Vitimado por uma lesão no joelho, Claudio de Jesus Ferreira viu ruir aos 19 anos o sonho de vestir a camisa do Corinthians. Com a mesma idade do pai na época, Felipe Medina, conhecido pelo sobrenome materno, foi contratado pelo Independente de Limeira, e mexeu com as esperanças de Claudinho.
Ex-companheiro de Simone Medina, o pai biológico dos irmãos Gabriel e Felipe vibrou de longe com o inédito título mundial de surfe conquistado por seu primogênito no final de 2014. No entanto, a praia de Claudinho, integrante do time de veteranos do Maresias Futebol Clube, é outra.
Felipe seguiu apegado ao pai após a separação do casal e também defendia o Maresias FC, diferentemente de Gabriel, encaminhado ao surfe pelo padrasto Charles Serrano. À Gazeta Esportiva, Claudinho comemorou o acerto do caçula com o Independente de Limeira, equipe da Série A2 do futebol paulista.
“Não pude acompanhá-lo durante a apresentação, mas o Charles foi com ele e saiu tudo bem. Fiquei muito contente, porque o sonho do Felipe é ser jogador de futebol. Eu falei: ‘Agarra essa chance que vai dar tudo certo’. Estou feliz, bem feliz mesmo”, afirmou Claudinho.
Gabriel, guiado pelo padrasto Charles, a quem chama de pai, fez fama mundial no surfe. Por meio de seu perfil no Instagram, atualmente seguido por mais de 3,9 milhões de pessoas, foi ele quem anunciou o acerto do irmão Felipe com a equipe do interior paulista.
“Caraca Muleke! Agora eu tenho um segundo time para torcer: Independente Futebol Clube. Que Deus te abençoe e proteja! Que você realize seus sonhos mlk, te amo! Pra cima”, escreveu o surfista, além de publicar uma foto do irmão com a camisa da equipe.
Felipe herdou o sonho de jogar futebol profissionalmente do progenitor, que chegou a fazer testes durante a juventude, mas acabou relegado ao amadorismo pela lesão no joelho. Edgar, pai de Claudinho, não apoiou o filho na época. Ainda assim, chorou de emoção ao saber que o neto foi contratado pelo Independente de Limeira.
“O meu pai mesmo barrava, porque antigamente tinha aquele preconceito. As pessoas achavam que futebol era coisa de vagabundo. Meu padrinho sempre quis me levar para jogar em Araraquara, mas nunca deu certo. Até contei para o Felipe essa história e disse: ‘Se quiser ir para Limeira, vai fundo’”, afirmou Claudinho.
Ao aconselhar Felipe no início de sua carreira futebolística, o pai procura controlar as expectativas do filho de apenas 19 anos, a princípio contratado para a equipe sub-20 do Independente de Limeira. A calma, no entanto, não impede Claudinho de sonhar alto.
“Eu sempre tive a intenção de jogar no Corinthians e ser campeão pelo clube, mas não consegui. Espero que o Felipe venha a crescer na carreira e possa ganhar títulos pelo nosso time. Esse é o sonho dele também. Mas tem que começar devagar, na Série A2, e ir evoluindo aos poucos. Sei que vai ser titular, é questão de meses”, apostou.
Felipe também é torcedor do Sport Clube Corinthians Paulista. Em seu perfil no Instagram, ele aparece com a camisa da agremiação, no estádio e posando ao lado de atletas como o goleiro Cássio e o atacante Alexandre Pato, além do astro Neymar, amigo do irmão famoso.
TEMPESTADE CORINTIANA
Os principais representantes da “Brazilian Storm” (Tempestade Brasileira), apelido do grupo de competidores nacionais que domina o Circuito Mundial de Surfe desde 2014, são torcedores do Corinthians.
Adriano de Souza (foto), o Mineirinho, atual campeão mundial, foi atleta do Corinthians em 2013. Gabriel Medina, ganhador em 2014, e Filipe Toledo, que usa o número 77 em homenagem ao histórico título paulista, também são alvinegros.
Os três disputaram a etapa derradeira do campeonato de 2015 com chances de título. Por meio de seu site oficial, o Corinthians saudou as conquistas de Mineirinho e Medina nas duas últimas temporadas.
“O Gabriel, se não fosse surfista, seria um grande jogador de futebol”, observou Claudinho, sem medo de ver a pressão sobre o caçula aumentar pelo feito do primogênito no surfe. “Ele é bem centrado, sabe quem é o irmão. Mas também quer que falem: ‘Pô, esse aqui é o Felipe’. Vai dar certo, assim como o Gabriel”, completou.
Chamado pelo surfista de “o Neymar da família” em um seriado, Felipe foi contratado pelo Independente de Limeira como atacante. Claudinho, porém, aconselhou o filho a iniciar a carreira como lateral direito, posição que ocupava nos tempos de Maresias, e eventualmente tentar trocar.
“O Felipe sempre quis jogar na frente, mas centroavante todo o mundo sabe como é: quando não faz gol, tem cobrança. Atuar como centroavante é um privilégio. Espero que ele comece como lateral ou até no meio campo, porque arma bem o jogo. Acho que no clube vai contar com o suporte necessário”, disse.
Ofuscado por Charles Serrano, Claudinho conformou-se em ver de longe o sucesso no surfe de Gabriel Medina, com quem mantém boa relação. Animado, ele planeja orientar Felipe e seguir de perto cada passo de sua trajetória no futebol, desta vez em parceria com o padrasto dos filhos, torcedor do Palmeiras.
“Vou acompanhar o Felipe direto agora. Já até falei com meu patrão e ele deu autorização para sair quando precisar. Sei que o Charles e o Jaime, tio dos garotos, também vão estar envolvidos, porque gostam de futebol. Mas quero estar mais presente, sim”, declarou Claudinho.
MATÉRIA SOBRE CLAUDINHO GANHOU PRÊMIO ACEESP
Com uma reportagem sobre Claudio de Jesus Ferreira, pai biológico de Gabriel e Felipe Medina, a Gazeta Esportiva venceu a 32ª edição do Troféu Ford-Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo) na categoria melhor matéria de imprensa escrita de outros esportes (além do futebol).
Leia a reportagem premiada
Primeiro brasileiro campeão mundial de surfe, Gabriel Medina sempre atribuiu o sucesso no esporte aos ensinamentos do padrasto, Charles Serrano. O verdadeiro pai do atleta deixou de ser um mistério a partir da reportagem, levada ao ar na época da conquista no Havaí.
Claudinho escolheu o campo do Maresias Futebol Clube para explicar a relação com o filho famoso. A reportagem conta ainda passagens curiosas da vida de Gabriel em Maresias, praia de São Sebastião, aborda a sua religiosidade e debate as consequências que o título do WCT provocaria.
