O São Bernardo completou dez anos no final de 2014 e, pelo segundo ano consecutivo, é a única equipe do ABC paulista que disputa a primeira divisão do Campeonato Paulista, ficando a frente dos tradicionais São Caetano e Santo André. Nesta temporada, o Tigre, que conta com alguns jogadores famosos no cenário nacional, espera permanecer, mais uma vez, na elite do estadual mais disputado do Brasil e ainda sonha com uma possível classificação para a Série D do Campeonato Brasileiro.
Adversário do Corinthians nesta quarta-feira, o clube quer surpreender o rival, da mesma forma que fez em 2014, quando, jogando no Pacaembu, conseguiu bater o Alvinegro por 1 a 0 com um gol solitário de Erick Flores. É com este espírito que o técnico Édson Boaro quer que seus comandados entrem em campo na Arena Corinthians, já que, assim como no ano passado, quando estava no grupo C do Paulistão, junto com Santos, Ponte Preta, Portuguesa e Paulista, o São Bernardo caiu no chamado “grupo da morte” nesta temporada.
No grupo A, ao lado de São Paulo, Mogi Mirim, Ituano e Red Bull Brasil, o Berno sabe que a classificação para a próxima fase é difícil pelo forte nível da chave, mas também entende que a maior preocupação do time é garantir a permanência na primeira divisão.
Em entrevista à GazetaEsportiva.net, Luiz Fernando Teixeira, presidente do São Bernardo, revelou que o clube precisa ser realista com a sua atual situação. Ele garantiu que permanecer na Série A vem em primeiro plano e que uma classificação para as fases seguintes ou garantir uma vaga para a quarta divisão nacional seria apenas uma consequência de um bom trabalho.
“Nós somos realistas. Todo time pequeno pensa assim. Primeiro, precisamos não cair. O Ituano foi campeão ano passado, mas entrou na competição pensando em fugir do rebaixamento. Depois de garantirmos a permanência, podemos sonhar com a classificação para a próxima fase e com uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro”, afirmou o mandatário, que ainda admitiu que não é surpreendente o clube ser o único da região na primeira divisão por causa da seriedade e do profissionalismo com que a diretoria trabalha.
Diferente das outras temporadas, o São Bernardo trouxe alguns jogadores “medalhões” neste ano. O time sempre optou por atletas menos famosos e com salários mais baratos. Contudo, nesta temporada, o Tigre contava com Alex Silva, que acabou sendo dispensado por ter discutido com a torcida, e tem Cañete e Moradei, ambos com passagens por grandes clubes do Brasil, no elenco. Porém, o presidente não vê uma mudança de postura do clube.
“Isso foi uma casualidade. Nós estávamos praticamente com o elenco fechado quando surgiu a oportunidade do Cañete. Assim, ele chegou por empréstimo, com o São Paulo ajudando a pagar os salários. Já o Alex Silva nos procurou para retomar sua carreira. Não temos condições de fazer grandes contratações. Apostamos em um elenco equilibrado, com jogadores que já conhecemos. Somos um time com as contas em dia, não temos dívidas, mas não temos lucros também. Por isso, apostamos em jogadores formados na nossa categoria de base. Atualmente, um terço do nosso elenco é da base”, contou Luiz Fernando.
Com três Campeonatos Paulistas disputados em sua história, o Berno ficou marcado por sua grande média de público na competição. Em uma época que está cada vez mais levar torcida aos estádios, o time do ABC conseguiu, em alguns anos, bater até gigantes como Palmeiras e Santos. Em 2011, na sua temporada de estreia na elite, o São Bernardo teve a terceira maior média de público (11.194) do estadual, ficando atrás apenas de Corinthians (13.820) e São Paulo (12.738). Em 2013, o clube tornou a ficar a frente do Palmeiras no quesito e, em 2014, só perdeu para os quatro grandes.
Contudo, nesta temporada, o Tigre não tem levado tantos torcedores como nos anos anteriores. Até a oitava rodada do Paulistão, a equipe estava com a sexta maior média de público do campeonato (6.321), atrás dos quatro grandes e do Audax. Entretanto, este número não assustou o presidente e a diretoria, já que o time de Osasco vendeu um mando de campo ao Palmeiras na competição.
“Nós não vendemos nenhum mando, como o Audax fez. Além disso, nosso estádio, por causa da precaução do corpo de bombeiros, está comportando menos pessoas neste ano. E, mesmo com uma crise no país, temos uma média bem expressiva. Perdemos, praticamente, somente para os quatro grandes”, disse o mandatário.
Com oito jogos realizados neste Campeonato Paulista, o São Bernardo é o quarto colcoado do grupo A com os mesmos oito pontos do lanterna da chave Red Bull Brasil. Mesmo assim o time, não está na zona de rebaixamento e, se estivesse no grupo D, por exemplo, ocuparia a terceira colocação da chave e estaria a um ponto da zona de classificação para a próxima fase. Luiz Fernando explicou este mau começo com o número de contusões que o elenco tem sofrido neste início de temporada. Além disso, ele aproveitou para criticar a nova regra da Federação Paulista de restringir para apenas 28 o número de atletas inscritos para a disputa da competição.
“Começamos esse ano com muitas lesões. O Danielzinho, que já jogou aqui, era para ser nosso atacante titular, mas ainda está no departamento médico com uma séria contusão no joelho. Moradei, que chegou também para ser titular da nossa equipe, deverá ter condições de jogar só a partir de agora. Gil, que fez bom Campeonato Paulista com a gente ano passado, voltou e é mais um no departamento médico. Até tentamos inscrever mais jogadores para a competição, mas a regra esdrúxula da Federação impediu isso e estamos trabalhando com um elenco reduzido. Com tantas lesões, é normal o time ficar um pouco desencaixado no começo do campeonato”, finalizou o presidente.
Mesmo a sete pontos da zona de classificação para a próxima fase do Paulistão, não seria surpreendente o São Bernardo conseguir uma reação na competição, já que conseguiu uma boa sequência de resultados positivos na reta final da temporada passada, quando ficou a um ponto de se classificar para as quartas de final. Caso o Berno fique com a vaga na Série D do Campeonato Brasileiro, o time poderá começar crescer ainda mais, já que isto mudaria drasticamente a situação atual, na qual o clube disputa apenas o estadual e a Copa Paulista durante todo o ano. Com um calendário mais extenso, o Tigre poderia aproveitar para crescer como os rivais São Caetano e Santo André fizeram no passado não tão distante.