Segura de que voltará a andar, Laís Souza execra rótulo de "atleta gay" - Gazeta Esportiva
Segura de que voltará a andar, Laís Souza execra rótulo de "atleta gay"

Segura de que voltará a andar, Laís Souza execra rótulo de "atleta gay"

Gazeta Esportiva

Por GazetaEsportiva.net

25/03/2015 às 14:01

São Paulo, SP


Um ano e dois meses depois do acidente que a deixou em uma cadeira de rodas, a ex-atleta Laís Souza já conquistou algumas pequenas vitórias no longo caminho que é sua recuperação. Submetida a um tratamento com células-tronco, a paulista de Ribeirão Preto já respira sem a ajuda de aparelhos e se recupera em casa, ao lado da família. Apesar das dificuldades, Laís não tem dúvidas de que vai recuperar os movimentos.


“Meu quadro era desolador. Quebrei o pescoço e lesionei a terceira vértebra (C3) da coluna cervical que, além de quebrar, sofreu deslocamento e comprimiu as debaixo. Fora a lesão medular completa. E assim a vida seguiu: foram seis meses de hospital, entre crises de choro e de revolta, mas resolvi me focar nas minivitórias. A primeira foi respirar sem aparelhos. Como o impacto na medula tinha feito meu diafragma parar de funcionar, tive que fortalecê-lo”, afirmou a ex-ginasta em entrevista à revista Glamour. “E tenho certeza de que vou voltar a andar", garantiu.


Depois de disputar as Olimpíadas de Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012 como ginasta, Laís começou a se preparar para representar o Brasil no esqui aéreo nas Olimpíadas de Inverno de Sochi, na Rússia. No dia 27 de janeiro de 2014, enquanto se treinava a modalidade em Salt Lake City, nos Estados Unidos, Laís se chocou com uma árvore. A ex-ginasta estava acompanhada da amiga Josi Santos e pelo treinador Ryan Snow e foi prontamente atendida, o que salvou sua vida, mas a deixou tetraplética. 


"Era o primeiro dia de treino bem leve depois de meses de treino pesado. Acordei me sentindo bem, sem dores e orgulhosa por ter conseguido a classificação pra Olimpíada de Inverno de Sochi. Aos 25 anos, depois de três Olimpíadas como ginasta, tinha conseguido me reinventar e provar que também era boa no esqui aéreo. Até vir o acidente e o pesadelo começar", relembra. “Até que, do nada, bati numa árvore e apaguei. Foi tão, mas tão rápido! Só fui acordar dentro do helicóptero, já recebendo os primeiros socorros. Vomitava muito. Acabei engolindo e aspirando vômito, o que mais tarde descobri ter agravado meus problemas respiratórios. Apesar do susto e do mal-estar extremo, ali já percebi que tinha alguma coisa errada comigo: não conseguia mexer o corpo”.


Desde então, Laís passou seis meses em um hospital em Miami, onde recebeu um tratamento experimental, recebeu três injeções de células-tronco e viu sua lesão ir de completa para incompleta”, o que foi considerado pelo médico um “grande avanço”. Laís voltou ao Brasil no início do ano e dá sequência à recuperação em Ribeirão Preto. Em janeiro, a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que lhe concede uma pensão vitalícia no valor de R$ 4.390,24 para auxiliar no processo de reabilitação.


Recentemente, a paulista recentemente assumiu ser bissexual e a informação gerou bastante repercussão na mídia. A ex-atleta afirmou que trata a bissexualidade com normalidade, mas está chateada com a situação e pediu para os holofotes se voltassem mais para maneiras de encontrar a cura para a paralisia do que para sua orientação sexual.


"As pessoas acham que o que mais mudou na minha vida foi o sexo. Gente, nem de longe essa é a questão! Sou bissexual e todo mundo sempre soube disso em casa. O que tem demais eu já ter namorado homens e mulheres? Preciso focar em melhorar", desabafou, rechaçando os rótulos que recebeu.


“Hoje estou solteira, mas o sexo é normal: posso beijar, transar e amar da mesma forma. Acontece que esse assunto me chateia. Desde que sofri o acidente, ganhei muitos rótulos. Primeiro, era a atleta acidentada. Depois, a atleta paraplégica. Agora, sou a atleta gay. Eu sou ‘só’ a Laís Souza! Por que minha opção sexual tem que ser manchete?! Quebrei o pescoço, poxa! A gente precisa de manchetes pra isso, pra que cada vez existam mais pesquisas que me tirem da porcaria dessa cadeira!", finalizou Laís.


Laís Souza rechaçou rótulos de
Laís Souza rechaçou rótulos de "paraplégica" e "gay" e pediu a atenção da mídia para pesquisas de tratamento da paralisia - Credito: Divulgação/Facebook

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