Os jogadores da equipe, famosa pelo bom trabalho realizado nas categorias de base, seguem com futuro indefinido. É o caso do ala-pivô Rafael Mineiro, integrante da Seleção Brasileira que se sagrou campeão dos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Reforço pontual do Bauru para enfrentar o Real Madrid no Mundial de Clubes neste fim de semana, no ginásio do Ibirapuera, o atleta admitiu a desagradável surpresa do elenco quando comunicado do fechamento do time.
"Foi um choque para a gente", contou Mineiro à Gazeta Esportiva. "Não esperávamos nem um pouco que isso acontecesse, ainda mais em uma grande equipe como o Limeira, que vinha dando sequência há tantos anos no NBB. Acho que pegou todo mundo de surpresa." A decisão deixa desempregados os armadores Nezinho, Deryk e Ronald Ramon, os alas David Jackson e Higor, o ala-pivô Dú Sommer e os pivôs Fiorotto e Matheus Pereira.
Não é a primeira vez que o Limeira sai de cena. O bicampeão paulista fechou as portas na temporada 2009/10, mas se reestruturou e voltou à ativa no ano seguinte. Mineiro, porém, admitiu que a situação está mais complicada agora devido à crise financeira que assola o País. "Todos os times estão fechados e a gente tem que sair. Estou bem assustado. Agora estou muito focado na disputa do Mundial com o Bauru, mas assim que sair daqui, vou começar a procurar outro time", explicou.
Futuro do ala-pivô após empréstimo ao Bauru é incerto (foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
O jogador confirmou que a equipe "acaba agora". A formação do interior não irá terminar o Campeonato Paulista, no qual teve um desempenho abaixo do esperado e disputaria o quadrangular de rebaixamento, e também ficará de fora do NBB 2015/16 e da Liga das Américas, para a qual conquistou vaga após o terceiro lugar no nacional. O anúncio foi dado através de uma reunião com a diretoria, que cancelou o treinamento e convocou os atletas para uma reunião.
"Isso assustou todo mundo. A gente achou que poderia ser alguma coisa pela saída rápida do Paulista, mas o presidente Cássio Roque nos avisou que não tinha condições mais de pagar a gente, e preferia deixar os jogadores livres agora para procurar outras possibilidades do que tentar manter uma equipe, atrasar salários e atrapalhar todo mundo", disse o mineiro de 27 anos.
Responsável por presidir a LNB, Cássio Roque declarou, durante o anúncio da parceria com a NBA, que uma das principais metas era a "estruturação dos clubes", com intuito de "estimular o crescimento do basquete no Brasil". Além de fortalecer o torneio brasileiro e chamar a atenção da mídia, investidores e patrocinadores para o esporte, os dirigentes já vinham promovendo intercâmbio com as equipes da principal liga do mundo.
Desde 2013, o Rio de Janeiro sedia edições anuais do Global Game - jogos da pré-temporada da NBA disputados fora dos Estados Unidos para divulgar a marca -, além de enviar times locais para jogar amistosos em terras norte-americanas. O pioneiro foi o Flamengo, derrotado por Orlando Magic, Phoenix Suns e Memphis Grizzlies no ano passado. Desta vez, será a vez do Bauru encarar New York Knicks e Washington Wizards, nos dias 7 e 11 de outubro.
"Fizemos o possível e o impossível para mantermos o projeto até aqui, mas chegou ao limite. A situação é embaraçosa, mas nós estamos saindo de cabeça erguida por honrarmos com tudo o que nos comprometemos", afirmou Cássio durante a coletiva em que anunciou a retirada da equipe das competições oficiais.
Mineiro, que atuará por empréstimo também nos amistosos internacionais, entende que o fim de um time que figura entre os melhores do Brasil é prejudicial para a modalidade como um todo.
"A gente sabe da dificuldade de todos os times, que todo mundo está passando. O Brasil em si está passando por uma crise, mas o Cássio estava ficando muito sozinho, sem patrocínio, e daí foi se estreitando para ele. Chegou uma hora em que ele não deu mais conta, e acho que é melhor agora do que ele tentar dar continuidade e não conseguir pagar salários. Enfim, criar um problema maior mais para a frente. Nós mesmos tentamos resolver de vários jeitos com ele, falamos para nos pagar mais para a frente, procurar outro patrocinador. Tentamos de tudo. Acho que, para ele chegar a tomar essa decisão, deve ter procurado muitas formas, mas não deu", lamentou o atleta.
Em meio às incertezas, o ala-pivô acha difícil esvaziar a cabeça e se concentrar apenas nos jogos conta o Real Madrid, mas garante que dará seu máximo para ajudar a equipe a conquistar o título inédito.
"Não é fácil. É a minha vida que está em jogo, eu já tenho que correr atrás e todas as equipes estão fechadas. Mas consigo, sim, me desligar bem e focar somente no Mundial agora", assegurou Mineiro, confiante para auxiliar o time de Guerrinha contra os campeões espanhóis. "Acho que temos totais chances. O Real Madrid é uma grande equipe, mas o Bauru também. Para chegar até aqui, mostrou sua força, conquistou a Liga das Américas. Vamos ver. Dentro da quadra acho que é todo mundo igual", acrescentou o jogador, sem descartar uma possível transferência para o Dragão da Cidade Sem Limites."Seria uma boa para mim, mas ainda não houve nenhuma negociação. Ainda estou focado somente no Mundial", insistiu.
