Reserva de Buffon, Rubinho confia em título e vê Juventus como exemplo - Gazeta Esportiva
Reserva de Buffon, Rubinho confia em título e vê Juventus como exemplo

Reserva de Buffon, Rubinho confia em título e vê Juventus como exemplo

Gazeta Esportiva

Por Ana Carolina da Silva, especial para a GE.Net

05/06/2015 às 09:22

São Paulo, SP


A temporada do futebol europeu está próxima do fim. Com ela, se encerram também as chances que o goleiro Rubinho tem de ser titular da Juventus. Não que isso seja um problema: o brasileiro afirma ter chegado à Velha Senhora ciente da situação que encontraria no clube, que tem o veterano Buffon como ídolo incontestável sob as traves.


Ex-Corinthians, o goleiro esteve próximo de atuar na última rodada do Campeonato Italiano, contra o Verona, quando a equipe já havia se sagrado campeã de forma antecipada. No entanto, uma gripe forte o obrigou a adiar a possibilidade, dando chance ao colega de banco de reservas Storari, com quem garante ter ótima relação.


Vencedor também da Copa da Itália, Rubinho quer ver o clube fechar a temporada impressionante com a tríplice coroa sobre o Barcelona, se diz “Juventus Football Club até o fim” e revela não ter interesse em voltar para o Brasil tão cedo, mesmo sem atuar com frequência na Europa.


Ainda em conversa com a Gazeta Esportiva.Net, o brasileiro “bom de grupo” deixou sua avaliação sobre a crise de qualidade vivida pelo calcio italiano, que tem os poderosos Milan e Inter de Milão atuando abaixo da média estabelecida pelas suas próprias histórias vitoriosas, e até mesmo a falência do tradicional Parma, que não resistiu às exigências financeiras do futebol moderno. Tudo isso em meio ao escândalo de corrupção na Fifa exposto pelo norte-americano FBI.


Por fim, aos 32 anos, Rubinho deixou sua aposta para a final da Liga dos Campeões da Europa, a ser disputada neste sábado, às 15h45 (de Brasília), no Estádio Olímpico de Berlim. Com o poderoso Barcelona do outro lado, o reserva deixou o alerta: não basta se preocupar apenas com o trio MSN (Messi, Suárez e Neymar).


Terceiro goleiro da Juventus, Rubinho ajuda os jogadores de linha nos exercícios de finalizações após os treinos
Terceiro goleiro da Juventus, Rubinho ajuda os jogadores de linha nos exercícios de finalizações após os treinos - Credito: Divulgação


Gazeta Esportiva.Net: Quando você chegou à Juventus em 2012, tinha esperanças de ser titular?


Rubinho: Não, porque eu cheguei sabendo o que iria encontrar aqui. Quando me procuraram, os dirigentes foram muito claros. Desde o primeiro contato, eu soube que chegaria sob a condição de terceiro goleiro, e que teria que encontrar outra maneira de ajudar o grupo fora de campo.


GE.Net: Então quais foram os motivos que te levaram a assinar com o clube?


Rubinho: Foram vários motivos. A Juventus é a principal campeã da Itália, é o time com mais torcida e é muito organizado. É um clube muito ambicioso em tudo que disputa, e é o melhor em todos os sentidos dentro da Itália. Não pensei duas vezes, vi a oportunidade de fazer um bom trabalho e de aprender ao lado do melhor goleiro do mundo.


GE.Net: Qual é a sua relação com o Buffon?


Rubinho: A relação é ótima, porque é uma pessoa excepcional e profissional exemplar, de convívio muito fácil. Não só ele, mas a relação dos três goleiros é muito boa. O grupo inteiro é muito bom de trabalho e de amizade, construímos um ambiente bom. Isso tudo facilita o trabalho dentro de campo.


GE.Net: E com o Rômulo (volante ex-Cruzeiro que se naturalizou italiano)?


