"Não existe David Luiz. Não existe a possibilidade, a negociação não está em andamento. Estamos muito satisfeitos com os atletas que chegaram. Existe o nosso lateral, o João (Pedro), vindo por empréstimo do Porto por um ano, para suprir uma carência que a gente tem na reserva do Fagner. Deve estar subindo no BID, o Porto mandou a documentação ontem e pode ser que a gente anuncie ainda hoje", disse o dirigente nesta terça-feira, em entrevista ao Sportv.
Duilio também falou sobre Willian e Róger Guedes, dois últimos reforços anunciados pelo Corinthians. O presidente exaltou a vontade dos dois em quererem jogar pelo clube do Parque São Jorge.
Willian tinha contrato de mais dois anos com o Arsenal, da Inglaterra, mas acertou sua rescisão contratual na segunda-feira e ficou livre no mercado para acertar com o Timão. Duilio Monteiro Alves reforçou que o meia-atacante possuía propostas de outras equipes e abriu "mão de muito dinheiro" para voltar ao Brasil.
"Os jogadores querem jogar no Corinthians. O Willian é um caso muito claro disso. Ele nasceu dentro do clube, fez a base por aqui, estourou como jogador e depois saiu do país, ficou muitos anos fora. É um jogador que tinha contrato com o Arsenal de mais duas temporadas. Isso foi possível com a vontade do jogador, pesou muito. O atleta quis voltar ao Corinthians, não vinha passando um bom momento no Arsenal. A gente estava monitorando e chegou a possibilidade dele sair, sempre com o mercado da Europa e muitos clubes atrás. Fica muito claro a vontade do atleta, só foi possível por isso, lógico que com um esforço muito grande do Corinthians. O Willian abriu mão de muito dinheiro de seu contrato com o Arsenal para poder voltar para casa e jogar no Corinthians. Esse foi o principal fator, a vontade do jogador", afirmou.
Já Róger Guedes precisou rescindir contrato com o Shandong Taishan, da China. Duilio confirmou que existe a possibilidade de lucrar com o atacante de 24 anos no futuro, mas destacou novamente o desejo do jogador em estar no Corinthians
"Sim (existe a possibilidade da lucrar com o Roger Guedes). É o jogador mais jovem de todos, um potencial muito grande. Gosto muito do futebol dele, conversamos dele vir para. Corinthians depois do Atlético-MG, na época não deu certo, acabou indo para China. É um jogador que o Corinthians não fez um investimento alto, mas em direitos econômicos. Ele abriu mão não só de seis milhões de euros na sua rescisão na China, mas também de propostas muito maiores em termos de salário e aquisição dos direitos", informou.
"O Corinthians conseguiu trazer esse atleta, tem um percentual de seus direitos, mas o jogador ficou com grande parte dos direitos econômicos. Hoje a gente trouxe o atleta, daqui um ano e meio, atingindo os objetivos, se ele tiver uma proposta para sair e isso for muito interessante para ele e para o Corinthians, a vontade dele vai pesar muito, porque ele abriu mão de muita coisa. Se chegar lá na frente e for para ele recuperar o que ele abriu mão, o Corinthians vai estar disposto a uma conversa diferente da que seria com qualquer outro atleta", completou.
Por fim, Duilio falou sobre o planejamento do Corinthians que possibilitou a chegada das novas contratações e informou a situação da dívida total do clube, que gera em torno de R$ 977 milhões.
"A gente começou com um planejamento desde o início da gestão, reduzindo bastante a folha de pagamento. A gente teve uma redução considerável no departamento de futebol com a saída de muitos atletas e empréstimos. De imediato no orçamento desse ano, a gente teve uma redução de 20% em todos os departamentos. No futebol foi maior, para que pudesse nesse momento, surgindo oportunidades, reforçar nosso time. Essa hora chegou, acho que nosso departamento de futebol trabalhou muito bem com esses atletas nesse momento de crise. Surgiram essas oportunidades para que a gente trouxesse grandes jogadores, tudo dentro do nosso orçamento, bem planejado e sem nenhum tipo de irresponsabilidade, como a gente tem escutado muito de alguns jornalistas e torcedores", disse.
"Eu tenho o valor de R$ 977 milhões (de dívida). A gente conseguiu reduzir muita coisa nesses sete meses. O Corinthians não teve aumento da dívida nesse período. Bom lembrar que vivemos na pandemia, temos todos esses problemas de estádio e muitos outros. Eu sei que o Corinthians vende muito, tudo que se fala do Corinthians é maior. Tem clubes que são elogiados por contratações e tem receitas menores. Eu tenho que cuidar do Corinthians, mas é só um comentário. Tudo não Corinthians é maior, vende mais. Notícias ruins vendem muito, mas nós vamos ter notícias boas daqui para frente", concluiu.
