Eurico assume responsabilidade total por queda e garante Jorginho em 2016 - Gazeta Esportiva
Eurico assume responsabilidade total por queda e garante Jorginho em 2016

Eurico assume responsabilidade total por queda e garante Jorginho em 2016

Gazeta Esportiva

Por Redação

07/12/2015 às 18:23 • Atualizado: 07/12/2015 às 19:12

São Paulo, SP

Após ser eleito em novembro de 2014, Eurico Miranda assumiu a presidência do Vasco novamente no início deste ano e viu o Cruz-Maltino ser rebaixado para a Série B pela terceira vez em sua história. Após a concretização da queda neste domingo, na última rodada do Brasileirão, o polêmico mandatário concedeu entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, assumindo a responsabilidade pelo descenso e garantindo a permanência da comissão técnica em 2016.

“Fiz questão de fazer esse pronunciamento sozinho, apesar de meus vices estarem todos aqui. O único e exclusivo responsável pelo rebaixamento sou eu, não quero transferir isso para ninguém. É uma mancha irreparável no currículo de 50 anos de Vasco. Esperava não ter que passar por isso. Os jogadores e a comissão me deixaram absolutamente satisfeito”, afirmou.

Porém, Eurico não deixou de culpar o ex-presidente Roberto Dinamite pela atual situação alvinegra. “Encontrei o Vasco num cenário de terra arrasada, causada por esse cidadão que passou aqui chamado Dinamite. Ele tem culpa desde o dia em que pensou em assumir a presidência. Só fez lambança. Levou a instituição a uma situação delicada. Passou sete anos no Vasco e não recolheu um centavo de imposto, de fundo de garantia, deixou com três meses de atrasos os salários de jogadores e funcionários. Então, tive que pagar uns impostos daquele último ano para regularizar a situação junto à Receita. Foram 14 milhões de reais. Por isso, não havia a menor condição de fazer os investimentos necessários para ter um time competitivo. Eu, vendo e como sempre verei até o último dia da minha vida, muito mais a instituição, tive que focar para que a gente resolvesse tudo”, criticou.

“O meu erro foi não ter superado essa barbaridade de problemas. Sempre tive condições de superar as dificuldades. O erro foi não ter recursos para fazer investimentos no time lá atrás. Hoje, o Vasco tem a sua situação fiscal plenamente regularizada, salários rigorosamente em dia e até mesmo antecipados”, completou.
Outro assunto tratado pelo dirigente foi a permanência do técnico Jorginho e de seu auxiliar, Zinho. Eles chegaram ao Vasco em agosto, com a difícil missão de salvá-lo do rebaixamento e, embora não tenham livrado o time da queda, conseguiram fazer um bom trabalho. Por isso, Eurico revelou que ambos serão mantidos para a próxima temporada.

“Eles permanecem, já foram informados. Perguntamos ao Jorginho, quando estávamos negociando: ‘Você acredita que o Vasco pode não cair? ’. Ele disse que sim. Então, contratamos. A gente sabia qual era a situação. Demos a ele o que precisava. O trabalho foi bem feito”, disse.

Eurico Miranda criticou a última gestão do Vasco em entrevista coletiva após o rebaixamento (Foto: Marcelo Sadio/CRVG)
Eurico Miranda criticou a última gestão do Vasco em entrevista coletiva após o rebaixamento (Foto: Marcelo Sadio/CRVG)


O presidente ainda falou sobre a situação dos atletas. “Só no caso dos jogadores que terminam o contrato, será analisado sobre renovação, mas a grande maioria não ficará. Hoje estou terminando com 43 jogadores no elenco. Então, vamos enxugar. Os que têm contrato permanecem. Martín é jogador do Vasco, Nenê também, não têm projeto. São vinculados até o fim do ano que vem e, para sair, precisam ser liberados, mas não tenho interesse. No Brasil, nenhuma chance de Nenê de se transferir. No exterior, se for algo bom para ele, sou obrigado a cumprir a cláusula”, explicou.

Polêmico, Eurico também não deixou de reclamar da arbitragem do Brasileirão. “Podem ter tido clubes prejudicados, mas ninguém foi mais prejudicado na arbitragem que o próprio Vasco. O Vasco mostrou que era uma constante até no último jogo, em um pênalti não marcado. Apesar de termos alertados a comissão de arbitragem, ela não tomou providência. Digo isso não para justificar, porque não uso desses artifícios. Faço em homenagem e a um grupo de jogadores que se dedicou e, no final, não concretizou seu objetivo. Quero deixar absolutamente claro e repito: não passo a responsabilidade para ninguém, é minha. Só estou dando considerações, porque tenho dever com a instituição, muito mais do que com a torcida ou com qualquer um”, esbravejou.