Rubinho: É uma excelente companhia para falar português, né. (risos) Passei dois anos aqui sem falar italiano, foi complicado. Então é bom ter alguém para sentar e bater um papo de vez em quando, reunir a família. O Rômulo é um parceiro de português.


GE.Net: Como ficou o vestiário depois da conquista da Copa Itália e do título italiano? A festa foi grande?


Rubinho: Olha, a festa foi legal, mas foi limitada. Foram duas conquistas incríveis, mas não podemos perder de vista a final da Champions League. Comemoramos sem excessos.


O veterano Buffon e o reserva Storari estão à frente de Rubinho como opções de Allegri
O veterano Buffon e o reserva Storari estão à frente de Rubinho como opções de Allegri - Credito: AFP


GE.Net: O Storari acabou sendo titular no empate contra o Verona, na última rodada do Italiano. Houve alguma possibilidade de você jogar?


Rubinho: Tinha, mas acabou não dando certo. Peguei uma gripe forte na quarta feira (27), fiquei de cama por três dias com febre alta e dores no corpo. Com certeza não fiquei muito legal, então eles não me levaram para o jogo. Foi por agua abaixo a minha única chance de jogar nessa temporada, mas agora vamos esperar a próxima.


GE.Net: Para promover essa ótima campanha da Juventus, que mudanças o Allegri trouxe ao clube?


Rubinho: Ele trouxe uma mentalidade diferente de trabalhar. É um profissional mais tranquilo do que o Conte, o nosso treinador antes dele. Aplicou aqui um sistema diferente do que aquele que conhecíamos, era um que usava no Milan. Nos deu mais liberdade dentro de campo, trouxe uma mentalidade mais aberta. O Conte jogava muito no 3-5-2, o nosso sistema ficava muito rígido. Com o Allegri é diferente, o nosso estilo de jogo ficou mais dinâmico. Se houver necessidade, podemos mudá-lo no decorrer da partida.


GE.Net: Você disse uma vez que ajuda muito nos treinamentos de pênaltis dos outros jogadores, mesmo não sendo o primeiro goleiro. Como você vê a Juve em uma possível decisão nos pênaltis contra o Barça?


Rubinho: Olha, eu vejo o grupo muito experiente. A nossa ultima experiência nos pênaltis não foi muito boa, porque perdemos a Supercopa da Itália para o Napoli, mas isso nos dá uma bagagem boa de aprendizado. Se o jogo contra o Barcelona for para os pênaltis, creio que demonstraremos uma evolução na nossa qualidade, porque a gente já viu onde estavam os nossos erros e como podemos corrigi-los.


No Corinthians, Rubinho foi reserva do goleiro titular Fábio Costa, em 2004
No Corinthians, Rubinho foi reserva do goleiro titular Fábio Costa, em 2004 - Credito: Gazeta Press


GE.Net: Essa ajuda é um pedido que fazem a você, ou é iniciativa sua?


Rubinho: Na verdade, em toda véspera de jogo, na parte final do treinamento, nós nos dedicamos às cobranças de pênalti, faltas e chutes a gol. Eu sou o cara que fica junto com o Storari (segundo goleiro), já é uma coisa de praxe nossa. Quando o treino chega ao fim, já sabemos desse trabalho extra.


GE.Net: Como fazer para parar o trio Messi, Neymar e Suárez?


Rubinho: Não sei, realmente é complicado. Agora é a hora de sentarmos para estudar bastante essa situação, o estilo do Barcelona. Os três são muito perigosos, mas é importante também que saibamos parar aqueles que dão a bola para eles. São fundamentais na criação das jogadas, e ainda podem aparecer como elemento surpresa. Temos que fazer a lição de casa durante a semana.


GE.Net: Vocês sonham com a tríplice coroa, mas o Barcelona também pode conseguir o mesmo feito. Arrisca um placar?


