Pratas da casa vencem resistência de Tite e viram fundamentais ao campeão - Gazeta Esportiva
Pratas da casa vencem resistência de Tite e viram fundamentais ao campeão

Pratas da casa vencem resistência de Tite e viram fundamentais ao campeão

Gazeta Esportiva

Por Helder Júnior

20/11/2015 às 12:04

São Paulo, SP

Os amigos Malcom e Arana foram os novatos que mais projeção ganharam (foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)
Os amigos Malcom e Arana foram os novatos que mais projeção ganharam (foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)


Quando o Corinthians vivenciava o seu pior momento na temporada, sem dinheiro para investir em contratações e repor perdas como a de Paolo Guerrero e Emerson Sheik, o técnico Tite avisava que os pratas da casa não eram a solução ideal para os seus problemas. “Corremos o sério risco de a equipe não ir bem e queimar um atleta jovem”, justificava.

No Campeonato Brasileiro, a equipe foi bem muito por causa da juventude de Malcom, Guilherme Arana, Marciel e Yago, além de outras promessas que foram aproveitadas em jogos ou treinamentos do Corinthians. Todos já viraram argumentos para Tite negar futuramente a sua falta de apreço pelas categorias de base – neste ano, ele só conseguia lembrar que colaborou com o lançamento de jogadores hoje já veteranos, como o atacante Jô, para rebater a crítica.

Assim como Jô, Malcom teve muito cedo a oportunidade de atuar como titular do ataque do Corinthians. Ele já havia sido promovido por Mano Menezes no ano passado e passou a enfrentar cobranças como um veterano em 2015. No início do Campeonato Brasileiro, o atleta de 18 anos se acostumou à impaciência de alguns torcedores que frequentam o estádio de Itaquera.

Com a ajuda de Tite, Malcom não se queimou. Ao contrário. O garoto passou a exigir de si mesmo ajuda à marcação e presença de área, como repete em quase todas as suas entrevistas, e não perdeu a calma nem mesmo quando lidou com uma polêmica fora de campo – foi acusado de fraudar a sua carteira de motorista. “Por ser muito jovem, ele só peca pela ansiedade em alguns momentos. Quer fazer o segundo movimento sem ter executado o primeiro”, avaliou o treinador.

Marciel marcou um gol contra o Fluminense, mas ainda espera novas chances de Tite (foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)
Marciel marcou um gol contra o Fluminense, mas ainda espera novas chances de Tite (foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)


Os pecados de Malcom ficaram cada vez menos evidentes no Brasileiro. A sua importância para o Corinthians campeão acabou comprovada definitivamente no jogo decisivo contra o segundo colocado Atlético-MG, no Independência. Foi dele, de cabeça, o gol que abriu o caminho para a vitória por 3 a 0.

Malcom talvez tenha passado a se sentir mais à vontade no time titular por causa da companhia de um velho conhecido. Com a saída de Fábio Santos para o mexicano Cruz Azul, Tite mandou chamar às pressas Guilherme Arana de volta de empréstimo para o Atlético-PR. O jovem lateral esquerdo se tornou peça importante para suprir as ausências de Uendel, constantemente machucado.

“O Arana é meu amigo há oito anos. Estamos juntos nessa jornada há muito tempo. Mas não queremos só ganhar. Queremos fazer história no Corinthians e dar alegria à torcida”, discursou Malcom. “O Malcom e eu já somos vencedores, independentemente de tudo. Estamos juntos desde sempre. Sabemos das dificuldades que passamos antes de realizar o sonho de toda criança”, complementou Arana.

Outros realizaram esse sonho no Corinthians campeão, ainda que com alguma resistência de Tite. O volante Marciel mostrou que tem futuro ao estrear o uniforme laranja do clube – criado com o pretexto de homenagear o chamado “Terrão” – com o primeiro gol da vitória por 2 a 0 sobre o Fluminense. Mas passou a ser menos aproveitado nas novas brechas dadas por Elias entre os titulares, até porque Rodriguinho evoluiu nessa função.

Edu Gaspar, gerente de futebol, dá atenção às promessas do Corinthians (foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)
Edu Gaspar, gerente de futebol, dá atenção às promessas do Corinthians (foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)


Mais velho do que outros pratas da casa, o zagueiro Yago se destacou inclusive fora de sua posição. O atleta de 23 anos, que retornou de empréstimo para o Bragantino, chamou a atenção ao ser improvisado como lateral esquerdo na vitória sobre o Santos, em Itaquera.

Do lado direito, o Corinthians conta com mais uma cria das suas categorias de base, mas já experiente. Promovido a profissional há uma década, Fagner teve a sua melhor temporada pelo clube que o revelou e agora serve de referência para jogadores como Malcom, Guilherme Arana, Marciel e Yago. Todos fundamentais no elenco campeão brasileiro.

Baixa
O número de novatos importantes para a conquista do Corinthians poderia ser ainda maior. Na época em que Tite era acusado de não dar atenção à base, o meia Matheus Cassini foi atraído por uma proposta do Palermo, da Itália, e saiu sem nem sequer ter estreado como profissional. A negociação rendeu apenas cerca de R$ 3,5 milhões ao clube brasileiro e foi bastante criticada por torcedores.

Outras revelações do Corinthians também esperam receber mais oportunidades de Tite. Os meias Matheus Pereira e Matheus Vargas, os atacantes Gabriel Vasconcelos e Léo Jabá, o volante Gustavo Vieira e até o zagueiro Rodrigo Sam, que foi mal quando atuou no Campeonato Paulista, vivem a expectativa de ter utilidade dentro de campo em 2016.

Matheus Cassini foi embora sem nem sequer ter estreado (foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)
Matheus Cassini foi embora sem nem sequer ter estreado (foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)


Para aqueles que não encontrarem lugar com Tite, o Corinthians firmou recentemente parcerias com os cariocas Tigres e América-RJ para repasse de jogadores. Não faltam argumentos, entretanto, para a maioria permanecer no Parque São Jorge. Além de campeão brasileiro profissional com os seus jovens, o clube levou a Copa São Paulo de Juniores e o Mundial de Clubes sub-17, por exemplo, em 2015.

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