O elenco do Vasco se reapresentará no dia 5 de janeiro e, no dia 9, seguirá para Pinheiral (RJ), cidade vizinha de Volta Redonda. No Centro de Treinamento João Havelange, o Cruz-Maltino iniciará sua pré-temporada em 2016 visando à disputa do Campeonato Carioca e, posteriormente, da Série B.

Confira os outros tópicos da entrevista coletivo de Eurico Miranda:

Afastamento
Posso não estar 100%, mas nada que impeça que eu continue a honrar o compromisso que assumi a partir do ano passado. Aqueles que esperavam que eu chegaria e falaria que me afastaria, nenhuma chance. Vou ter que carregar isso para mim, mas, o Vasco, com certeza absoluta, retornará para o lugar que é dele. Tenho a solidariedade de toda a diretoria, vamos continuar, dar a volta por cima. Não é fácil, esperava terminar meu ciclo sem isso ter acontecido.

Motivação do elenco
Logo que assumi, conversei com os jogadores e disse que tinha dificuldades, mas ia cumprir os compromissos. O que eles assimilaram foi que acreditava no potencial deles, que poderiam atingir o objetivo. Quando todos acreditavam que havia acabado, eles encarnaram isso de que era possível. Eles não desanimaram.

Importância do Vasco
Num contexto nacional, ele tem de ser considerado como uma instituição que não fique no plano secundário, e reafirmo que, com todas as dificuldades, o Vasco está no contexto nacional, tem de ser ouvido. Os que estão no processo decisório têm que saber a importância, e o Vasco continua e continuará sendo respeitado.

Planejamento para 2016
Claro que os problemas persistem, mas posso garantir uma coisa: Não tenho problema nenhum com relação a esse ano e não terei no meu mandato, porque vou cumprir tudo. Agora, temos tempo de planejar sem ter que resolver problemas. Temos que voltar à Série A, mas podem haver outras conquistas, estamos planejando uma equipe para isso. Quanto ao problema de queda de receita, não preocupo. Durante o ano, administrei sem receita. Todas estavam comprometidas quando eu assumi. Não estou preocupado.

Jornalistas ex-jogadores
Sei perfeitamente que não sou uma figura simpática aos críticos, porque só aceito a crítica daqueles que sentaram na cadeira que eu sento. Não precisa ser presidente, mas que administraram um clube, conhecem os problemas. Conheço muitos filósofos. O Vasco foi vítima de um ex-jogador, pode ser ídolo, mas, como administrador, foi uma lástima. Outros ex-jogadores viram críticos, mas não vão receber nem 10% do que receberam jogando. Agora falam uma serie de baboseiras de quem desconhece. A única coisa que não vejo na imprensa é corporativismo. Jornalistas que têm que frequentar faculdade são obrigados a se submeter a ex-jogadores que passam a ser os grandes personagens da crítica.

Caixa
Não recebi nem a primeira parcela da Caixa. Não vou dar dinheiro para vagabundo. Esses vagabundos vão penar comigo para receber.

Antipatia ao Vasco
Tenho 50 anos nisso. Ter hostilidade não causa nenhum prejuízo ao clube ou a mim. Poucos adversários podem dizer que não ajudei. Eles não têm memória, podem não reconhecer. Estimulo rivalidade, acho que o Vasco não depende dos outros. “Não quero falar sobre a postura do Fluminense. Não influenciou e não influencia nada em relação a nós. Eles que continuem com a postura que acham certa. Cada palmo desse terreno foi rigorosamente adquirido. Não teve facilidade. Foi feito com recurso próprio. Estamos habituados a caminhar com nossos recursos.

Frases de efeito
Tenho algumas frases de efeito, porque tinha e tenho a obrigação de levantar a autoestima dessa instituição. Todos ouviram eu falar que o Vasco não iria cair. Isso traz uma responsabilidade, mas levanta a autoestima. Da forma como eu encontrei o Vasco, ele precisava disso para ser colocado no lugar dele. Tem gente que gostaria de ir para a Sibéria comigo. Tem problemas freudianos comigo. O que disse sobre Sibéria, poderia ser qualquer lugar mais distante. Se não tivesse razões, não ficaria aqui nem um dia. Tenho responsabilidade, mas não culpa pelo rebaixamento. É diferente. A culpa foi não poder fazer investimentos.

Programa de sócio torcedor
Como falei, encontrei uma terra arrasada. Muita gente fala do programa de sócio-torcedor. Havia contratos altamente lesivos que era preciso esperar acabar. Pode dar certo, vai acontecer.

Bom senso FC
O Bom Senso, defende, entre aspas, os jogadores. Agora, querem inventar uma liga, aí já não interessa o problema do descanso, da preparação. Como dá audiência, o resto não dá repercussão.

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