Em alta, Geninho almeja façanha com Avaí sem descartar volta aos grandes - Gazeta Esportiva
Em alta, Geninho almeja façanha com Avaí sem descartar volta aos grandes

Em alta, Geninho almeja façanha com Avaí sem descartar volta aos grandes

Gazeta Esportiva

Por Arthur Carvalho, especial para a GE.net

04/01/2015 às 10:00

São Paulo, SP


A torcida avaiana elegeu Geninho como o grande responsável pelo retorno à elite do futebol brasileiro. A campanha do Leão da Ilha não foi das mais tranquilas, mas suficiente para render o acesso na última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. Após altos e baixos na temporada, o treinador azurra garante em conversa com a GazetaEsportiva.Net que não se sente idolatrado, mas revela certo júbilo com o reconhecimento.


“Claro que fico satisfeito de ter tido, da torcida e da imprensa, o reconhecimento de que meu trabalho foi importante. Mas não fiz nada sozinho. Eu chego e planejo, mas a execução não é minha”, discursa Geninho, colocando-se como uma das engrenagens que renderam o acesso. “Cada um teve sua participação, mas não vou esconder que fiquei satisfeito, e qualquer profissional fica quando você tem o teu trabalho reconhecido como bom”, admite.


O técnico assumiu o Avaí em junho deste ano, estreando com vitória sobre o Atlético-GO na 11ª rodada da Série B. Foram 48 pontos conquistados a partir de então, com 57,1% de aproveitamento no período. Mas o caminho até a vaga na elite nacional teve seus percalços, como a sequência de seis partidas sem vitória na reta final. A inconstância preocupa Geninho, que pede maior regularidade nas próximas campanhas.


“Peguei o Avaí no fundo da tabela. A equipe teve uma ascensão muito grande, mas depois também teve uma queda bastante acentuada. E aí nas três últimas rodadas retomou os bons resultados. Mas isso não é bom. O bom é manter uma regularidade”, reconhece o treinador, que tentará aplicar o aprendizado de dois acessos seguidos à própria Série A em 2015.

Objetivo atingido na Série B rende novo ano de contrato ao treinador avaiano (foto: Jamira Furlani/Avaí FC)
Objetivo atingido na Série B rende novo ano de contrato ao treinador avaiano (foto: Jamira Furlani/Avaí FC) - Credito: Divulgação


Repetindo no Avaí o feito alcançado com o Sport no ano passado, Geninho renovou seu contrato para permanecer na Ressacada por mais doze meses. Planejando a próxima temporada, ele explica que o objetivo principal no ano que vem é manter o Leão na elite. “Isso é fundamental. Não pode subir em um ano e cair no outro, porque é um desastre para o clube”, avalia.


“Mas se fizermos uma boa campanha essa manutenção é tranquila. Não podemos entrar no campeonato pensando apenas em permanência, porque é um erro”, avisa, sem almejar título ou vaga na Copa Libertadores, mas vendo a Sul-Americana como alcançável. “Assim é possível alcançar dois objetivos: ficar na Série A e ao mesmo tempo fazer uma boa campanha.”


Mesmo em clubes tão diferentes, histórica e estruturalmente, como Sport e Avaí, o trabalho de Geninho foi concluído ambas as vezes com o acesso à Série A. Os trabalhos aumentam seu prestígio com times que não estão do eixo Rio-São Paulo, mas a continuidade da boa fase pode render algo ainda maior. Com passagens por vários grandes clubes e mais de 30 anos de carreira, o treinador não descarta um possível retorno aos grandes polos do futebol brasileiro.


“A partir do que eu já fiz e do que venho fazendo, se de repente houver um convite, claro que ficaria satisfeito. Estou trabalhando porque acho que ainda posso dar alguma coisa para os clubes. Então é claro que, se vier o convite de uma equipe maior, como profissional eu ficaria muito satisfeito”, admite Geninho, que sagrou-se campeão nacional pelo Atlético-PR, em 2001, e levou o Goiás ao terceiro lugar do Brasileirão quatro anos depois.

