Em carta aberta, Fifa anuncia reformas para resgatar credibilidade perdida - Gazeta Esportiva
Em carta aberta, Fifa anuncia reformas para resgatar credibilidade perdida

Em carta aberta, Fifa anuncia reformas para resgatar credibilidade perdida

Gazeta Esportiva

Por Redação

18/12/2015 às 21:48

São Paulo, SP

The FIFA sign is seen at the entrance of world football's governing body headquarters in Zurich on October 20, 2015. FIFA's reform committee on October 20 issued an interim report calling for "significant changes" to its structure and operations in order to restore the reputation of world football's governing body.  AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI
Entre as medidas, estão a limitação do tempo de mandato para cargos elevados na entidade (foto: Fabrice Coffrini/AFP)


 

Nesta sexta-feira, a Fifa, entidade que regulamenta o futebol mundial, divulgou uma carta aberta assinada pelo presidente interino Issa Hayatou em que anuncia reformas na gestão a fim de resgatar a credibilidade perdida pela instituição devido ao envolvimento de dirigentes do alto escalão em casos de corrupção, que culminou com o afastamento de Joseph Blatter da presidência.


Entre as medidas contidas no texto, destacam-se a criação de comitês independentes fiscalizadores, a limitação do tempo de mandato para cargos elevados e a obrigatoriedade da presença de mulheres em todos os níveis de gestão do futebol.


A carta aberta da Fifa termina revelando o objetivo de promover as mudanças na entidade antes da Copa do Mundo de 2018, a ser realizada na Rússia. Hayatou considera que a meta pode ser alcançada no prazo estabelecido.


“Estamos convencidos de que se trata de um objetivo real. Em contrapartida, esperamos voltar o mais rápido possível a nos concentrar em nossa missão principal de promover e evoluir o futebol em todas as direções e para todos”, diz um trecho final do documento.


Veja abaixo a íntegra da carta aberta divulgada pela Fifa


Estimados amigos do futebol:


Durante este ano, a Fifa atravessou dificuldades sem precedentes e pode se ver confrontada com uma crise que se instalou nas bases do governo do futebol mundial. Neste momento, estamos na fase de mudanças absolutamente necessárias para garantir o futuro de nossa organização.


Não colocaremos em dúvidas o comportamento da maioria das pessoas que trabalham na gestão do futebol em um bom caminho e por motivos corretos. No entanto, se tornou claro que é preciso ser feita uma reforma integral do corpo para impedir futuros crimes e restabelecer a confiança na Fifa. Por esse motivo, este ano e imediatamente os que virão, serão os mais importantes para a Fifa desde a sua fundação, em 1904.


Um novo presidente da Fifa será eleito pelo Congresso, em fevereiro, oferecendo a oportunidade de começar um novo capítulo. É fundamental que saibamos que este será só o início. Durante os próximos anos, teremos que trabalhar duro para recuperar a confiança e o respeito dos torcedores, jogadores, dos parceiros comerciais e de milhões de praticantes que fazem do futebol o esporte mais popular do mundo.


Estamos confiantes que as novas medidas aprovadas pelo Comité Executivo da Fifa em dezembro, junto com as ações realizadas pelas polícias suíça e americana, irão lanças as bases para um órgão mais forte, transparente e responsável e com valores éticos impecáveis.


Gostaríamos de pedir a todas as federações que apoiem incondicionalmente, implementem e integrem em seu senso estas novas medidas. O futuro da Fifa e a evolução global do futebol depende do nosso pleno empenho, abraçando uma mudança na cultura de cima para baixo, através dos seguintes pontos de reforma-chave:


- Uma separação de poderes clara entre a vertente política do futebol mundial e as operações cotidianas econômicas e comerciais da Fifa - com a organização de competições e do investimento no desenvolvimento do futebol - contribuirá para proteger nossa integridade e evitar conflitos de interesses. Todas as transações financeiras serão monitoradas por um corpo independente.


- As federações deverão reproduzir esta estrutura e cumprir com os princípios de um bom governo, com a criação de órgãos judiciais independentes. Eles também serão responsáveis pela própria condução da equipe e quaisquer terceiros com quem trabalhem.


- Com a introdução de um limite de permanência de três mandatos de quatro anos para os cargos mais elevados, garantirão que em nada poderão gozar de poder e/ou influência.


- Um compromisso explícito nos Estatutos da Fifa para desenvolver o futebol feminino e promover a participação das mulheres em todos os níveis de gestão do futebol, para que, entre outras medidas, tenha no mínimo uma mulher entre os representantes da área em cada região para o novo Conselho da Fifa.


- Testes de integridade de uma entidade central independente para todos aqueles que venham a ocupar um cargo nos corpos e quadros superiores da Fifa.


- Os membros do novo conselho da Fifa devem ser eleitos pelas associações de cada respectiva região sob as novas regras de governo da Fifa e monitorada pelo novo e independente Comitê de Revisão Fifa.


- Membros mais independentes e devidamente qualificados de comitês fundamentais, tais como finanças, desenvolvimentos, governança e cumprimento para que as garantias de neutralidade e de observação dos requisitos sejam maiores.


- Mais participação por parte da comunidade do futebol (jogadores, clubes, ligas, federações etc) no processo de decisão.


- O compromisso ancorado nos Estatutos da Fifa de defender e respeitar todos os direitos humanos internacionalmente reconhecidos como parte de suas atividades.


É possível que mais para frente encontremos outros pontos e devemos esperar para ver os efeitos destas reformas, mas a nossa decisão de reformar a Fifa segue firme.


Nosso objetivo é estabelecer um órgão esportivo seguro, profissional e responsável antes da Copa do Mundo de 2018, na Rússia.


Estamos convencidos de que se trata de um objetivo real. Em contrapartida, esperamos voltar o mais rápido possível a nos concentrar em nossa missão principal de promover e evoluir o futebol em todas as direções e para todos.


Os centenas de milhões de fãs, os jogadores, treinadores e outros profissionais dedicados ao futebol ao redor do mundo, não merecem nada menos de nós, que temos o privilégio e a responsabilidade de dirigir o futebol global.


Atenciosamente,


Issa Hayat


Presidente interino da Fifa

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