Rodriguinho conta tudo sobre os bastidores do título do Corinthians dentro do Allianz - Gazeta Esportiva
Rodriguinho conta tudo sobre os bastidores do título do Corinthians dentro do Allianz

Rodriguinho conta tudo sobre os bastidores do título do Corinthians dentro do Allianz

Gazeta Esportiva

Por Tiago Salazar

08/04/2020 às 05:00

São Paulo, SP

“Coisa linda. Boas recordações”. Assim reagiu Rodriguinho ao ser avisado de que a final do Campeonato Paulista de 2018 seria o tema da entrevista à Gazeta Esportiva.

Há exatos dois anos, o Corinthians fazia história ao vencer a primeira final contra o Palmeiras dentro do Allianz Parque. Já eram 15 anos sem um Derby valendo taça.

Rodriguinho marcou o gol do Corinthains com 1 minuto no Allianz Parque (Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag.Corinthians)

Naquela época a gente não tinha essa noção do que representava aquilo. A gente estava focado em jogar, com um sentimento bom, de confiança, que poderíamos chegar lá, contra tudo e contra todos e vencer para levar aos pênaltis.

Como admite o meio-campista, hoje no Bahia, o plano corintiano era muito claro na ocasião: fazer um gol para compensar a derrota pelo placar mínimo em Itaquera, no primeiro embate, e apostar nos penais. Não existia muita esperança em acabar com tudo no tempo regulamentar.

“Fizemos um gol no começo que deu uma equilibrada e trouxe o emocional de volta na partida. A gente defendia muito bem e sabia que se aparecesse uma oportunidade, tínhamos de aproveitar. Seria muito difícil entrar na nossa defesa. Confiávamos no Cássio também, um cara que cresce muito em finais e pega pênaltis”

A eficiência veio logo com 1 minuto e 29 segundos de jogo. Até o próprio Rodriguinho demorou para assimilar o que havia feito.


Eu não tive nenhum pressentimento, mas estava com um sentimento muito bom. Eu já tinha feito o gol da semifinal, contra o São Paulo, nos últimos minutos. Eu estava numa fase que a bola me procurava. Não sei nem te responder qual foi o tipo de sensação no momento do gol, porque até em mim a ficha demorou para cair, foi muito rápido.

Quem estava na casa palmeirense naquele domingo de 8 de abril conta que o gol foi bastante sentido pelos jogadores e teve reflexos importantes nas arquibancadas. O ambiente mudou drasticamente.

“Sim, sem dúvida, até porque já tinha uma cobrança da própria torcida deles em relação a clássicos. O gol, além de dar confiança para nós, foi um baque muito grande para eles, até porque eles sabiam que a nossa defesa era muito sólida”.

O QUE CARILLE FEZ APÓS O 1º JOGO


Para dar à final um tom ainda maior de dramaturgia, o Palmeiras conseguiu vencer o clássico da ida, em Itaquera, por 1 a 0. Com isso, passou a ter a vantagem de se sagrar campeão perante um mero empate em um estádio 100% tomado pela torcida alviverde. Entrou em ação, então, o trabalho de Fábio Carille.
O Carille é genial com isso. Quando é pra mexer com ego, administrar jogadores, ele é muito bom para isso. Logo após a derrota, já entrou um trabalho psicológico muito forte para não deixar a equipe se abalar, mostrar que jogamos bem.

O técnico do Corinthians, na ocasião, mudou a escalação do time para a finalíssima e alertou seu grupo de um fato que poderia fazer a diferença, revela Rodriguinho.

“Eles tiveram um dia a mais de descanso antes do primeiro jogo, estavam mais inteiros. E o Carille fez a gente entender como o jogo seguinte seria diferente após uma semana livre. A gente poderia jogar numa intensidade bem mais alta”.



EXPULSÃO TROCADA DE 2017 PESOU


O lance que poderia ter mudado todo o curso da final do Paulistão de 2018 aconteceu aos 26 minutos do segundo tempo, quando o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza assinalou pênalti de Ralf em Dudu e levou o antigo Palestra Itália à loucura.

“Eu estava até próximo do lance. Assim que aconteceu, saí correndo no Cássio, fiquei conversando com ele e eu vi o Ralf falando que não tinha encostado. Rolou toda aquela confusão. Para mim foi uma decisão muito acertada, porque não foi nada e poderia ter manchado a história do jogo”.

Foram oito minutos até o árbitro decidir revogar a própria decisão. À Gazeta Esportiva, Rodriguinho conta que o Derby de um ano antes, na Arena Corinthians, foi usado de argumento pelos jogadores alvinegros. O exemplo citado remete ao afastamento de Thiago Duarte Peixoto, que confundiu Maycon com Gabriel, expulsou o jogador errado e se negou a voltar atrás.
Demorou bastante e a gente conversou muito com árbitro. Todo mundo estava em cima dele, e o que nós falávamos era para ele voltar atrás, porque ele já tinha percebido que tinha errado. A gente teve, em 2017, uma situação parecida, quando o árbitro expulsou o jogador errado nosso, também contra o Palmeiras. Nós avisamos ele: ‘O árbitro não mudou naquele dia, não nos ouviu e deu no que deu’. A gente falou várias vezes isso para ele, porque ficaria pior. Eu não acho que teve interferência externa.

O SILÊNCIO DE 41 MIL


Pouco antes do apito final, Rodriguinho foi substituído por Danilo, este incumbido de abrir a série corintiana nas penalidades.

“Eu já tinha corrido muito, estava bem cansado (risos). O Danilo era um ótimo cobrador de pênaltis, muita bagagem, experiente, não tenho nem o que dizer. A troca foi mais para ele entrar e bater o pênalti”.



Apesar do erro de Fagner ter levado esperança aos palmeirenses mesmo depois de Cássio ter defendido as cobranças de Dudu e Lucas Lima, Maycon não vacilou e silenciou o Allianz Parque com 41.227 pagantes.
Foi estranho. Completamente diferente de todas as sensações que já tive. Um estádio em silêncio foi engraçado, mas teve um sabor especial. A gente vibrou muito e sabia que toda São Paulo estava vibrando com a gente.

Pode ter sido engraçado para Rodriguinho, mas a diretoria do Corinthians, cautelosa, pediu para que o grupo não desse a tradicional volta olímpica depois de erguer a taça. As cadeiras já estavam praticamente todas desocupadas, mas, as consequências poderiam ser perigosas.

“Verdade. Pediram, sim. É porque a gente já estava sabendo que estávamos incomodando muito. Não precisava incomodar mais (risos). Melhor pegar nossas coisas e comemorar com a nossa torcida, até pela segurança. Sabe como é a rivalidade, né?”


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