Santos foi o primeiro clube grande treinado por Geninho (centro); de lá para cá são três décadas de carreira
Santos foi o primeiro clube grande treinado por Geninho (centro); de lá para cá são três décadas de carreira - Credito: Acervo/Gazeta Press


Geninho ainda especifica as diferenças entre a primeira e a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, detalha as ambições avaianas para 2015 e divide os méritos, tanto com os comandados quanto com os superiores, pelo retorno do Leão à elite do futebol nacional. 


GazetaEsportiva.Net - O que você aprendeu na Série B nesses dois anos? Quanto deste conhecimento pode ser usado na Série A?


Geninho - São campeonatos um pouco diferentes na maneira na qual são disputados. O tipo de futebol que se joga é um pouco diferente. Na segunda divisão disputa-se um campeonato mais competitivo. Na primeira divisão soma-se a competitividade com o espetáculo, (as equipes) às vezes se preocupam em jogar bem e dar espetáculo para conseguir o resultado, mas muitas vezes isso não acontece.


GE.Net - Na Série B não?


Geninho - Na Série B é diferente, você tem que jogar para somar pontos. Mesmo porque o regulamento permite que quatro equipes subam, então não é preciso necessariamente ser campeão, mas tem que ficar entre os quatro. Então você tem que jogar para somar pontos e todos os jogos são de vital importância, tem que começar o campeonato já somando pontos. E às vezes é preciso abrir mão de jogar bonito pelo resultado. O que eu aprendi muito na Série A me ajudou na Série B e algumas coisas que aprendi na B é claro que pode-se aplicar na A. O aprendizado é sempre muito importante.

Campeão paulista com o Timão em 2003, Geninho acumula títulos com Atlético-PR, Vasco, Goiás e Atlético-GO
Campeão paulista com o Timão em 2003, Geninho acumula títulos com Atlético-PR, Vasco, Goiás e Atlético-GO - Credito: Acervo/Gazeta Press


GE.Net - O maior objetivo para a próxima temporada é a manutenção do Avaí na elite?


Geninho - Se fizermos uma boa campanha, essa manutenção é tranquila. Então não podemos entrar no campeonato pensando apenas em permanência, porque é um erro. Se entrarmos pensando nisso, corremos um risco muito grande de cair. Tem que entrar pensando em fazer um bom campeonato, em brigar do meio para cima. 


Claro que é complicado dizer ‘nós vamos disputar título, Libertadores’, mas podemos brigar pela Sul-Americana e estaremos longe do fundo. Assim é possível alcançar dois objetivos: ficar na Série A e ao mesmo tempo fazer uma boa campanha.


GE.Net - Quais são as diferenças entre chegar ao Avaí no meio da temporada e começar um trabalho do início?


Geninho - É ruim pegar o trabalho pelo meio, porque você tem que trabalhar com um grupo que não foi montado por você e não vai ter aquela preparação. No Avaí acabou sendo bom porque cheguei na época da Copa do Mundo. Não tinha o meu grupo, mas consegui trabalhar com esse grupo e assim tivemos aquele crescimento. 


Não é bom pegar um elenco já formado em um campeonato em andamento. É mais difícil de trabalhar. Mas muitas vezes acontece, dentro da rotatividade do futebol brasileiro. Como o treinador é muito descartável em qualquer situação, isso acontece. 


GE.Net - Como foi o acolhimento no Avaí? Você se sente idolatrado pelo acesso, ainda que com poucos meses de casa?


Geninho - Não, não. O que sinto é que tive o trabalho reconhecido. Tive uma boa participação, mas não fui o único responsável. Fui uma das peças que acabaram levando o Avaí a conseguir isso. Claro que o torcedor escolhe ídolos, e isso é próprio do torcedor: escolher um ou dois jogadores. É mais difícil escolher um técnico e, quando isso acontece, é uma exceção à regra.


Fico satisfeito de ter tido, da torcida e da imprensa, o reconhecimento de que meu trabalho foi importante. Mas não fiz nada sozinho. Eu chego, planejo e trabalho, mas a execução não é minha. Consegui passar para o grupo um projeto que eles acabaram executando bem, então foi uma divisão de méritos.

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