A equipe de reservas, digamos assim. Aqui em Portugal, esse time compete na Segunda Divisão. Na Primeira Liga há o Porto, o Benfica, Sporting, todos os times da Primeira Divisão. E o Porto B jogava no que seria a Série B do Brasil. E não pode subir. O Luís Castro, por exemplo, conseguiu que esse time B do Porto fosse campeão da Segunda Divisão, mas, como já há o Porto na Primeira Divisão, eles são campeões e não sobem. Mas foi esse o trabalho que ele [Luís Castro] fez em termos de formação no Porto", disse André Monteiro à Gazeta Esportiva.

Desde então, Luís Castro deixou as divisões de base e comandou apenas times profissionais. Ele passou por Rio Ave, Chaves e Vitória de Guimarães até chegar no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, seu primeiro clube fora de Portugal. Ele então foi para o Al-Duhail, do Catar, e de lá se transferiu ao Botafogo, onde, em sua segunda temporada na equipe, a alçou à liderança do Campeonato Brasileiro, perdido para o Palmeiras. Ele está livre no mercado desde sua demissão do Al-Nassr, da Arábia Saudita, time de Cristiano Ronaldo.



A procura do Santos por um técnico devem se intensificar nos próximos dias. Embora Fábio Carille tenha atingido os objetivos da temporada, a diretoria entendeu que não havia mais clima para a continuidade. O técnico foi vaiado pela torcida logo após a conquista do título da Série B, no último domingo, na Vila Viva Sorte.

Aliás, uma das principais críticas dos torcedores ao trabalho era a pouca utilização de garotos da base, os Meninos da Vila, que tornaram-se tradição no Santos.

Luís Castro, todavia, não é o único nome na pauta do Peixe para repor Carille. Outros técnicos, como Pedro Caixinha, Cuca e Renato Gaúcho também foram ventilados. Desejo antigo do clube, o argentino Jorge Sampaoli acertou sua ida ao Rennes, da França, e está descartado.

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