Retrospectiva F-1: 2014, o domínio da Mercedes e a ascensão da Williams - Gazeta Esportiva
Retrospectiva F-1: 2014, o domínio da Mercedes e a ascensão da Williams

Retrospectiva F-1: 2014, o domínio da Mercedes e a ascensão da Williams

Gazeta Esportiva

Por Gazeta Press

01/01/2015 às 09:00

São Paulo, SP


A Fórmula 1 tem sido historicamente um esporte que vive de fases. Dada a complexidade dos equipamentos que compõem um carro da categoria, e o nível de tecnologia envolvida, não é fácil tornar um projeto ruim em um que vence corridas.


Como consequência, vemos que em geral uma ou duas equipes "acertam a mão" e produzem os melhores conjuntos. Estas despontam, vencem corridas e campeonatos. A cada mudança mais acentuada no regulamento técnico, uma nova oportunidade se abre para a renovação no pódio.


Em 2007 e 2008, Ferrari e McLaren dominavam as primeiras posições e lutaram pelo título - cada uma levou um. No ano seguinte, foram implementadas grandes mudanças no regulamento afetando a parte aerodinâmica dos carros. A Red Bull, com seu projetista Adrian Newey e o jovem piloto alemão Sebastian Vettel, se tornaram a principal força do grid. O sucesso da escuderia austríaca durou quatro temporadas, com títulos sucessivos do Mundial de Pilotos e o de Construtores.


Para 2014, uma nova rodada de mudanças radicais indicava que o botão "Reset" seria mais uma vez acionado. Os novos carros seriam completamente diferentes, a começar pela aposentadoria dos motores V8, substituídos pelos V6 turbo aspirados de 1,6 litros. Com o foco deixando de ser a parte aerodinâmica e concentrado no conjunto propulsor, a Mercedes desbancou a Red Bull e surgiu como a equipe a ser batida.


O domínio da escuderia alemã, entretanto, foi avassalador: 16 vitórias, superando o recorde de McLaren (1988) e Ferrari (2002 e 2004), sendo 11 dobradinhas, também um novo recorde. Foram 18 poles, 11 de Nico Rosberg e sete de Lewis Hamilton, e só Felipe Massa conseguiu superá-los.


A Mercedes apresentou um motor muito superior aos demais e liderou o Mundial de ponta a ponta (Foto: F-1/Site)
A Mercedes apresentou um motor muito superior aos demais e liderou o Mundial de ponta a ponta (Foto: F-1/Site) - Credito: Divulgação


A Williams do brasileiro foi um dos destaques do ano. Depois de um 2013 para esquecer, quando terminou em nono lugar entre os Construtores com apenas cinco pontos, a escuderia inglesa trocou os motores Renault pelos Mercedes e conquistou nove pódios, 320 pontos e o terceiro lugar.


A Red Bull fez de tudo para superar as deficiências do motor francês, e ainda conseguiu fechar o ano com o vice-campeonato.


HAMILTON X ROSBERG


A temporada começou com um passeio de Nico Rosberg na Austrália, e na sequência foi a vez de Lewis Hamilton vencer quatro provas seguidas (Malásia, Bahrein, China e Espanha). Rosberg voltou a vencer em Mônaco, fechando uma sequência de cinco dobradinhas da Mercedes nas primeiras seis etapas. A esta altura, já estava claro que a disputa do título ficaria entre os dois pilotos da Mercedes.


Com uma disputa interna valendo título, era de se esperar que as coisas esquentassem entre Hamilton e Rosberg. O primeiro episódio de destaque nesta briga aconteceu em Mônaco. No final do treino classificatório, após cravar a pole, Rosberg cometeu um erro e provocou uma bandeira amarela na pista. Hamilton ficou impedido de tentar superar a posição no grid do companheiro, e ficou claro que o ocorrido com Rosberg era, no mínimo, suspeito.


Foi no GP de Mônaco que ocorreu o estopim da rivalidade entre os companheiros de Mercedes, Rosberg e Hamilton (Foto: F-1/Site)
Foi no GP de Mônaco que ocorreu o estopim da rivalidade entre os companheiros de Mercedes, Rosberg e Hamilton (Foto: F-1/Site) - Credito: Divulgação


O clima na equipe se deteriorou, e, coincidentemente, os resultados na pista também. Hamilton venceria somente uma prova nas próximas sete etapas, enquanto Rosberg venceu três. Foi nessa fase que o australiano Daniel Ricciardo venceria as únicas três corridas do ano que a Mercedes não levou.


A temporada chegava na sua reta final e Rosberg, liderava com certa folga. O alemão tinha menos vitórias do que Hamilton, 4 contra 5, mas era mais regular e sofrera menos com incidentes de prova e falhas mecânicas. O britânico, por sua vez, precisava superar o mau momento psicológico e transformar sua velocidade em vitórias, e foi o que ele fez.


Com cinco vitórias consecutivas (Itália, Cingapura, Japão, Rússia e Estados Unidos), inclusive com ultrapassagens decisivas sobre o companheiro, Hamilton virou o jogo. Faltando duas provas para o final da temporada, o inglês tinha 22 pontos de vantagem sobre Rosberg, que já apostava na etapa derradeira em Abu Dhabi, com pontos dobrados, como sua única chance de título.


