Muller comenta novo desafio antes de estreia pelo Mesa Redonda - Gazeta Esportiva
Muller comenta novo desafio antes de estreia pelo Mesa Redonda

Muller comenta novo desafio antes de estreia pelo Mesa Redonda

Gazeta Esportiva

Por Lucas Toso*

02/07/2017 às 09:59

São Paulo, SP

Campeão do mundo com a Seleção Brasileira em 1994 e bi-campeão da Libertadores e do Mundial com o São Paulo em 1992 e 1993, o atacante Muller é o mais novo integrante da equipe de comentaristas do programa Mesa Redonda. Antes de sua estreia hoje às 21h (de Brasília), o craque falou com a Gazeta Esportiva sobre esse novo desafio na carreira.

Entusiasmado em dividir palco com jornalistas que o acompanharam durante sua carreira, como Flávio Prado e Wanderley Nogueira, Muller falou sobre o favoritismo da Alemanha para a Copa da Rússia em 2018 e a real situação da Seleção Brasileira no Mundial.

O ex-atacante ainda "vestiu a camisa" do São Paulo para falar sobre a atual fase ruim da equipe, comentando as dificuldades de Rogério Ceni em encontrar uma identidade. Muller também ressaltou que é essa identidade encontrada que vem transformando o Corinthians em grande favorito ao título do Campeonato Brasileiro de 2017.

Muller é o mais novo comentarista do Mesa Redonda (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)


Confira o bate-bapo completo com o craque que passou por todos os quatro grandes de São Paulo e ainda atuou por Portuguesa e São Caetano, além de Cruzeiro e outros clubes:

Gazeta Esportiva: O que você acha desse novo desafio de estar do outro lado do futebol, nos comentários da Gazeta Esportiva?

Muller: É um prazer, um privilegio, uma alegria trabalhar em uma nova casa, na TV Gazeta, em um programa que é referência. No domingo à noite todo mundo assiste ao Mesa Redonda, inclusive eu. Agora fazer parte da equipe é uma satisfação muito grande. Como já conheço o Flávio Prado, o Wanderley Nogueira e o Chico Lang, facilita. Como jogador, em especial o Wanderley, que acompanhou minha carreira toda como repórter de campo, nas viagens com a Seleção. O Flávio também. Isso ajuda bastante nesse contexto de amizade, afinidade. Você não chega no escuro, chega sabendo que é uma casa tranquila e uma equipe muito boa.

Gazeta Esportiva: E que time você considera melhor: a Seleção de 1994, o São Paulo Bi da Libertadores ou sua nova equipe no Mesa Redonda?

Muller: Quando eu jogava bola, os repórteres sempre perguntavam isso para mim porque eu joguei em todos os grandes de São Paulo. E eu sempre dizia que o melhor time para mim é o que eu estou trabalhando. Não pode ser diferente. Você tem que valorizar e dar importância naquilo que você está fazendo no momento e, para mim, a melhor casa é a Gazeta, que me abriu as portas e confiou nos meus comentários. Isso para mim é muito legal. Essa interação de alegria da Gazeta chamar e eu estar disposto a trabalhar aqui é legal. Quando ambas as partes estão felizes e com vontade, isso é legal.

GE: Como você enxerga o momento do futebol brasileiro atualmente? Acha que voltamos ao topo ou ainda falta algo?

M: Não voltamos para o topo não, com certeza. Essas pesquisas da Fifa, eu acho que a melhor pesquisa para um clube e uma seleção é a pratica, é o campo. Isso é uma lei que nunca vai mudar. Estamos vindo de um grande vexame da Copa de 2014. Todas as Eliminatórias o Brasil passou, com ou sem dificuldades, mas passou e disputou. E agora não vai ser diferente. Está classificado para a Copa da Rússia, mas não chega como favorito. Chega com uma grande expectativa de fazer um grande campeonato mundial. Favorito é a Alemanha, claro. Tem um time reserva na Copa das Confederações e está na final. Essa seleção sim você pode dizer que é favorita, porque pode-se dizer que tem três times praticamente. Eles têm um planejamento muito eficiente. Lá não tem a cobrança que tem aqui. É totalmente diferente. Eles dão muita importância à continuidade do trabalho e isso deu resultado. Já vimos isso no Brasil. Sabíamos que eles chegariam fortes e venceram a Copa com todos os méritos. A Copa não vai fugir muito do tradicional. Acredito que uma seleção que vai fazer um grande Mundial é o Chile, porque é uma geração nova e muito competente. Independente do treinador, ele deu continuidade ao trabalho anterior. É um time que marca bem e impõe correria com qualidade. Porque correr qualquer time corre, mas chegar com qualidade é diferente. E eles chegam. Estão na final das Confederações e acho que vão fazer um grande mundial.




