Após denúncia, Fifa suspende Jérôme Valcke e abre investigação interna - Gazeta Esportiva
Após denúncia, Fifa suspende Jérôme Valcke e abre investigação interna

Após denúncia, Fifa suspende Jérôme Valcke e abre investigação interna

Gazeta Esportiva

Por Redação

17/09/2015 às 16:40 • Atualizado: 17/09/2015 às 21:51

São Paulo, SP

Jérôme Valcke teria feito acordos ilegais para desviar dinheiro da venda de ingressos (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)
Jérôme Valcke teria feito acordos ilegais para desviar dinheiro da venda de ingressos (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)


A Fifa comunicou na tarde desta quinta-feira que o secretário-geral Jérôme Valcke foi suspenso de forma imediata e liberado de todas as suas funções. Por meio de um breve comunicado, a entidade disse estar ciente das denúncias feitas contra o dirigente francês e assegurou que uma investigação interna foi aberta por seu Comitê de Ética. Segundo reportagem publicada pelo jornal Estado de São Paulo, nesta quinta, Valcke fez um acordo milionário com uma empresa de marketing para vender ingressos acima do preço tabelado para a Copa do Mundo de 2014. Ele teria lucrado 2 milhões de euros (cerca de R$ 8,6 milhões) com o esquema fraudulento.

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Responsável por supervisionar a organização da Copa do Mundo, Valcke, de 54 anos, causou revolta no Brasil ao dizer em 2012 que o País merecia "um chute no traseiro" por não cumprir o cronograma estipulado pela Fifa. A agência Associated Press informou que o francês negará as acusações de corrupção, mas ainda não houve um posicionamento oficial de seus advogados. Minutos após o anúncio da suspensão do dirigente, o Comitê de Ética da Fifa emitiu uma nota dizendo que "por questões de princípios, serão analisadas todas as informações trazidas à atenção [do órgão] de forma espontânea".

Valcke é o braço direito do presidente da Fifa, Joseph Blatter, desde que assumiu a função de secretário-geral, em 2007. A acusação de que ele estaria envolvido em atividades ilegais partiu de Benny Alon, empresário que atua na venda de ingressos para Mundiais da Fifa há mais de duas décadas. Além do desvio de verba, a empresa de Alon, a JB Marketing, acusou o sumiço de 8.300 ingressos que deveriam ser comercializados por ela. O empresário acordou com a Fifa, em 2010, os direitos sobre a venda de pacotes de ingressos VIP a partir de 2013, o que incluía a Copa das Confederações disputada no Brasil.

O esquema arquitetado nas doze cidades-sede da Copa garantiria a entrega de 11 mil ingressos à empresa de Alon para a comercialização. A princípio, a JB Marketing poderia escolher 12 jogos para os quais venderia os ingressos, mas as partidas foram renegociadas ainda em 2012, após reunião com Valcke. Segundo o novo acordo, a empresa poderia vender entradas para os principais jogos do torneio, incluindo todas as partidas da Seleção Brasileira. Os lucros sobre a comercialização seriam repartidos igualmente entre a empresa e o dirigente francês.

O empresário também revelou que soube da escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo de 2022 com oito meses de antecedência. Em reunião com Valcke, Alon foi informado que a JB Marketing não teria direitos sobre a venda de ingressos no país árabe. “Ele me disse: você negociou bem. Mas vocês não terão ingressos para 2022. Esse Mundial acontecerá no Catar”, declarou o empresário. Segundo ele, Valcke teria dito que o Catar “deu tanto dinheiro que não poderia negar-lhes o Mundial”.

Outras denúncias -  A pressão sobre Valcke na Fifa vinha crescendo desde maio, quando uma operação do FBI (polícia federal dos EUA) desmantelou um esquema de corrupção na entidade. Em junho, o jornal The New York Times reportou que o dirigente francês era investigado por ter movimentado propinas no valor de 10 milhões de dólares para que Jack Warner, ex-presidente da Concacaf, respaldasse a indicação da África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010. Não houve, no entanto, uma menção específica ao nome do ex-secretário-geral. O FBI ocultou os nomes dos suspeito no inquérito para não prejudicar a investigação.

O primeiro cargo de Valcke na Fifa foi como diretor de marketing, em 2003. Em dezembro de 2006, contudo, Blatter comunicou sua demissão após um juiz de Nova York multar a entidade em mais de 60 milhões de dólares por julgar que Valcke e outros dirigentes mentiram ao negociar acordos de patrocínio com as empresas Visa e MasterCard. O dirigente conseguiu uma apelação federal para derrubar a ordem judicial, em maio de 2007, e voltou a exercer suas funções no mês seguinte, dias após um novo acordo com a MasterCard ser anunciado. Nunca houve uma denúncia criminal contra ele neste caso.

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