Federação Europeia de Atletismo quer anular recordes anteriores a 2005 - Gazeta Esportiva
Federação Europeia de Atletismo quer anular recordes anteriores a 2005

Federação Europeia de Atletismo quer anular recordes anteriores a 2005

Gazeta Esportiva

Por Redação

02/05/2017 às 17:57

São Paulo, SP

O documento com as propostas foi divulgado na reunião do Conselho da entidade, em Paris (Foto: Divulgação/ IAAF)


Depois de acusações e revelações de doping contra atletas de todo mundo, uma ideia revolucionária está causando polêmicas no esporte. A Federação Europeia de Atletismo propôs a anulação de recordes anteriores a 2005, quando os testes antidoping não contavam com a tecnologia que têm hoje. O objetivo é aumentar a credibilidade dos recordistas e das próprias entidades. A Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) aceitou — e até apoiou— a proposta.

Os recordes atuais, estabelecidos fora dos padrões propostos pela organização, serão mantidos na lista de melhores marcas da história, mas não terão reconhecimento de recorde.

O projeto propõe que só sejam válidas as performances feitas em eventos aprovados pelas instituições. As competições devem ter altos padrões de arbitragem e equipamento técnico com garantia. Os atletas devem também ser submetidos a exames antidoping nos meses anteriores à performance. Além disso, a amostra de controle antidoping deve ser guardada e disponibilizada para novos testes pelos 10 anos seguintes.

A proposta também recomenta que o recorde seja retirado caso o atleta utilize substâncias químicas a fim de alterar seu desempenho, mesmo que estas não tenham impacto em sua melhor performance.

“Recordes que mostram os limites das capacidades humanas são uma das forças do nosso esporte, mas são sem sentido se as pessoas não acreditam realmente neles", declarou o presidente do Conselho Atlético Europeu, Svein Arne Hansen. "O que estamos propondo é revolucionário, não apenas porque a maioria dos recordes mundiais e europeus terão que ser substituídas, mas porque queremos mudar o conceito de recorde e elevar os padrões para reconhecimento a um ponto em que todos possam confiar que tudo foi justo e acima de questionamentos”, acrescentou.

A ideia será encaminhada à IAAF, com a recomendação que as duas organizações coordenem a implementação de uma nova lista de recordes.

Sebastian Coe, presidente da IAAF, disse gostar da proposta. “Gosto porque sublinha que nós (entidades) adotamos sistemas de controle antidoping e tecnologias que são mais robustas e seguras do que 15 ou mesmo 10 anos atrás", afirmou Coe. "Haverá atletas, atuais recordistas mundiais, que sentirão que a história que estamos recalibrando estará tirando algo deles, mas acho que é um passo na direção certa. E se for organizada e estruturada propriamente teremos uma boa chance de ganhar de volta a credibilidade nesta área”, disse.

Outro lado

Paula Radcliffe, corredora britânica e recordista mundial da maratona feminina, se sentiu injustiçada com a possibilidade de seu melhor tempo ser anulado. “Eu trabalhei muito para ter este resultado e ele sempre será válido para mim. Eu sei que consegui ele com trabalho duro, muito esforço e dentro de todas as regras, por isso, tenho muito orgulho”, escreveu ela em suas redes sociais. “As entidades têm a função de proteger atletas limpos, e eles estão falhando contra isso”, acrescentou a atleta que correu uma maratona em 2h15s25min.

Radcliffe também não acredita que esta seja a hora certa. “Embora estamos avançando, eu não acredito que chegamos no ponto em que temos um procedimento e um teste capazes de pegar todas as fraudes, então, por que começar do zero agora? ”, defendeu a atleta.  “Nós realmente acreditamos que um recorde feito em 2015 é totalmente limpo e um em 1995 não?”.

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