Após cinco anos, Inter vê ídolos do bi da América virarem carrascos - Gazeta Esportiva
Após cinco anos, Inter vê ídolos do bi da América virarem carrascos

Após cinco anos, Inter vê ídolos do bi da América virarem carrascos

Gazeta Esportiva

Por Olga Bagatini, especial para a GE.net

18/08/2015 às 12:24 • Atualizado: 18/08/2015 às 13:05

São Paulo, SP

Há cinco anos, o Sport Club Internacional erguia a taça da Copa Libertadores da América pela segunda vez. Sob o comando de Celso Roth, a equipe gaúcha abriu a decisão contra o Chivas Guadalajara com vitória por 2 a 1 longe de seus domínios e confirmou o título com um sofrido 3 a 2 no Beira-Rio. Os gols da virada no jogo de volta saíram pelos pés de Rafael Sóbis, Giuliano e Leandro Damião. Meia década depois, contudo, os atletas que se consagraram ídolos do bicampeonato vestem as camisas dos principais carrascos da má fase que atravessa o time de Porto Alegre.

Revelado pelo Inter e protagonista da primeira conquista da América em 2006, o gaúcho Sóbis virou um dos líderes do Tigres, mexicano que eliminou o Colorado na semifinal da Libertadores no mês passado e deu início à crise no clube.

O sistema de rodízio de Diego Aguirre, tão efetivo no início da temporada, nas disputas do Campeonato Gaúcho e da Libertadores, não teve o mesmo efeito no Campeonato Brasileiro, disputado simultaneamente com o mata-mata do torneio continental. O então comandante não escondia o fato de priorizar a busca do tri. "Ninguém gosta de ficar tão embaixo na tabela. Não abrimos mão do Brasileiro, apenas focamos na coisa mais importante que vem pela frente, que é a Libertadores", disse o uruguaio às vésperas do duelo decisivo com o Tigres.

Sóbis passou de herói do bicampeonato da América para algoz do tri com o Tigres (fotos: Alexandre Lops/Inter e AFP)
Em cinco anos, Sóbis passou de herói do bicampeonato para algoz do tri (fotos: Alexandre Lops/Inter e AFP)


Após a vitória sobre o Santa Fe nas quartas de final, o Inter teve quase 40 dias para se dedicar exclusivamente ao Brasileirão e à preparação para o jogo contra o time de Sóbis, pois a Libertadores foi paralisada para a realização da Copa América. Empolgada com a perspectiva de se tornar o clube brasileiro tricampeão no menor intervalo de tempo, a comissão técnica poupava os titulares apoiada por uma diretoria que tentava minimizar os resultados negativos chamando atenção para o torneio continental. O presidente Vitório Piffero chegou a declarar que havia "aberto mão" da Série A para focar exclusivamente na semifinal.

Todos os esforços não impediram a frustração de ser eliminado pelo antigo ídolo, que ainda desperdiçou um pênalti no jogo de volta em Monterrey. Sóbis só não faturou a terceira taça antes do Inter porque o Tigres foi derrotado pelo River Plate na decisão. E não foi a primeira que vez o ex-camisa 11 colorado esteve em uma formação que tirou o clube da Libertadores. O atacante pertencia ao Fluminense que despachou o Inter nas oitavas de final em 2012.

A derrota para os mexicanos fez com que a melancolia se abatesse sobre o vestiário colorado. Sem Nilmar e Aránguiz, vendidos a clubes europeus, as exibições seguintes à queda se limitaram a dois empates sem gols com Ponte Preta e Chapecoense. Sob a premissa de melhorar a atmosfera do time para buscar a reabilitação no Gre-Nal 407, a diretoria decidiu demitir Aguirre a três dias do clássico na Arena. Foi quando Giuliano, contratado pelo Grêmio no ano passado, apareceu para aumentar o tormento da torcida alvirrubra.

No fim do primeiro tempo, o meio-campista aproveitou uma falha da defesa e abriu o placar com um golaço de fora da área. Desestabilizado e comandado pelo auxiliar Odair Hellmann, o Inter viu os arquirrivais aumentaram a vantagem com dois de Luan, um de Fernandinho e um contra de Réver e cravarem a maior goleada tricolor dos últimos cem anos.

Meia década depois de fazer a festa dos colorados, Giuliano calou a torcida ao abrir o placar na goleada histórica no Gre-Nal 407 (fotos: AFP e Lucas Uebel/Grêmio)
Meia década depois de fazer a festa dos colorados, Giuliano calou a torcida ao abrir o placar na goleada histórica no Gre-Nal 407 (fotos: AFP e Lucas Uebel/Grêmio)


As únicas vezes em que a formação do Beira-Rio perdeu por diferença superior a cinco gols foram no início do século passado: 1909 (10 a 0), 1910 (5 a 0), 1911 (10 a 1) e 1912 (6 a 0). Desde então, a pior derrota havia sido em 1977, quando o Grêmio venceu um Inter todo vestido de vermelho por 4 a 0 e fez o clube abandonar o novo uniforme. Embora o Gre-Nal 406, válido pela final do Gauchão, tenha coincido com a Libertadores no início de maio, Aguirre comandou o triunfo por 2 a 1 diante da torcida e assegurou o 44º título estadual. "É verdade que a prioridade é a Libertadores, mas não posso não pensar no Grêmio", disse o uruguaio antes da decisão, reconhecendo a importância do clássico gaúcho.

Ainda impactado pela humilhação, o Colorado amenizou um pouco a pressão ao vencer o Fluminense pelo placar mínimo na última quarta-feira, mas o resultado não foi suficiente para fazer a equipe subir na tabela. No dia seguinte ao triunfo, a diretoria anunciou Argel Fucks como novo treinador. O primeiro desafio do gaúcho foi contra o Cruzeiro, no Mineirão, onde o Inter reencontrou o último de seus heróis do título de cinco anos atrás.

Diferentemente dos ex-companheiros, Leandro Damião não foi ativo contra seu antigo clube, mas contribuiu indiretamente para afundar o Inter na sua pior campanha de primeiro turno na era dos pontos corridos. O atacante entrou aos 24 do segundo tempo no lugar de Vinícius Araújo e tomou parte na formação que segurou um empate sem gols.

(fotos: AFP e Washington Alves/LightPress)
Menor dos carrascos, Leandro Damião viu Inter fechar pior primeiro turno da história do clube (fotos: AFP e Washington Alves/LightPress)


O resultado estacionou os gaúchos na 11ª posição, com 25 pontos e 43,9% de aproveitamento, concretizando a campanha mais fraca do clube na metade inicial do certame. Desde que o Brasileiro passou a ter 20 clubes, em 2006, o pior desempenho havia sido em 2008, quando Abel Braga e Tite levaram o time a fechar o primeiro turno em 10º lugar, com 26 unidades.

Enquanto isso, o rival Grêmio vai abrir a segunda metade do torneio consolidado na zona de classificação para a Libertadores, em terceiro lugar com 36 pontos.

Na tentativa de recuperar o moral na semana de aniversário de dois dos seus principais títulos (a Libertadores 2006 foi conquistada no dia 16 de agosto), o Inter volta suas atenções para a Copa do Brasil. Os comandados de Argel Fucks abrem as oitavas de final nesta quinta-feira diante do Ituano, no Beira-Rio. O jogo de volta será na próxima semana.

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