Em 2019, os jornalistas e professores Luciano Maluly, Marcelo Cardoso e Valdir Baptista (in memorian) começaram um trabalho de pesquisa sobre o treinador que levou a Seleção Brasileira de basquete feminino a conquistar o inédito título de campeã mundial, em 1994, na Austrália.
“Descobri o contato do professor Miguel pelo site de sua escolinha Basquete da Luz. Enviei um e-mail contando a ideia que foi positivamente correspondida. Logo depois, fui para o Rio de Janeiro, junto com o amigo Valdir, para encontrar o treinador. Quando ele nos disse que trabalhou em seis lugares enquanto treinava a seleção, veio um sentimento de que estávamos ali para contar a história de um campeão”, relembra Maluly.
Miguel Angelo também foi técnico da equipe que alcançou a única medalha de prata olímpica da modalidade, feito que ocorreu em 1996 nos Jogos de Atlanta, nos Estados Unidos.
A biografia revela a trajetória do desconhecido treinador carioca, e professor de educação física, que chegou desacreditado à Seleção e acabou coroado em 1994 como o melhor treinador de basquete do mundo.
O técnico ficou feliz por ter o seu trabalho contado após tanto tempo. “É motivo de muito orgulho para mim, saber que tem uma biografia contando os dois maiores feitos da história do basquetebol feminino brasileiro. Deixar para os meus netos, por exemplo, a narrativa desta linda passagem pela seleção, me deixa lisonjeado”, garantiu Miguel Angelo.
Entretanto, nem tudo correu bem durante a produção da obra. O falecimento precoce de um dos autores do projeto foi um baque para o grupo. Jornalista, cineasta e doutor em saúde pública pela Universidade de São Paulo (USP), Valdir Baptista, porém, serviu como inspiração aos demais.
O projeto ganhou fôlego com o planejamento de Marcelo Cardoso que realizou um mapeamento sobre o futuro biografado e os possíveis entrevistados. "Pensei em desistir da ideia, mas o talento e a força do professor Marcelo trouxeram um novo ânimo ao trabalho. Ele organizou pautas e entrevistas e começou a pesquisar conteúdos existentes sobre o tema", revela Maluly.
O trabalho começou no início da pandemia, quando foram realizadas quase trinta entrevistas com parentes e amigos do biografado, atletas, integrantes da comissão técnica, dirigentes, jornalistas e especialistas, muitos deles, que fizeram parte das conquistas dos títulos.
“O trabalho foi árduo, mas nos deu motivação para enfrentar a pandemia já que havia um importante objetivo a ser atingido. Luciano conhece muito da história do nosso basquete e articulou vários dos contatos”, ressalta Cardoso.
A pesquisa durou três anos e teve a colaboração de personagens que fizeram parte daquela história, entre eles, as jogadoras Hortência, Paula, Alessandra, Marta, Hellen e Cintia, os jornalistas Marcelo Barreto (do grupo Globo, responsável pelo prefácio) e Juarez Araújo e, também, Sérgio Maroneze e Hermes Balbino, respectivamente auxiliar-técnico e preparador-físico que atuaram com Miguel Angelo.
A biografia já está sendo produzida pela Editora Com-Arte, de São Paulo, uma das principais editoras universitárias da América Latina, e será lançada no primeiro semestre de 2024, quando se completam 30 anos, desde o título mundial (Junho de 1994), e 28 anos da conquista da medalha olímpica (Agosto de 1996).
A USP também colabora com a iniciativa por meio da parceria com os autores da obra que participam do Grupo de Pesquisa em Jornalismo Popular e Alternativo, da Escola de Comunicações e Artes.