Eliana Busch, a nadadora chilena de 89 anos com sede de glória - Gazeta Esportiva
Eliana Busch, a nadadora chilena de 89 anos com sede de glória

Eliana Busch, a nadadora chilena de 89 anos com sede de glória

Gazeta Esportiva

Por AFP

02/04/2024 às 15:38

São Paulo, SP

Enérgica, Eliana Busch dá uma braçada atrás da outra sem perder o ritmo. Ele entra e sai na piscina de 25 metros. Uma, duas, três, quatro vezes... Nada mal para esta chilena de 89 anos que acaba de vencer uma competição internacional.

Início de março, Campeonato Mundial de Masters de Natação em Doha, no Catar. Busch aguarda algumas japonesas que tinham vencido o Mundial anterior em Kyushu (Japão), do qual a chilena não participou. Suas adversárias, de sua mesma faixa etária, nascidas entre 1930 e 1934, não aparecem para competir.

Busch faz a prova mesmo assim. "Nadei contra mim mesma. Não tinha nenhum registro de como eu estava indo. Tinha a obrigação de quebrar recordes para mostrar que, mesmo nadando sozinha, era a melhor", disse à AFP.

Nesta competição reconhecida pela Federação Internacional de Natação, ela obteve quatro medalhas de ouro: nos 100 e 200 metros livres, nos 50 metros peito e nos 50 metros costas. Nesta última prova, quebrou o recorde do Campeonato Mundial de Masters com o tempo de 1m04s.

"Se eu tivesse nadado contra os homens, teria ganhado", afirma Busch, divorciada e mãe de dois filhos.

 

Esporte no sangue


Ela tem o esporte no sangue. Começou a nadar aos 9 anos e aos 13 já era campeã nacional.

Em setembro deste ano, Busch vai completar 90 anos com um mantra na ponta da língua: "Não gosto de perder. Faço o possível para ganhar".

Na década de 1950, estampou capas de jornais e revistas com traje de banho, recortes que guarda e exibe com orgulho.

Aos 20 anos, casou-se com um oficial de cavalaria e trocou a natação pela equitação, semelhante ao hipismo. Modalidade na qual Busch também conseguiu ser a melhor em nível nacional. Sua sala é decorada com pinturas e esculturas de cavalos.

Mas aos 78 anos, sofreu um acidente que a levou de volta às piscinas, não para se recuperar, mas sim para competir.

"Caí tentando domar um potro árabe e quebrei o antebraço, a clavícula e algumas costelas", relata. "Já tinha sofrido fraturas várias vezes (...) mas esta doeu muito. Meus filhos me disseram 'Mãe, se você gosta tanto de competir, por que não se dedica à natação?"

Ela voltou e começou a vencer torneios para veteranos: Sul-Americano de 2016, Pan-Americano de 2018, Mundial de 2019 em Kwangju (Coreia do Sul).

Entre a primeira e a segunda conquista, sofreu um ataque cardíaco. Há sete anos, ela compete com um marca-passo e é capaz de nadar até 1.500 metros.

Ela treina pelo menos quatro vezes por semana e dá aulas de natação em uma piscina municipal de Viña del Mar, em seu país natal.

"Quero transmitir aos idosos que a vida se vive até ao último minuto. Façam alguma coisa, não precisam ser nadadores, mas não fiquem em casa deitados", aconselha.

Sua mensagem parece falar mais alto que sua técnica: "A energia que ela entrega é maravilhosa. Você cansa, fica exausta, mas ela continua, é impressionante", resume a auxiliar de enfermagem Patricia Aravena, de 55 anos, uma das alunas de Busch.


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