Em seu último ato como presidente da Federação Russa de Atletismo (VFLA), Valentin Balakhnichev criticou a Federação Internacional da modalidade, Iaaf, pelo que considera um número abusivo de testes antidoping em atletas de seu país. Ele deixa a entidade após um escândalo de resultados positivos em diversos competidores russos.
“Queria pedir à Iaaf para criar um equilíbrio mais justo. É injusto quando 90 testes são feitos em atletas russos e apenas nove em britânicos no mesmo período. A média trabalhará contra nós. É injusto concentrar sua atenção em apenas alguns países”, disse Balakhnichev em uma reunião da VFLA nesta terça.
Valentin Balakhnichev renunciou ao cargo de presidente da entidade no início do mês depois que a Agência Antidoping Russa (Rusada) anunciou em janeiro que os medalhistas olímpicos da marcha atlética Olga Kaniskina (ouro em Pequim 2008 e prata em Londres 2012 na prova de 20km), Valeriy Borchin (ouro em Pequim 2008 nos 20km) e Sergei Kirdyapkin (ouro em Londres 2012 nos 50km) testaram positivo para substâncias proibidas.
O campeão dos 50km no Mundial de Daegu 2011, Sergei Bakulin, e Vladimir Kanaykin, prata nos 20km no mesmo ano, também foram flagrados e suspensos.
A Iaaf aumentou o número de exames em marchadores russo depois da veiculação de um documentário produzido pela emissora alemã ZDF/ARD. A obra alega que o uso de doping é disseminado entre atletas russos, fato negado por Balakhnichev, que chamou as acusações de “um monte de mentiras”.
O presidente da VFLA, no entanto, admitiu que o trabalho para coibir o uso de substâncias proibidas não tem sido eficiente. “A maior dificuldade é trabalhar nas diversas regiões do país. Até pouco tempo atrás, elas não assumiam responsabilidade. Quando alguém acabava flagrado, era sempre uma surpresa”, afirmou.
Balakhnichev, que move um processo contra a emissora alemã ARD, terá seu cargo ocupado por Vadim Zelichenok, então seu vice-presidente. “A Federação está saudável, não há dívidas. O único problema é o doping”, garantiu.
