Em seu primeiro torneio ATP, disputado no Rio de Janeiro, Thiago Monteiro venceu o francês Jo-Wilfried Tsonga, então nono colocado do ranking mundial. Na semana seguinte, bateu o espanhol Nicolas Almagro, ex-integrante do top 10, e fez quartas de final em São Paulo. Os resultados surpreenderam a todos, com exceção do técnico Larri Passos.
Larri impediu Monteiro de abandonar tênis
O tenista cearense de 21 anos é mais uma cria do mentor de Gustavo Kuerten, tricampeão de Roland Garros e líder do ranking mundial por 43 semanas. Thiago Monteiro trabalhou sob o comando de Larri de 2008 a 2014 e alcançou a segunda colocação da lista juvenil.
“Viajei muito pela Europa com o Thiago e ele é bem respeitado por lá. Com 18 anos, jogava de igual para igual com ex-top 50. Jogou bastante na Europa na fase de transição. Quem conhece tênis sabe o potencial dele: braços longos, pegada forte, jogador de estilo europeu. Tem uma bola muito pesada. Meus braços e corpo sabem bem disso (risos)”, disse Larri à Gazeta Esportiva.
Além de Gustavo Kuerten e Thiago Monteiro, o técnico revelou o ex-tenista Tiago Fernandes, campeão da chave juvenil do Aberto da Austrália 2010 e líder do ranking mundial da categoria, feitos inéditos para um brasileiro. Experiente, o treinador fala com empolgação sobre o futuro do jovem cearense.
“Nos seis anos que trabalhamos juntos, tínhamos duas letras na cabeça: RG (Roland Garros). Acho que pensar em top 100 é pensar pequeno. Veja o americano Taylor Fritz: 18 anos, top 100 e fez final de Memphis. Por que o brasileiro pensa pequeno? Sonhar mais alto é muito melhor”, afirmou.
Thiago Monteiro encerrou a parceria com Larri Passos de forma amigável em 2014 e atualmente treina no Rio de Janeiro com a equipe coordenada por João Zwetsch, capitão do Brasil na Copa Davis. Em recente entrevista à Gazeta Esportiva, o jovem recordou que seu ex-técnico foi decisivo para impedi-lo de abandonar o tênis na adolescência.
Com a colaboração de Larri e Guga, Thiago Monteiro, então com 15 anos, viajou aos Estados Unidos para ser sparring da eslovaca Daniela Hantuchova, à época comandada pelo técnico brasileiro. Após três semanas no exterior, ele disputou um torneio future em São Paulo e pediu folga para viajar a Fortaleza. Confuso, pensou em deixar o tênis.
“Foi para o Ceará, encontrou os amigos e deu aquela ‘piradinha’. Ficamos uma hora trocando ideias na sala de fisioterapia da academia. Ele chorou e saiu dando risada. Depois, deslanchou. Liguei para o Guga e disse: ‘Não podemos mais deixar ele ir para Fortaleza. Vai que encontra o (cantor) Fagner lá e bota nosso projeto a perder?’ O Guga dava risada”, recordou Larri.
Gustavo Kuerten, na condição de agente, segue participando da carreira de Thiago Monteiro. O jovem costuma falar com gratidão de Larri Passos, com quem também mantém boa relação dois anos após o final da parceria iniciada na temporada de 2008.
“O Guga sempre participa de todas as decisões e procurava acompanhar os treinos lá na academia. A ida para treinar no Rio de Janeiro também foi decidida em harmonia entre eu, o Guga e o João. Tenho uma relação muito bacana com meus ex-jogadores. O Thiago é especial: simples, guerreiro e tem um pouco do meu passado. Eu me empolgo bastante com a evolução dele”, disse Larri.
Thiago Monteiro iniciou a temporada na 463ª colocação do ranking mundial. Após alcançar a segunda rodada no ATP 500 do Rio de Janeiro e disputar as quartas do ATP 250 de São Paulo, ele ocupa o 236º posto, seu recorde. Nesta sexta-feira, derrotou o argentino Juan Ignacio Londero e se classificou à semifinal do Challenger de Santiago, em que enfrenta o compatriota Rogério Dutra Silva, o Rogerinho.