Confira outros trechos da entrevista de Duilio Monteiro Alves:
Risco nas contratações:
"Qualquer tipo de investimento existe um risco. Mas como eu coloquei, o Corinthians vem trabalhando dentro de um planejamento, já feito há muito tempo, antes mesmo da eleição e depois desse período de sete meses. Bom lembrar que o Giuliano foi o primeiro jogador apresentado pelo Corinthians no ano, no início de agosto. Em nenhum clube do futebol brasileiro de qualquer divisão isso aconteceu, de não chegar nenhum jogador e ter só saídas. Isso foi feito dentro do planejamento. Com a chegada do Willian, vamos ter uma folha menor do que tínhamos no início desse ano. Está tudo dentro de um planejamento, de novas receitas. Lógico que isso ajuda bastante, você ter um time forte, competitivo, com jogadores de expressão internacional, como Willian, Renato Augusto, Rogers Guedes e Giuliano. São jogadores de Seleção Brasileira, que se juntam a outros grandes jogadores que a gente tem no elenco. Hoje tínhamos treinando pela manhã quatro jogadores que estavam na última Copa do Mundo. Lógico que isso trás novas receitas, a gente vinha trabalhando em cima disso, resgata a confiança da torcida no nosso time e, consequentemente, trás novos resultados, como aumento de patrocínios. Estando no Corinthians, a gente nunca grita gol antes da hora. A gente fez tudo isso dentro da realidade que temos hoje. Agora, isso tudo pode melhorar muito, mas não estamos arriscando e gastando mais do que o previsto. Só temos coisas boas a vir, novas receitas a buscar e um custo menor de folha do futebol. Tiramos mais de 20 atletas e trouxemos quatro. Mas não tenha dúvida que um time competitivo vai trazer muitos outros negócios e receitas novas";
Gestão ruim resultou em alta folha do Corinthians
"Não concordo. Nenhum corintiano estava satisfeito com o desempenho do time nos últimos dois ou três anos. A gente não vem fazendo bons campeonatos, e o Corinthians tem que estar sempre brigando lá em cima. No futebol, a gente erra e acerta. A contratação boa é aquela que dá certo. A gente tem alguns exemplos de contratações nesse período que foram muito questionara-s e hoje nos ajudam bastante. É o caso do Gustavo Mosquito, que chegou, fomos muito criticados, foi emprestado, quando trouxemos de volta fomos mais criticados ainda, e hoje ele é um dos grandes jogadores do elenco, vem fazendo bons jogos e nos ajudando bastante. O Éderson, que hoje está no Fortaleza e é um ativo muito grande do clube, foi um desses contratados na época, não conseguiu se firmar no Corinthians, emprestamos e hoje ele faz um campeonato espetacular, temos diariamente procura para transferência e venda do atleta. O Richard, seguindo o mesmo exemplo, não teve muito espaço no Corinthians e hoje faz um grande campeonato no Athletico-PR. Agora, nós mudamos a forma de fazer. Muitas vezes o Corinthians trouxe muitos atletas que eram promessas, e a maioria dele vingou aqui. Dessa vez a gente acabou não acertando tanto. Não falo de má-gestão, mas falo de mudança na forma de contratar. Fizemos nesse ano contratações mais pontuais, sempre em cima das necessidades do elenco. Acho que agora temos um elenco mais equilibrado e um time muito forte. Lógico, faltam algumas peças. Mas o meu discurso do início da gestão continua, é momento da gente organizar a casa, melhorar a parte administrativa e financeira. A gente vem fazendo isso há sete meses, por isso a possibilidade de reforçar um pouco agora. Mas continuamos com o pé no chão, tem muita coisa para ser feita, muita despesa que a gente precisa reduzir, precisamos fazer receitas novas. O problema não está resolvido, mas conseguimos dar um bom passo para começar essa recuperação";
Nomes considerados pelo Corinthians na janela de transferências
"Quando eu falo em planejamento, falo da parte financeira, para estarmos prontos na jenla de transferências, para caso tivéssemos oportunidades. Alguns jogadores sim (estavam no planejamento), como o Renato Augusto e Roger Guedes, que estavam na China. Também existia nesse grupo o Paulinho. Eram jogadores que tinham dificuldade para continuar na China e seguir seus contratos, então a gente vinha conversando e acompanhando de perto. O caso do Willian surgiu agora recente, o do Giuliano também, com a saída dele da Turquia. Tínhamos o planejamento financeiro, lógico, mas nomes tínhamos os favoritos. Nem sempre a gente consegue o melhor, o alvo número um. Nessa janela o Corinthians foi muito feliz, muito pela vontade dos atletas de quererem estar aqui, isso facilitou bastante. Os nomes específicos a gente não tinha todos lá no início, mas tínhamos que estar prontos para fazer nossa lição de casa, reduzir as despesas e a folha, para estarmos prontos para esse momento. Caiu que nem uma luva, são jogadores de alto nível. O planejamento foi feito em cima do dinheiro, para ter uma margem para trazer esses jogadores e melhorar nosso elenco";
Objetivos futuros do clube
"Todo torcedor brasileiro é um pouco treinador, e ultimamente, para discutir Corinthians, muitos viraram economistas também. Acho bacana isso, o torcedor estar se preocupando com a parte financeira do clube. No início da minha gestão, eu coloquei que o título do Corinthians desse ano seria pagar contas. Isso não mudou. Mas hoje, com essa janela de transferências que foi maravilhosa para nós... Nem nós sonhávamos com uma janela tão maravilhosa, confesso. O planejamento nosso era para chegarmos mais forte no ano que vem, mas com as chegadas dos quatro jogadores e o trabalho do Sylvinho, o planejamento é de chegar numa Libertadores esse ano. Como presidente do Corinthians, eu sempre tenho que pensar no máximo, pensar grande. Lógico que a gente nunca pode deixar de pensar num título, mas o planejamento é esse. No ano que vem, com os cortes de despesas e as novas receitas, reforçar um pouco mais no início do ano para termos condições de brigar por todo os títulos: Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil. O Corinthians subiu de patamar, tem condição de brigar de igual para igual com qualquer time".
