O brasileiro Gabriel Medina, campeão mundial de surfe no Havaí, encontrou no quintal de casa as condições propícias para evoluir como atleta. Criado em Maresias, praia conhecida pelo mar bravo e pesado, ele também conviveu com as ondas tubulares de Paúba.
Pai de Miguel Pupo, um dos melhores amigos de Gabriel Medina e 19º colocado no WCT, Wagner Pupo resolveu mudar de Itanhaém para Maresias na época em que era surfista profissional. A chance de treinar na praia do município de São Sebastião é um dos trunfos dos brasileiros, segundo o veterano.
“Sem desmerecer Itanhaém, mas, quando eu competia no exterior, sentia falta do peso da onda. Como em Maresias o mar é bravo e pesado, resolvi me mudar, e isso ajudou muito. Os meninos cresceram aqui, então vão ficar cada vez melhores. É algo que faz diferença”, explica Wagner Pupo.
Na campanha vitoriosa rumo ao inédito título do WCT, Gabriel Medina venceu as etapas de Gold Coast, Fiji e Teahupo’o – já no Havaí, onde conquistou o campeonato geral, terminou em segundo. Miguel Pupo, por sua vez, chegou na quinta colocação em Gold Coast e Landes.
Na pequena praia de Paúba, vizinha da badalada Maresias no litoral norte paulista, os garotos encontraram o cenário ideal para treinar nas ondas tubulares. No dia em que a Gazeta Esportiva visitou a localidade, contudo, o mar estava bastante calmo.
“As gerações antigas do Brasil tinham certa dificuldade nas ondas tubulares. O Gabriel e o Miguel mudaram isso, mostraram para o mundo que o brasileiro também sabe entubar. Paúba tem uma onda pesada e na areia. É meio parecido com Teahupo’o. A potência e a velocidade das ondas são semelhantes”, diz Pupo.
Wellington Bueno atua como professor de surfe em Maresias dentro do projeto do Instituto Esporte Educação, entidade liderada por Ana Moser, medalhista olímpica no vôlei. De acordo com o profissional, nem todos são capazes de domar as ondas de Paúba.
“É uma praia muito difícil. Existem vários atletas que não conseguem. Depois que o Miguel e o Gabriel surgiram no Circuito Mundial, muitas pessoas começaram a surfar em Paúba para se aprimorar na onda cavada, de buraco, tubular. Sempre digo aos meus alunos: quem surfa em Paúba, surfa em qualquer lugar do mundo”, garante.