Vitória magra e goleada marcam histórico de Brasil x Costa Rica em Copas - Gazeta Esportiva
Vitória magra e goleada marcam histórico de Brasil x Costa Rica em Copas

Vitória magra e goleada marcam histórico de Brasil x Costa Rica em Copas

Gazeta Esportiva

Por José Victor Ligero

21/06/2018 às 14:00 • Atualizado: 21/06/2018 às 16:56

São Paulo, SP

Nesta sexta, em São Petersburgo, Brasil e Costa Rica se encontrarão pela terceira vez em Mundiais (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)


Às 9 horas (de Brasília) desta sexta-feira, um novo capítulo do breve histórico de duelos que envolvem Brasil e Costa Rica na Copa do Mundo começará a ser escrito na Rússia, país que abriga a 21ª edição do torneio. O Estádio Krestovsky, em São Petersburgo, será o palco do terceiro encontro entre as duas seleções em Mundiais.

Com duas vitórias do time canarinho, o retrospecto entre brasileiros e costarriquenhos é marcado pela discrepância dos resultados. No primeiro duelo, em 1990, na Itália, a Seleção venceu de forma apertada: 1 a 0. Já o segundo, que ocorreu 12 anos depois, na Coreia do Sul, registrou uma goleada por 5 a 2.

O contexto em que ambas as partidas foram disputadas também é discrepante. Em 1990, o Brasil amargava um jejum de 20 anos sem ganhar uma Copa e vivia uma crise de identidade, pela qual o técnico Sebastião Lazaroni era apontado como o principal responsável.

Criticado por torcida e cobrado pela imprensa, Lazaroni ficou marcado pelo estilo de jogo burocrático que impôs ao escrete nacional. As manchetes de A Gazeta Esportiva de 17 de junho de 1990, dia seguinte ao magro triunfo sobre a Costa Rica, não deixam mentir: o treinador era bastante contestado. Até mesmo pelos jogadores.

“O Lazaroni anda errando muito. Não sei o que se passa na cabeça dele”, queixou-se o então reserva Romário, incrédulo com a entrada de Bebeto apenas aos 40 minutos do segundo tempo. “O Bebeto deveria ter entrado no intervalo. O Lazaroni errou duas vezes: ao fazer a substituição quando o jogo já estava terminando e ao tirar Careca, quando o mais certo era a entrada do Bebeto na vaga de algum jogador do meio de campo”, opinou.




Na saída do Delle Alpi, antigo estádio da Juventus, Bebeto desabafou para os repórteres. “Foi a primeira vez na minha carreira que entrei faltando cinco minutos para o jogo terminar. Não vou analisar o trabalho do técnico. Ele deve saber o que está fazendo, mas cinco minutos não dão nem para aquecer, quanto mais mudar o panorama de uma partida”, resmungou.

De fato, o atacante não mudou o panorama da partida. Com gol de Muller, anotado ainda no primeiro tempo, o Brasil não conseguiu aumentar a vantagem na etapa complementar e seguiu sob desconfiança no Mundial. Após o embate, Lazaroni se defendeu rispidamente e indicou que não abriria mão do 3-5-2 para pôr mais um atacante no time.

“Vocês estão sempre batendo na mesma tecla. Se alguém acha que estou errado, que faça um curso de treinador e venha para o meu lugar”, trovejou. “Tenho as minhas convicções e faço o que minha cabeça mandar. Tenho repetido reiteradas vezes que esse é o meu esquema de jogo e não penso mudar”, teimou.

Com o esquema mantido, a Seleção Brasileira não foi longe naquele Mundial. Embora tenha se classificado como líder de seu grupo, com três vitórias em três jogos, o time de Lazaroni sucumbiu nas oitavas de final diante da Argentina, que venceu por 1 a 0 com passe de Maradona e gol de Caniggia.

Em 2002, embora também tenha atuado com três zagueiros, o Brasil foi mais eficiente no ataque. Com uma escalação repleta de reservas, pois já havia se classificado às oitavas de final, o time dirigido por Luiz Felipe Scolari aplicou uma goleada por 5 a 2 sobre a Costa Rica, em Suwon, na Coreia do Sul.




