Sérgio Guedes e Rafael Ferro: líderes do acesso da Portuguesa Santista - Gazeta Esportiva
Sérgio Guedes e Rafael Ferro: líderes do acesso da Portuguesa Santista

Sérgio Guedes e Rafael Ferro: líderes do acesso da Portuguesa Santista

Gazeta Esportiva

Por Enrico Liberatori e Luca Castilho*

24/04/2018 às 09:00 • Atualizado: 26/04/2018 às 17:58

São Paulo, SP

Depois de nove anos longe da Série A2 do Campeonato Paulista, a Portuguesa Santista conseguiu o acesso para a divisão na última sexta-feira. Com mais de cinco mil presentes no Estádio Ulrico Mursa, o time de Santos empatou por 1 a 1 com o Barretos, subiu e garantiu sua presença na decisão da Série A3. Nas palavras do técnico Sérgio Guedes, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, "a Portuguesa virou comoção aqui".

Sérgio é um dos pilares da Briosa, dona da melhor campanha da Série A3, com 14 vitórias, oito empates e apenas uma derrota. Nas quartas de final, a equipe eliminou o São Carlos empatando por 2 a 2 fora de casa e vencendo por 2 a 1 em Santos. Já nas semifinais, contra o Barretos, a classificação veio com dois empates: 2 a 2 no interior, 1 a 1 no litoral.

Após o apito final, jogadores da Portuguesa Santista comemoraram junto da torcida (Foto: Alberto Ferreira/Agência Briosa)


Quem também merece destaque é Rafael Ferro, lateral-direito e capitão da Portuguesa. O camisa 2 liderou a melhor defesa da primeira fase, que sofreu apenas 12 gols em 19 jogos, e ainda contribuiu com dois gols na primeira fase e dois gols essenciais em quatro jogos de mata-mata. "Ser capitão desse time é motivo de muito orgulho", disse Ferro à Gazeta Esportiva.

Elenco montado com intenções modestas


Apesar do acesso como a melhor campanha da divisão, a temporada da Portuguesa não foi planejada visando o acesso. Depois de péssima campanha na Copa Paulista de 2017, na qual foi eliminada na primeira fase sem vencer um jogo sequer, a Briosa mirou na permanência na A3.

"Em sã consciência, todos queriam a permanência", disse Sérgio Guedes. "Mas nós, a minha comissão especificamente, nós queríamos do décimo lugar pra cima. (...) O grupo respondeu e a gente passou a achar que podia brigar por uma vaga e buscar os quatro primeiros lugares. Uma coisa foi puxando a outra e de repente a gente conseguiu".




Para o capitão Rafael Ferro, tudo começou com uma ligação do próprio Sérgio. "No meio de novembro o Professor Sérgio me ligou. Desde o primeiro contato já dissemos um pro outro: somos da cidade é nosso nome está em jogo", relatou o defensor. "Acertaram em cheio na contratação da comissão técnica e foram contratando certo, priorizando jogadores de caráter antes de qualquer coisa".

3 a 0 em Marília: "Ali começou a arrancada"


"No começo tivemos 3 empates seguidos, a torcida ficou desconfiada e já começou a cobrar". Ferro se refere aos três primeiros jogos do campeonato, empates contra Rio Preto, Mogi Mirim e Rio Branco. Mas no quarto jogo, em Marília contra o time da cidade, o time descobriu seu potencial.

"Conseguimos fazer um excelente jogo, 3 a 0 neles lá dentro, e ali começou a arrancada. Confiança aumentando, time cada vez mais seguro", destacou o lateral. Sérgio Guedes seguiu a mesma linha de pensamento. "O grupo foi se personalizando, foi ganhando confiança. Foi um processo bem alicerçado para que as coisas caminhassem da forma que está se encaminhando".

Sérgio Guedes tem grande identificação com a Portuguesa Santista, primeiro clube que treinou (Foto: Alberto Ferreira/Agência Briosa)


Com a confiança trazida pela vitória, a Portuguesa venceu outros três jogos seguidos e ficou nove jogos sem perder. A única derrota foi fora de casa, 1 a 0 contra o Monte Azul. "Essa derrota doeu porque sabíamos que poderíamos fazer história conquistando esse acesso invictos", disse Ferro. "A derrota veio, mas continuamos jogando em alto nível".

O nível da competição foi levado em conta por Sérgio Guedes desde o início da campanha. "O pessoal fala que a Série A3 é bico, é trombada, e a Portuguesa demonstrou que pode ser mais que isso", disse o treinador. "Quem nos enfrentava sabia que só correria não era suficiente. O time vai por a bola no chão, vai tentar jogar".

"De repente a Portuguesa virou o Real Madrid"


Apesar da comemoração do acesso, ainda falta um jogo no campeonato. Portuguesa Santista e Atibaia, as duas melhores equipes durante todo o campeonato, se enfrentam em Bragança pelo título da Série A3. Tanto para Rafael Ferro quanto para Sérgio Guedes, levantar a taça no estádio Nabi Abi Chedid é o objetivo.

"Cria uma pequena pressão nesse contexto porque criou-se de uma campanha sem expectativas, de repente a Portuguesa virou o Real Madrid. Então seria frustrante para a gente se ficássemos no meio do caminho", disse o técnico, antes de palpitar sobre o futuro do clube depois do acesso. "A Portuguesa precisa dar sequência porque ela ganhou um patamar maior e ela tem que se portar de uma maneira diferente. Ganhou respeito, ganhou respaldo".

Rafael Ferro chegou à Portuguesa nesta temporada como "o dono da faixa" (Foto: Douglas Teixeira/Agência Briosa)


Ferro, autor de dois gols providenciais na fase final, quer levantar a taça e continuar no clube de sua cidade natal apesar de propostas de outros clubes. "Tive algumas propostas, mas minha cabeça está em levantar a taça", disse o lateral. "Penso em ficar na Portuguesa e continuar fazendo história no clube da minha cidade".

Palavras Cruzadas: Sérgio sobre Rafael, Rafael sobre Sérgio


Pelo cargo que ocupa, Sérgio Guedes vê de perto a liderança de Rafael Ferro sobre seus companheiros. Segundo o treinador, o capitão da Briosa, escolhido por ele próprio, "lida muito bem com o vestiário". "Ele é muito respeitado e, ao mesmo tempo, consegue ser brincalhão, o que não é comum", disse Sérgio. "Foi contundente quando teve que ter, teve discurso forte quando teve que ter, então me ajudou muito. Continua ajudando muito na verdade".

Ferro, o capitão escolhido por Sérgio Guedes, também não mediu palavras para enaltecer o comandante. "Como atleta chegou à Seleção Brasileira, jogou em altíssimo nível, e como treinador passou por grandes clubes no Brasil", lembrou. "Sempre sereno e passando confiança para todos. Ele consegue extrair de cada jogador o que tem de melhor. Consegue fazer quem está de fora acreditar que pode jogar, consegue ter o grupo na mão. Sempre coerente em suas decisões".

*Especial para a Gazeta Esportiva

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