Rubinho: É nóis, né. Não arrisco placar, mas sou Juventus Football Club até o fim. É o clube que me abriu as portas aqui, que recebeu a minha família em Turim. Não abro mão dessa torcida.


GE.Net: Fora a Juventus, que tá destoando com essa campanha incrível, como explicar a crise que atingiu o futebol italiano em âmbito nacional?


Rubinho: É complicado, porque os grandes clubes perderam seus principais jogadores e não conseguiram repor, a fonte secou. Os atletas que chegaram para substituir esses não foram à altura. Os clubes menores não têm a mesma estrutura e organização dos grandes, como é o caso do Parma. Aquela era uma situação praticamente irreversível no cenário atual, porque o clube não tinha condições. O Milan e a Inter sofreram com desmanches no elenco. No meio disso tudo, a Juve é um bom exemplo de organização fora de campo, além do que temos feito dentro dele. O presidente Andrea Agnelli chegou e mudou muita gente dentro do clube. O departamento de futebol apostou no futebol italiano em si, contratando bons jogadores italianos em fim de contrato para minimizar os gastos. E, é claro, a permanência de vários jogadores importantes, como o Chiellini e o próprio Buffon. Através dessa organização, conseguiram os resultados dentro de campo. É um ciclo vitorioso.


Após deixar o Timão, Rubinho seguiu para o Vitória de Setúbal, em Portugal, antes de assinar com o italiano Genoa
Após deixar o Timão, Rubinho seguiu para o Vitória de Setúbal, em Portugal, antes de assinar com o italiano Genoa - Credito: Djalma Vassão/Gazeta Press


GE.Net: Em meio ao caos que pegou o mundo do futebol de surpresa esses dias, com todos esses escândalos na Fifa, a Federação Italiana é bem vista por aí?


Rubinho: Olha, a Federação mudou há pouco tempo, com presidente novo... Até agora, vivendo e trabalhando aqui, assistindo aos noticiários de esportes todos os dias, avalio o trabalho deles como bom. Espero que se mantenha dessa forma, tem sido positivo.


GE.Net: Nesse ano, o Rômulo andou fazendo tratamento físico no Corinthians... E você, voltaria para o Brasil agora? Já pensaram em repetir a dupla no Timão?


Rubinho: Como eu tenho respondido ultimamente, só voltaria para o Brasil se houvesse uma coisa muito boa, uma proposta muito vantajosa. Do jeito que o país está politicamente, em termos de segurança e de qualidade de vida, só cogitaria isso se fosse algo realmente incrível. E, mesmo assim, ainda pensaria duas vezes antes de aceitar.


GE.Net: Você tem planos de atuar como dirigente na Europa depois que encerrar a carreira?


Rubinho: Olha, não sei. Sinceramente, nunca pensei em atuar nesse meio. É lógico que se um clube me chamasse para uma função dessas, eu consideraria a oferta. Conheço o futebol desde pequeno, então creio que a adaptação não seria difícil. Não descarto essa hipótese, assim como também não descarto ser técnico, treinador de goleiros, preparador... Vamos ver o que acontece.


GE.Net: Diante da torcida do Corinthians, o seu irmão Zé Elias ficou conhecido como o Zé da Fiel. Qual é a sua relação com torcedores da Juve? Como te tratam nas ruas?


Rubinho: Todos me tratam muito bem, até hoje nunca tive problemas com torcedores nas ruas. Sempre me coloquei à disposição para atendê-los, com fotos, autógrafos, recados... Sempre estive disponível pra tudo, isso gera uma relação de respeito entre as duas partes. E é bom que esteja assim, porque planejo mais uns sete ou oito anos aqui como jogador, estou novinho (risos).


Segundo o brasileiro, a forma como a Juve gere o futebol deveria ser exemplo para os demais clubes italianos
Segundo o brasileiro, a forma como a Juve gere o futebol deveria ser exemplo para os demais clubes italianos - Credito: Divulgação

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