Consultor do COB crê em providências tardias para esquema de apostas: "Tragédia anunciada" - Gazeta Esportiva
Consultor do COB crê em providências tardias para esquema de apostas: "Tragédia anunciada"

Consultor do COB crê em providências tardias para esquema de apostas: "Tragédia anunciada"

Gazeta Esportiva

Por André da Silva Costa

17/05/2023 às 15:29 • Atualizado: 17/05/2023 às 15:53

São Paulo, SP

O Consultor de Integridade do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Paulo Marcos Schimitt, participou nesta quarta-feira de um evento na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), em São Paulo, e discorreu sobre o esquema de manipulação de apostas no futebol brasileiro. Ele crê que as autoridades tomaram providências tardias para os casos.

Paulo Schimitt afirmou que os episódios de manipulação já ocorriam com frequência nos últimos anos e se intensificaram depois da pandemia do vírus covid-19. O profissional ainda disse que alguns dos envolvidos passaram impunes, o que facilitou o crescimento do esquema.

"Os casos já haviam surgido no últimos anos. Deu uma estabilizada durante a pandemia, quando os eventos esportivos foram interrompidos, mas depois voltaram. Houve, inclusive, um jogo fantasma lá no estado do Paraná, só para fins de manipulação através de apostas. E sabe o que aconteceu com os envolvidos? Nada. É por isso que as coisas foram se avolumando", contou o consultor.

"É claro que é difícil acabar de vez com isso, mas precisamos ter elementos de contenção para mitigar o problema. O tamanho do problema é enorme, porque gira muito dinheiro. Os criminosos vão testando o efeito disso em vários países, para conhecer a matriz de risco de cada um. E o Brasil chegou ao primeiro lugar em 2022 como país com maior número de casos de manipulação. E esses números são anteriores à Operação Penalidade Máxima", completou.

Além disso, o consultor acredita que os danos provenientes do crime estão sendo subestimados, mas podem causar grandes impactos no futebol brasileiro. Ele ainda afirmou que é preciso fazer um "mea culpa" por parte das autoridades e que esta era uma "tragédia anunciada".

"Precisamos fazer um mea culpa de todos os lados. A gente teve a primeira operação em fevereiro, quando muitas notícias foram veiculadas, inclusive com evidências e provas sendo divulgadas na imprensa. Depois, em abril, houve o início do Brasileirão, e aí veio a outra operação, e consequentemente, a denúncia do Ministério Público e as providências do STJD. Então, desde fevereiro até agora, depois dos campeonatos iniciados, com provas veiculadas na imprensa, precisávamos ter sido mais ágeis. Será que estamos fazendo o nosso máximo?", indagou.

"Nós precisamos dar o tom de seriedade necessário para esse tema, porque essa é uma tragédia anunciada há muito tempo. Só cresceu no mundo inteiro e, principalmente, no Brasil. Nós falamos de cartão amarelo, lateral, escanteio, mas se nós olharmos o regulamento das competições, o cartão amarelo é critério de desempate. Os danos estão sendo subestimados, mas precisamos levar em conta esse impacto", concluiu.

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Confira abaixo alguns dos atletas citados nas investigações da Operação Penalidade Máxima II:





A Operação Penalidade Máxima, comandada pelo Ministério Público de Goiás, é o novo marco no combate ao esquema de manipulação de apostas no futebol brasileiro. Segundo investigações, estima-se que, pelo menos, 13 partidas sofreram adulterações, sendo oito do Campeonato Brasileiro da Série A de 2022, uma da Série B de 2022 e quatro de Campeonatos Estaduais realizados em 2023: Goiano, o Gaúcho, Mato-Grossense e o Paulista.

Até o momento, nove apostadores e 15 jogadores já foram denunciados pela Justiça de Goiás, entre eles o zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos. No entanto, mais de 40 atletas são citados nas investigações. Quatro deles preferiram entrar em acordo e admitiram a culpa, tornando-se testemunhas do caso. Já alguns foram afastados pelos seus respectivos clubes, enquanto outros, como Nino Paraíba, que estava no América-MG, tiveram seus contratos rescindidos.

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