Muralha revezou-se entre seu domicílio em Curitiba e a casa dos pais no interior de Minas Gerais, e revelou estar com saudades de entrar em campo. "Sinto falta de tudo. A nossa vida é o futebol, desde moleque, e acho que nunca ficamos tanto tempo nessa situação, sem a perspectiva de retornar. Sinto falta da boa e velha rotina dos treinos, jogos, do calor da torcida. É algo atípico. Queremos muito voltar, mas desde que com toda a segurança necessária", aponta.
Outra observação levantada pelo camisa 23 do Coxa é a adaptação que os goleiros terão quando a bola voltar a rolar. Segundo ele, os arqueiros terão mais dificuldade em comparação aos atletas de linha.
"Acredito que vai ser um pouco mais difícil essa retomada aos trabalhos de campo, pois nossas atividades são muito específicas, com quedas, saída de gol, reposição. A gente até procurou fazer algo parecido com isso em casa, mas obviamente que não é a mesma coisa. Por outro lado, tenho certeza que a parte física não será um problema, pois nisso os treinos foram diários e em vários períodos", conta.
Antes da quarentena, Alex Muralha vivia grande fase com a camisa do Coritiba, que acabara de derrotar o rival Athletico, por 4 a 0, terminando a fase de classificação na liderança. Em março deste ano, ele completou um ano de clube com números excelentes: em 45 jogos, são 27 vitórias, 12 empates e apenas 7 derrotas, com 69% dos pontos conquistados quando esteve em campo.
Também possui uma boa média de gols sofridos, 35 no total, inferior a um gol por jogo, com 0,77. Saiu de campo sem ser vazado em 19 confrontos. Na atual temporada, Muralha chegou a 10 jogos disputados, com 8 gols sofridos, 7 vitórias, 1 empate e apenas 2 derrotas.
Além de passar boa parte tempo com esposa e filhos, Muralha tem aproveitado o tempo em casa para novos aprendizados. O goleiro está lendo livros (o atual se chama "O Milagre do Amanhã"), vendo séries e documentários e assistindo a palestras no YouTube e tutoriais de culinária: "Aprendendo a fazer coisas diferentes", afirma. Outro hobby de Muralha é o cavaquinho, instrumento que ele voltou a fazer algumas aulas online.
Enquanto curte a família, treina, exercita a mente e espera o futebol voltar, Muralha tem certeza de uma coisa: o mundo já mudou. "O que dá pra tirar de experiência nesses tempos é que devemos pensar um pouco mais nos outros. Deixar de lado as vaidades, parar de ser egoísta e sempre que puder ajudar o próximo".