GE: Como você, como um ídolo do São Paulo, analisa essa fase do Tricolor?

M: É claro que o São Paulo, tanto dentro quanto fora de campo, está passando por uma transição. Um clube passar por transição é normal, só que a do São Paulo parece que não está acabando. É uma transação sem eficiência. Os problemas internos estão refletindo absurdamente dentro de campo. Como são paulino fico muito triste de ver o clube nessa situação, a um ponto da zona do rebaixamento. Um time com a tradição não pode estar na tabela como agora. Tem que disputar título. Eu falo com tristeza. O Rogério está tendo dificuldade porque cada semana chega um jogador novo. E chega para jogar. O futebol hoje não tem tempo. Chegaram três novos agora, eles já fizeram 3, 4 treinos e têm que jogar, porque está precisando. Nessa situação é difícil o treinador achar um padrão para a equipe. Já está tendo dificuldades, imagine só cada semana chega uma nova contratação. Para você conseguir o entrosamento é muito mais difícil do que você chegar e preparar no começo da temporada. Na parte técnica a gente sabe que a defesa é fraca, expõe muito suas debilidades e já foi provado no Paulistão. No ataque não, tem o Lucas Pratto que é bom jogador, o Gilberto que é o artilheiro da temporada. Perdeu o Luiz Araújo, que é uma característica diferente para o segundo tempo, que quebrava a marcação, e hoje o time não tem mais esse jogador. O São Paulo ainda não tem um time, é um time em formação durante um campeonato difícil e equilibrado e isso faz com que o time tropece mais do que tenha sucesso. Ano passado perdeu para o Figueirense no Morumbi e o Figueira caiu para a Série B, para ver o equilíbrio que é o Brasileiro. São cinco, seis brigando por título, cinco, seis para não cair e seis ali pela Sul-americana. Se o São Paulo conseguir uma vaga na Libertadores, é título.

GE: Acha que o Corinthians está despontando mesmo como grande favorito ao título do Campeonato Brasileiro ou que outros times vão chegar fortes para a reta final também?

M: Esse momento de dificuldade que passou o Palmeiras na mudança de treinador fez com que o time demorasse um pouco para a alavancar no Brasileiro, mas já está ali entre os quatro. Sem dúvidas, o Corinthians é o favorito porque tem provado dentro de campo com um time limitado, em termos de elenco e não como time. É um time que tem qualidade, consistência e tem uma identidade. Quando tem identidade, o entrosamento é mais fácil. O jogador que entra não sente muito. Pode ver que na Colômbia jogou com o time reserva praticamente, três ou quatro titulares e o time não sentiu muito. Empatou. Acho que quando o treinador encontra um time, os jogadores que entram parecem que estão jogando há muito tempo. É a facilidade de um time que tem identidade. Agora quando não tem, como o Palmeiras e o São Paulo, o jogador que entra precisa resolver e é mais difícil, porque o jogador geralmente não é do mesmo nível do titular. E isso fica mais difícil para um time que não tem o entrosamento necessário. O Corinthians é favorito com certeza. O Grêmio é um time que, para mim, joga um futebol do mesmo nível do Corinthians, só que o Corinthians provou q é melhor e venceu em Porto Alegre. Dificilmente ele vai perder essa regularidade no segundo turno, porque temos ele inteiro pela frente ainda. Mas na regularidade em que está o Corinthians dificilmente eles perdem esse título.

*Especial para a Gazeta Esportiva

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