Jogo das Estrelas da LBF proporciona diálogo entre Bassul e Iziane - Gazeta Esportiva
Jogo das Estrelas da LBF proporciona diálogo entre Bassul e Iziane

Jogo das Estrelas da LBF proporciona diálogo entre Bassul e Iziane

Gazeta Esportiva

Por Bruno Ceccon, enviado especial

09/03/2015 às 10:00

Franca, SP


O Jogo das Estrelas da Liga de Basquete Feminino (LBF) reuniu Paulo Bassul, Iziane e Hortência no Ginásio Pedrocão. Na tarde do último sábado, foi possível observar o ex-técnico da Seleção Brasileira dialogando com a ala na beirada da quadra, minutos após o final da partida festiva.


Bassul e Iziane se desentenderam durante o Pré-Olímpico de Madri 2008, quando a ala se recusou a entrar em quadra na prorrogação diante da Bielorrússia e acabou afastada pelo então técnico do Brasil. O time se classificou para os Jogos, mas caiu logo na primeira fase em Pequim.


“Eram dois profissionais que estavam vivendo um momento, ela como atleta e eu como treinador. Cada um tem suas funções e obrigações e trabalha da melhor forma. Não tenho dúvida alguma que os dois tentaram fazer o que achavam melhor naquele momento”, disse Bassul à Gazeta Esportiva.


Sucessor de Gerasime “Grego” Bozikis na presidência da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Carlos Nunes convidou Hortência para atuar como diretora de seleções femininas em 2009. Reconduzir Iziane à equipe foi uma das primeiras providências da ex-jogadora.


Pressionado, Bassul convocou a então ala do Atlanta Dream para a Copa América 2009, e viu a atleta recusar o chamado. Em seu último trabalho como treinador, ele comandou o Brasil rumo ao título do torneio, mas acabou trocado pelo espanhol Carlos Colinas, com experiência apenas em seleções de base.

Ex-treinador da Seleção Brasileira, Paulo Bassul é o atual gerente técnico da Liga Nacional de Basquete (LNB)
Ex-treinador da Seleção Brasileira, Paulo Bassul é o atual gerente técnico da Liga Nacional de Basquete (LNB) - Credito: Gaspar Nóbrega/Inovafoto
De 2009 a 2013, Hortência trabalhou com Paulo Bassul, Carlos Colinas, Ênio Vecchi e Luiz Cláudio Tarallo. “Enquanto você não encontra a pessoa que almeja, não pode ter medo de trocar. É como uma empregada doméstica: você contrata achando uma coisa e, depois, se não der certo, troca”, justificou a ex-jogadora em 2012.


Após a saída de Bassul, Iziane aceitou disputar alguns torneios pela Seleção Brasileira, como o Mundial da República Tcheca 2010 (nono lugar, pior resultado desde 1990) e os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011 (bronze). Dias antes dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, sob o comando do inexperiente Tarallo, acabou cortada por levar o namorado à concentração.


Atualmente, Iziane defende o Maranhão, Paulo Bassul é gerente técnico da Liga Nacional de Basquete (LNB) e Hortência, longe da CBB desde 2013, é uma espécie de madrinha da LBF. Nas novas realidades, os três se cruzaram no Jogo das Estrelas, disputado no último sábado.


“Eu sou bastante tranquilo. Aquilo não foi algo pessoal. Isso é muito importante e verdadeiro dentro de mim. É outra coisa você estar em um ambiente diferente, em um evento diferente, com funções diferentes. Sou muito de incorporar a função do momento”, disse Bassul.

A última competição oficial da ala Iziane com a camisa da Seleção Brasileira foi o Pan-Americano de Guadalajara?
A última competição oficial da ala Iziane com a camisa da Seleção Brasileira foi o Pan-Americano de Guadalajara? - Credito: William Lucas/Inovafoto
Ao final do Jogo das Estrelas, o ex-técnico da Seleção usou o pouco de voz que lhe restava para conversar com a reportagem. Como gerente técnico da LNB, ele se desdobrou dentro de quadra para garantir o bom andamento do evento. Passou inúmeras ordens pelo rádio, carregou a bandeira do Brasil após a execução do hino nacional e até tomou uma bolada.


“Tentei promover esse Jogo das Estrelas da melhor maneira possível. Dentre as minhas funções, está fazer com que os atletas se sintam bem atendidos. Tenho que ser profissional, e ela também foi, a ponto de lidar com naturalidade. Falamos apenas sobre o evento. Não posso tratá-la diferente por um momento profissional anterior”, afirmou, sem citar o nome da jogadora.


Questionado se as palavras trocadas com Iziane em Franca foram as primeiras desde o desentendimento de 2008, Bassul não soube precisar. “Eu olho para a frente. Não tenho problema em relação a isso. Nada, zero. Ela fez o papel dela de atleta do Jogo das Estrelas e eu, o meu de organizador”, resumiu.


Há três anos na LNB, Bassul não voltou a trabalhar como técnico desde que deixou a Seleção Brasileira. A exemplo de Hortência, ele viu da beirada da quadra a vitória do time de Iziane, devidamente trajado de amarelo, sobre as estrangeiras em Franca. Admitiu sentir saudades da função de treinador, mas se disse satisfeito.

Hortência acabou dispensada do cargo de diretora de seleções após a reeleição de Carlos Nunes na CBB?
Hortência acabou dispensada do cargo de diretora de seleções após a reeleição de Carlos Nunes na CBB? - Credito: William Lucas/Inovafoto
“Amo o basquete e ser treinador para mim é uma coisa de vocação. Queria desde os 12 anos e comecei aos 16. Ou seja, é algo bem forte na minha vida, mas valorizo muito também a questão de me sentir bem onde estou. Apesar da saudade da parte de direção e treinamento, posso dizer que gosto demais de trabalhar na Liga”, garantiu.


*O repórter viajou a convite da Liga Nacional de Basquete (LNB)

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