Às vésperas de estreia, Filipinho sonha com título mundial e revela mal-estar no Rio de Janeiro - Gazeta Esportiva
Às vésperas de estreia, Filipinho sonha com título mundial e revela mal-estar no Rio de Janeiro

Às vésperas de estreia, Filipinho sonha com título mundial e revela mal-estar no Rio de Janeiro

Gazeta Esportiva

Por Marcelo Baseggio*

08/03/2016 às 09:00

São Paulo, SP

Filipe Toledo é o surfista mais jovem do circuito mundial, com apenas 20 anos (Foto: Kirstin Scholtz/WSL)
Filipe Toledo é o surfista mais jovem do circuito mundial, com apenas 20 anos (Foto: Kirstin Scholtz/WSL)


Filipe Toledo se prepara para sua quarta temporada na elite do surfe mundial, que começa nesta quarta-feira, em Gold Coast, na Austrália. Com apenas 20 anos, ele é o surfista mais jovem do circuito e no ano passado esteve perto de igualar a marca de Kelly Slater, que conquistou seu primeiro título mundial com a mesma idade do brasileiro, sendo assim o detentor do título mais novo da história da Liga Mundial de Surfe, além do maior campeão, com 11 troféus. Sem conseguir o feito, já que Adriano de Souza, o Mineirinho, levou a melhor em Pipeline – última etapa do ano – o surfista natural de Ubatuba não coloca pressão sobre si mesmo, afirmando em entrevista à Gazeta Esportiva que 2015 foi uma temporada de bastante aprendizado.

“Creio que não era a hora, mas acho também que teve o fator “subjetividade” no julgamento e isso me colocou de fora da disputa. Estou tranquilo e confiante, adquirindo mais experiência em busca do título”, disse Filipinho, que acabou sendo eliminado ainda na terceira rodada pelo havaiano Mason Ho, dando adeus a qualquer possibilidade de conquistar o título, já que seus concorrentes avançaram na costa norte havaiana.

O nervosismo e a pressão por ter de se manter no topo durante toda a última temporada após seu bom começo na perna australiana acabaram deixando Filipe esgotado. Segundo o próprio surfista, foi necessário tirar alguns dias de férias em San Clemente, na Califórnia, onde atualmente reside. Depois, tratou de reiniciar os trabalhos, mas admitiu que não mudou em nada sua preparação para 2016, que tende a ser um ano promissor para ele.

“Não (mudei minha preparação). Apenas consegui descansar um pouco este ano... Tirei realmente uns dias de férias. Foi cansativo ano passado, mas agora já voltei aos treinos e estou preparado para a perna australiana”, comentou o surfista que tem Gold Coast e Bells Beach como algumas de suas etapas favoritas.

 

Brazilian Storm


Adriano de Souza, Filipinho e Gabriel Medina são os três principais destaques  do surfe brasileiro (Foto: Kelly Cestari/WSL)
Adriano de Souza, Filipinho e Gabriel Medina são os três principais destaques do surfe brasileiro (Foto: Kelly Cestari/WSL)


Membro da já famosa Brazilian Storm, nome dado ao grupo de surfistas brasileiros que vem dominando o circuito mundial nos últimos anos, Filipe Toledo deve ter uma missão ainda mais difícil caso queira terminar em primeiro do ranking ao fim da temporada. Neste ano haverá nove brasileiros na disputa além dos estrangeiros, como John John Florence, Julian Wilson e companhia. Na visão do surfista, o confronto entre todos será decidido nos detalhes e pelo alto nível dos competidores é até difícil eleger um favorito.

“Nosso time está cada vez mais forte e isso é muito empolgante! Todos são muito bons e cada detalhe será importante. Cada ano é diferente, não dá para dizer quem é o favorito antes da temporada começar. Mas todos são bons e podem surpreender ao longo do ano”, comentou.

O Brasil se afirmou como país do surfe em 2014, quando Gabriel Medina se tornou o primeiro brasileiro a se sagrar campeão mundial. Já em 2015 foi a vez de Adriano de Souza, o Mineirinho, levantar o troféu. O atual detentor do título é o brasileiro mais antigo do circuito, que ainda conta com Caio Ibelli, Italo Ferreira, Wiggolly Dantas, Miguel Pupo, Alejo Muniz, Jadson André e Alex Ribeiro.


Com o anúncio de Mick Fanning, que não irá disputar todas as etapas do ano para “dar um tempo” após passar por maus momentos na temporada passada, como o ataque de tubarão sofrido na África do Sul e a morte do irmão enquanto disputava o título em Pipeline, uma das maiores ameaças para os brasileiros será John John Florence, categorizado pelo próprio Filipinho como um surfista “quase completo”. O havaiano é o grande rival de Gabriel Medina e recentemente venceu o épico torneio de ondas grandes Eddie Aikau, se juntando a um seleto grupo de surfistas campeões da competição, como Kelly Slater e Bruce Irons.

“Nos damos muito bem! Ele (John John) é um cara muito humilde e gente fina. Ele tem um jeito meio introvertido, mas quando o conhecemos vemos que é engraçado também, além de ser um surfista quase completo”, disse o brasileiro que participou das gravações do filme do havaiano “View From a Blue Moon”.

Por fim, Filipinho aproveitou para dar um alerta aos organizadores das Olimpíadas do Rio de Janeiro. A cidade vem sendo alvo de críticas pela má qualidade das águas em que haverá competições, como Vela e Remo. No ano passado o brasileiro saiu da etapa do Rio de Janeiro como campeão, mas admitiu ter se sentido mal após seu desempenho na praia da Barra da Tijuca.

“Sem dúvidas precisamos ter um pouco mais de atenção com todos os atletas, isso não é brincadeira. Tenho visto reportagens e fico preocupado sim, já que no ano passado também fiquei meio mal no Rio”, concluiu.

Filipe Toledo enfrentará o compatriota Jadson André e o australiano Stuart Kennedy na estreia da temporada 2016 do circuito mundial, em Gold Coast, na Austrália. Os três disputarão uma vaga para a próxima rodada na bateria três, que deverá ser realizada na quarta-feira, caso o mar ofereça condições de competição.

*especial para a Gazeta Esportiva

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