Dvorkovich, de 50 anos, foi o vice-premiê do presidente Vladimir Putin de 2012 até sua eleição para a presidência da FIDE em 2018.
Ele recebeu o apoio de 157 das 179 federações nacionais de xadrez reunidas em Chennai (Índia), anunciou o presidente da comissão eleitoral da FIDE, Roberto Rivello.
Seu rival, o grande mestre ucraniano Andrii Baryshpolets, recebeu apenas 16 votos. Cinco federações optaram pela abstenção e uma votou nulo.
Arkady Dvorkovich is reelected for a second term as President of the International Chess Federation, with 157 votes against 16.
Viswanathan Anand is the new FIDE Deputy President. pic.twitter.com/iTrYMTrTiG
— International Chess Federation (@FIDE_chess) August 7, 2022
A reeleição de Dvorkovich é uma "vitória muito significativa", celebrou o Kremlin. "Evidentemente é uma ótima notícia", disse o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov.
Depois da invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro, muitos representantes russos foram afetados por sanções e alguns competidores foram excluídos de entidades esportivas internacionais. Mas Dvorkovich conseguiu manter o posto.
Antes da votação na assembleia geral da FIDE em Chennai, que acontece à margem da Olimpíada de Xadrez, Baryshpolets acusou Dvorkovich de manter "enormes vínculos com o governo russo".
"Você, Arkady, é responsável pelo que acontece agora na Ucrânia. É responsável pela ascensão do governo russo e pala máquina de guerra da Rússia. E nós, como mundo do xadrez, como podemos permitir isto?", questionou o ucraniano.
Dvorkovich respondeu que adotou "uma posição forte a respeito dos trágicos eventos na Ucrânia" e que apoiou uma redução da participação da Rússia na FIDE.
Em março, Dvorkovich pareceu criticar a ofensiva russa quando ao declarar que seus "pensamentos estão com os civis ucranianos".
"As guerras não matam apenas vidas inestimáveis. As guerras matam esperanças e aspirações, congelam ou destroem relacionamentos e vínculos", disse Dvorkovich ao site de notícias americano Mother Jones.
Mas diante da onda de críticas que seus comentários receberam na Rússia, Dvorkovich declarou que "não havia espaço para o nazismo ou o domínio de alguns países sobre outros".
Estas palavras foram percebidas como um apoio ao Kremlin, que retrata a Ucrânia como um país comandado por nazistas e acusa o Ocidente de tentar dominar o país vizinho.
Domínio histórico russo no xadrez
A Rússia domina o mundo do xadrez há décadas. Durante 23 anos, o excêntrico político e bilionário russo Kirsan Ilyumzhinov comandou a FIDE, até sua expulsão em 2018. Ilyumzhinov alegava ter encontrado extraterrestres.
Dvorkovich, no entanto, foi considerado um administrador competente, especialmente durante a pandemia de covid-19.
Ele escolheu o indiano Viswanathan Anand, cinco vezes campeão do mundo e um dos nomes mais importantes do xadrez atual, como seu companheiro de chapa nas eleições da FIDE.
"Nós concorremos com base em um histórico sólido e das conquistas dos últimos quatro anos de Dvorkovich e sua equipe", disse Anand em entrevista à AFP em julho.
44th Chess Olympiad! #ChessOlympiad
July 28 - August 10
Chennai, India
Games start at 15:00 IST | 11:30 CEST
Website: https://t.co/Jiliyd1da1
Live: https://t.co/HfLhzU4bMy pic.twitter.com/zt1ZSge2WJ
— International Chess Federation (@FIDE_chess) July 26, 2022
"As decisões do presidente demonstraram claramente que ele é independente da influência do Kremlin. Além disso (a FIDE) desenvolveu laços com vários patrocinadores e países, e conseguiu organizar a maioria dos eventos da FIDE, como o Campeonato Mundial (...) fora da Rússia", acrescentou.
Em um comunicado, a FIDE afirma que "a vitória por ampla margem de Dvorkovich demonstra que ele conquistou a confiança das federações que integram a FIDE e da comunidade do xadrez em geral".
"Não julgaremos os cúmplices da votação de hoje, a história fará isso", reagiu no Twitter a conta "Fight for Chess", que reúne a equipe de campanha de Baryshpolets.