STJD marca julgamento de Bauermann e mais sete jogadores investigados em esquema de manipulação - Gazeta Esportiva
STJD marca julgamento de Bauermann e mais sete jogadores investigados em esquema de manipulação

STJD marca julgamento de Bauermann e mais sete jogadores investigados em esquema de manipulação

Gazeta Esportiva

Por Redação

25/05/2023 às 15:51 • Atualizado: 25/05/2023 às 15:52

São Paulo, SP

O STJD marcou para o dia 1º de junho, próxima quinta-feira, o julgamento de oito atletas listados na Operação Penalidade Máxima II, do Ministério Público de Goiás, que investiga um esquema de manipulação de jogos no futebol brasileiro. Entre os atletas está Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos.

Além do santista, Moraes (lateral-esquerdo do Atlético-GO, estava no Juventude), Gabriel Tota (meia, Ypiranga-RS, estava no Juventude), Paulo Miranda (zagueiro, sem clube, estava no Juventude), Igor Cariús (lateral-esquerdo, Sport, estava no Cuiabá), Matheus Gomes (goleiro, sem clube), Fernando Neto (volante, São Bernardo, estava no Operário-PR) e Kevin Lomónaco (zagueiro do Bragantino).



Os jogadores foram enquadrados nos artigos 191, 243, parágrafo 1, e 243-A do CBJD. Assim, eles podem receber uma suspensão de 360 a 720 dias e eliminação no caso de reincidência, além de multa de R$ 100 a R$ 100 mil.

Gabriel Tota e Matheus Gomes também vão responder pelos artigos 242 e 243, parágrafo 2.

Até o momento, mais de 40 atletas já foram citados nas investigações. Quatro deles preferiram entrar em acordo e admitiram a culpa, tornando-se testemunhas do caso. São eles: Kevin Lomónaco, Moraes, Nikolas Farias e Jarro Pedroso. Já alguns foram afastados pelos seus respectivos clubes, enquanto outros, como Nino Paraíba, que estava no América-MG, tiveram seus contratos rescindidos.

O Santos decidiu suspender o contrato de Eduardo Bauermann. O atleta de 27 anos não treina com o restante do elenco desde o dia 9 de maio.



Veja os artigos do CBJD


Art. 191. Deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento: III - de regulamento, geral ou especial, de competição

Art. 243. Atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende.
§ 1º Se a infração for cometida mediante pagamento ou promessa de qualquer vantagem, a pena será de suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias e eliminação no caso de reincidência, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 243-A. Atuar, de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente.

Art. 242. Dar ou prometer vantagem indevida a membro de entidade desportiva, dirigente, técnico, atleta ou qualquer pessoa natural mencionada no art. 1º, § 1º, VI, para que, de qualquer modo, influencie o resultado de partida, prova ou equivalente.

Art. 243. Atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende.
§ 2º O autor da promessa ou da vantagem será punido com pena de eliminação, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).


Confira a lista de jogos e atletas que são alvos do MP-GO:


Palmeiras x Juventude (10/9/2022) — Promessa de pagamento de R$ 30 mil, com R$ 5 mil entregues antes da partida para que Moraes levasse cartão amarelo. O jogador foi, realmente, advertido no confronto.

Juventude x Fortaleza (17/9/2022) — Promessa de pagamento de R$ 60 mil, com R$ 5 mil entregues antes do jogo para que Gabriel Tota repassasse a quantia para Paulo Miranda — para que este último fosse advertido com amarelo no jogo, o que de fato ocorreu.

Goiás x Juventude (5/11/2022) — Promessa de pagamento de R$ 50 mil, com R$ 20 mil pagos de sinal, para que Moraes tomasse cartão amarelo. Ao mesmo tempo, promessa de R$ 50 mil, com R$ 10 mil pagos antecipadamente, para Paulo Miranda tomar cartão. Romário Hugo do Santos depositou na conta de Gabriel Tota, que deveria fazer o repasse ao zagueiro

Ceará x Cuiabá (16/10/2022) — Promessa de pagamento de valor ainda não precisado, mas sinal de R$ 5 mil realizado para Igor Cariús tomasse cartão amarelo, o que aconteceu.

Sport x Operário-PR (28/10/2022) — Promessa de pagamento de R$ 500 mil, com R$ 40 mil pagos antes do jogo, para Fernando Neto tomar um cartão vermelho na partida — o que não aconteceu.

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Red Bull Bragantino x América-MG (5/11/2022) — Promessa de pagamento: R$ 70 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 30 mil. Propósito: Kevin Lomónaco tomar cartão amarelo, o que aconteceu.

Santos x Avaí (5/11/2022) — Promessa de pagamento: não precisado. Sinal pago antes do jogo: R$ 50 mil. Propósito: Eduardo Bauermann tomar cartão amarelo, o que não ocorreu.

Botafogo x Santos (10/11/2022) — Bauermann aceitou os valores do jogo contra o Avaí e não cumpriu sua parte no acordo. Assim, aceitou nova promessa de valores indevidos para ser expulso contra o Fogão, o que aconteceu. Segundo relato da súmula, Bauermann tomou o cartão vermelho após o apito final, por reclamações hostis e repetitivas à arbitragem.

Palmeiras x Cuiabá (6/11/2022) — Promessa de pagamento: R$ 60 mil. Propósito: Igor Cariús tomar cartão amarelo.

Guarani x Portuguesa (8/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 100 mil. Propósito: Victor Ramos cometer um pênalti. Como Bruno, Ícaro e Zildo — três dos denunciados pelo MP-GO — não encontraram outros jogadores para manipulação na mesma rodada, não houve pagamento de sinal nem aposta efetivamente realizada.

Red Bull Bragantino x Portuguesa (21/1/2023) — Promessa de pagamento: R$ 200 mil. Propósito: Kevin Lomónaco cometer pênalti no primeiro tempo. O jogador não aceitou o acordo.

Bento Gonçalves x Novo Hamburgo (11/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 80 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 5 mil. Propósito: Nikolas cometer pênalti, o que aconteceu.

Caxias x São Luiz (12/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 70 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 30 mil. Propósito: Jarro Pedroso cometer pênalti no primeiro tempo, o que aconteceu.


Relembre o caso de Bauermann


No dia 8 de maio, foram divulgadas imagens de uma suposta conversa de Bauermann com um "manipulador de resultados" por mensagens. O jogador teria recebido 50 mil reais para forçar e receber um cartão amarelo em uma partida do Santos, contra o Avaí.

O zagueiro, porém, não levou o cartão amarelo e prometeu que seria expulso na partida seguinte, contra o Botafogo. Ele até recebeu o cartão vermelho, mas apenas após o fim do jogo e enfureceu o participante do "esquema de apostas".

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Bauermann foi pressionado para devolver a quantia, que chegou na casa dos R$ 800 mil, e cogitou até mesmo repassar uma porcentagem de seus direitos econômicos em uma futura negociação para deixar o Santos.

Em abril, quando o caso veio à tona, Bauermann se disse inocente e o Santos manifestou confiança no atleta. Depois dos novos desdobramentos, no entanto, o clube decidiu afastá-lo temporariamente das atividades. No dia 9 de maio, a Justiça aceitou a denúncia do MP-GO contra o esquema de manipulação de jogos.

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