Além do santista, Moraes (lateral-esquerdo do Atlético-GO, estava no Juventude), Gabriel Tota (meia, Ypiranga-RS, estava no Juventude), Paulo Miranda (zagueiro, sem clube, estava no Juventude), Igor Cariús (lateral-esquerdo, Sport, estava no Cuiabá), Matheus Gomes (goleiro, sem clube), Fernando Neto (volante, São Bernardo, estava no Operário-PR) e Kevin Lomónaco (zagueiro do Bragantino).
Os jogadores foram enquadrados nos artigos 191, 243, parágrafo 1, e 243-A do CBJD. Assim, eles podem receber uma suspensão de 360 a 720 dias e eliminação no caso de reincidência, além de multa de R$ 100 a R$ 100 mil.
Gabriel Tota e Matheus Gomes também vão responder pelos artigos 242 e 243, parágrafo 2.
Até o momento, mais de 40 atletas já foram citados nas investigações. Quatro deles preferiram entrar em acordo e admitiram a culpa, tornando-se testemunhas do caso. São eles: Kevin Lomónaco, Moraes, Nikolas Farias e Jarro Pedroso. Já alguns foram afastados pelos seus respectivos clubes, enquanto outros, como Nino Paraíba, que estava no América-MG, tiveram seus contratos rescindidos.
O Santos decidiu suspender o contrato de Eduardo Bauermann. O atleta de 27 anos não treina com o restante do elenco desde o dia 9 de maio.
Veja os artigos do CBJD
Art. 191. Deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento: III - de regulamento, geral ou especial, de competição
Art. 243. Atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende.
§ 1º Se a infração for cometida mediante pagamento ou promessa de qualquer vantagem, a pena será de suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias e eliminação no caso de reincidência, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Art. 243-A. Atuar, de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente.
Art. 242. Dar ou prometer vantagem indevida a membro de entidade desportiva, dirigente, técnico, atleta ou qualquer pessoa natural mencionada no art. 1º, § 1º, VI, para que, de qualquer modo, influencie o resultado de partida, prova ou equivalente.
Art. 243. Atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende.
§ 2º O autor da promessa ou da vantagem será punido com pena de eliminação, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Confira a lista de jogos e atletas que são alvos do MP-GO:
Palmeiras x Juventude (10/9/2022) — Promessa de pagamento de R$ 30 mil, com R$ 5 mil entregues antes da partida para que Moraes levasse cartão amarelo. O jogador foi, realmente, advertido no confronto.
Juventude x Fortaleza (17/9/2022) — Promessa de pagamento de R$ 60 mil, com R$ 5 mil entregues antes do jogo para que Gabriel Tota repassasse a quantia para Paulo Miranda — para que este último fosse advertido com amarelo no jogo, o que de fato ocorreu.
Goiás x Juventude (5/11/2022) — Promessa de pagamento de R$ 50 mil, com R$ 20 mil pagos de sinal, para que Moraes tomasse cartão amarelo. Ao mesmo tempo, promessa de R$ 50 mil, com R$ 10 mil pagos antecipadamente, para Paulo Miranda tomar cartão. Romário Hugo do Santos depositou na conta de Gabriel Tota, que deveria fazer o repasse ao zagueiro
Ceará x Cuiabá (16/10/2022) — Promessa de pagamento de valor ainda não precisado, mas sinal de R$ 5 mil realizado para Igor Cariús tomasse cartão amarelo, o que aconteceu.
Sport x Operário-PR (28/10/2022) — Promessa de pagamento de R$ 500 mil, com R$ 40 mil pagos antes do jogo, para Fernando Neto tomar um cartão vermelho na partida — o que não aconteceu.
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Red Bull Bragantino x América-MG (5/11/2022) — Promessa de pagamento: R$ 70 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 30 mil. Propósito: Kevin Lomónaco tomar cartão amarelo, o que aconteceu.
Santos x Avaí (5/11/2022) — Promessa de pagamento: não precisado. Sinal pago antes do jogo: R$ 50 mil. Propósito: Eduardo Bauermann tomar cartão amarelo, o que não ocorreu.
Botafogo x Santos (10/11/2022) — Bauermann aceitou os valores do jogo contra o Avaí e não cumpriu sua parte no acordo. Assim, aceitou nova promessa de valores indevidos para ser expulso contra o Fogão, o que aconteceu. Segundo relato da súmula, Bauermann tomou o cartão vermelho após o apito final, por reclamações hostis e repetitivas à arbitragem.
Palmeiras x Cuiabá (6/11/2022) — Promessa de pagamento: R$ 60 mil. Propósito: Igor Cariús tomar cartão amarelo.
Guarani x Portuguesa (8/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 100 mil. Propósito: Victor Ramos cometer um pênalti. Como Bruno, Ícaro e Zildo — três dos denunciados pelo MP-GO — não encontraram outros jogadores para manipulação na mesma rodada, não houve pagamento de sinal nem aposta efetivamente realizada.
Red Bull Bragantino x Portuguesa (21/1/2023) — Promessa de pagamento: R$ 200 mil. Propósito: Kevin Lomónaco cometer pênalti no primeiro tempo. O jogador não aceitou o acordo.
Bento Gonçalves x Novo Hamburgo (11/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 80 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 5 mil. Propósito: Nikolas cometer pênalti, o que aconteceu.
Caxias x São Luiz (12/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 70 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 30 mil. Propósito: Jarro Pedroso cometer pênalti no primeiro tempo, o que aconteceu.
Relembre o caso de Bauermann
No dia 8 de maio, foram divulgadas imagens de uma suposta conversa de Bauermann com um "manipulador de resultados" por mensagens. O jogador teria recebido 50 mil reais para forçar e receber um cartão amarelo em uma partida do Santos, contra o Avaí.
O zagueiro, porém, não levou o cartão amarelo e prometeu que seria expulso na partida seguinte, contra o Botafogo. Ele até recebeu o cartão vermelho, mas apenas após o fim do jogo e enfureceu o participante do "esquema de apostas".
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Bauermann foi pressionado para devolver a quantia, que chegou na casa dos R$ 800 mil, e cogitou até mesmo repassar uma porcentagem de seus direitos econômicos em uma futura negociação para deixar o Santos.
Em abril, quando o caso veio à tona, Bauermann se disse inocente e o Santos manifestou confiança no atleta. Depois dos novos desdobramentos, no entanto, o clube decidiu afastá-lo temporariamente das atividades. No dia 9 de maio, a Justiça aceitou a denúncia do MP-GO contra o esquema de manipulação de jogos.