No GP dos Estados Unidos, no Texas, Hamilton abriu boa vantagem para as duas provas finais (Foto: F-1/Site)
No GP dos Estados Unidos, no Texas, Hamilton abriu boa vantagem para as duas provas finais (Foto: F-1/Site) - Credito: Divulgação


Rosberg liderou a dobradinha no Brasil e chegou na última prova dezessete pontos atrás. Mas Hamilton não estava disposto a deixar escapar o bicampeonato. Rosberg fez a pole em Abu Dhabi, mas Hamilton saltou na frente na largada e liderou a prova até o final. Desta vez foi o alemão quem sofreu com problemas mecânicos e terminou em décimo quarto.


Hamilton sagrou-se bicampeão de Fórmula 1, e tornou-se o primeiro a vencer com a Mercedes desde Juan Mauel Fangio em 1955. Ele também se tornou o primeiro britânico multicampeão desde Jackie Stewart em 1971, e superou Nigel Mansell como o britânico com o maior número de vitórias (33).


Por fim, Hamilton não titubeou e comemorou à la Ayrton Senna o título do bicampeonato (F-1/Site)
Por fim, Hamilton não titubeou e comemorou à la Ayrton Senna o título do bicampeonato (F-1/Site) - Credito: Divulgação


O QUE ESPERAR PARA 2015


Sem grandes alterações no regulamento técnico, a próxima temporada não deve apresentar grandes mudanças no equilíbrio de forças. A Mercedes dificilmente perderá seu domínio, dada a enorme vantagem que durou até o final de 2014. A Williams, porém, evoluiu bastante ao longo do ano e fechou em alta. Mas o segundo lugar de Felipe Massa em Abu Dhabi, perseguindo Hamilton nas últimas voltas, não pode ser considerado um indicativo de equilíbrio, já que o britânico tinha a prova e o título nas mãos e visivelmente andava sem correr maiores riscos.


A Red Bull dependerá da evolução dos motores Renault. O carro é muito bom, talvez o melhor em termos aerodinâmicos. Mas o casamento com o conjunto propulsor não se equivale ao da Mercedes.


Ferrari e McLaren são duas grandes incógnitas. Após completarem uma temporada sem vitórias pela primeira vez desde 1980, elas que são historicamente as duas principais equipes da categoria, terão muito trabalho em 2015. Ambas vêm passando por uma grande reestruturação e terão duas novas duplas de pilotos, todos campeões mundiais: Sebastian Vettel e Kimi Raikkönen na escuderia italiana, e Fernando Alonso e Jenson Button na inglesa.

Felipe Massa é a maior esperança do Brasil em uma boa temporada de 2015 (Foto: F-1/Site)
Felipe Massa é a maior esperança do Brasil em uma boa temporada de 2015 (Foto: F-1/Site) - Credito: Divulgação


A McLaren retomará a parceria com a Honda, que retorna à Fórmula 1 como fornecedora de motores, e tentará reviver a melhor fase de sua existência, quando conquistou vários títulos com Ayrton Senna e Alain Prost.


Para os brasileiros, a grande novidade será um grid novamente com dois pilotos nacionais. Além de Massa, Felipe Nasr assinou com a Sauber para 2015. Ex-piloto de testes da Williams, Nasr estreará como titular no próximo ano. A Sauber, entretanto, não vive seu melhor momento. Em 2014, terminou o Mundial sem marcar pontos e como a equipe que completou o menor número de voltas.


Assim, a esperança continuará recaindo sobre os ombros do veterano Massa. O brasileiro voltou a ter um início ruim em 2014, como tem acontecido desde 2010, mas terminou o ano recuperando a confiança e a performance nas pistas.


Nas primeiras dez etapas de 2014, Massa marcou apenas 30 pontos, e levou uma surra do companheiro de equipe, o finlandês Valtteri Bottas, que somou 91. Mas, a partir do meio da temporada, o brasileiro reagiu, subiu três vezes no pódio, e conquistou 104 pontos, contra 95 de Bottas. Considerando as últimas nove provas do ano, Massa seria o quarto colocado no Mundial, atrás apenas da dupla da Mercedes e de Daniel Ricciardo.


CONFIRA A CLASSIFICAÇÃO FINAL DO MUNDIAL 2014:


PILOTOS


1º Lewis Hamilton (ING/Mercedes) - 384 pontos
2º Nico Rosberg (ALE/Mercedes) – 317
3º Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull) – 238
4º Valtteri Bottas (FIN/Williams- 186
5º Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) – 167
6º Fernando Alonso (ESP/Ferrari) – 161
7º Felipe Massa (BRA/Williams) – 134
8º Jenson Button (ING/McLaren) – 126
9º Nico Hulkenberg (ALE/Force India) – 96
10º Sérgio Perez (MEX/Force India) – 59
11º Kevin Magnussen (DIN/McLaren) – 55
12º Kimi Raikkönen (FIN/Ferrari) – 55
13º Jean-Eric Vergne (FRA/Toro Rosso) – 22
14º Romain Grosjean (FRA/Lotus) – 8
15º Daniil Kvyat (RUS/Toro Rosso) – 8
16º Pastor Maldonado (VEN/Lotus) – 2
17º Jules Bianchi (FRA/ Marussia) – 2


CONSTRUTORES


1º Mercedes - 701 pontos
2º Red Bull-Renault – 405
3º Williams-Mercedes – 320
4º Ferrari – 216
5º McLaren-Mercedes – 181
6º Force India-Mercedes – 155
7º Toro-Rosso-Renault – 30
8º Lotus-Renault – 10
9º Marussia-Ferrari - 2

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