O gol de Edmílson, o terceiro da Seleção, foi o destaque daquela partida. O zagueiro virou o corpo no ar para finalizar o cruzamento que veio da esquerda. Ronaldo (2), Rivaldo e Júnior completaram o placar para o Brasil, ao passo que Wanchope e Gomez descontaram para a equipe costarriquenha.

O triunfo encerrou uma campanha brasileira perfeita na fase de grupos. Antes, os comandados de Felipão haviam vencido Turquia (2 a 1) e China (4 a 0). E mantiveram o 100% na Copa da Coreia e do Japão com mais quatro vitórias no mata-mata, diante de Bélgica (2 a 0), Inglaterra (2 a 1), Turquia (1 a 0) e Alemanha (2 a 0).

Diferentemente de Lazaroni, Scolari contava com o respaldo de boa parte da torcida brasileira. O gaúcho, que vinha de um trabalho vitorioso no Palmeiras e de uma passagem discreta pelo Cruzeiro, foi contratado pela CBF em meio a dificuldades da Seleção nas Eliminatórias, mas conseguiu a classificação para o Mundial na última rodada.

Mas nada que se compare com o moral que Tite ostenta entre os brasileiros. Benquisto por torcida e bem avaliado pela imprensa, o também gaúcho resgatou o prestígio da Seleção após o vexatório episódio do 7 a 1 em 2014 e tenta levá-la ao hexacampeonato mundial.

Após o empate por 1 a 1 com a Suíça na estreia, o time canarinho buscará manter a Costa Rica como freguesa em Copas para conquistar sua primeira vitória na edição russa do torneio. No outro jogo do Grupo E, a líder Sérvia mede forças com os suíços às 15 horas, em Kaliningrado.



Veja a escalação do Brasil em duelo com a Costa Rica em 1990:

Taffarel; Mozer, Mauro Galvão e Ricardo Gomes; Jorginho, Dunga, Alemão, Valdo e Branco; Muller e Careca.

Veja a escalação do Brasil em duelo com a Costa Rica em 2002:

Marcos; Lúcio, Anderson Polga e Edmílson; Cafu, Gilberto Silva, Juninho, Rivaldo e Júnior; Ronaldo e Edílson.

Retrospecto geral


A freguesia costarriquenha diante da Seleção aumenta quando considerados os duelos amistosos e válidos também por outras competições. A história registra dez jogos, com nove vitórias brasileiras e apenas uma derrota - sofrida há quase 60 anos -, com 32 gols a favor e nove contra.

Ainda assim, o solitário revés por 3 a 0, ocorrido em 10 de março de 1960, em San José, capital da Costa Rica, pelo Pan-Americano, se deu com um time formado pela seleção gaúcha, que foi reforçada pelo zagueiro Calvet, do Santos.

A maior goleada do confronto foram os 7 a 1 aplicados pelo Brasil no dia 13 de março de 1956, na Cidade do México, também pelo Pan-Americano. Este, aliás, foi o primeiro encontro entre as seleções na história. O último ocorreu em 2015, quando a equipe então treinada por Dunga venceu por 1 a 0, com gol de Hulk, em amistoso realizado nos Estados Unidos.

Veja todos os resultados de Brasil x Costa Rica:

13/03/1956 – Brasil 7 x 1 Costa Rica – Cidade do México – Pan-Americano
10/03/1960 – Brasil 0 x 3 Costa Rica – San José – Pan-Americano
17/03/1960 – Brasil 4 x 0 Costa Rica – San José – Pan-Americano
16/06/1990 – Brasil 1 x 0 Costa Rica – Turim – Copa do Mundo
23/09/1992 – Brasil 4 x 2 Costa Rica – Paranavaí – Amistoso
13/06/1997 – Brasil 5 x 0 Costa Rica – Santa Cruz de la Sierra – Copa América
13/06/2002 – Brasil 5 x 2 Costa Rica – Suwon – Copa do Mundo
11/07/2004 – Brasil 4 x 1 Costa Rica – Arequipa – Copa América
07/10/2011 – Brasil 1 x 0 Costa Rica – San José – Amistoso
05/09/2015 – Brasil 1 x 0 Costa Rica – Harrison - Amistoso

 

Conteúdo Patrocinado