Na sede social do clube, mais precisamente no espaço Boate Piramidy’s, 180 membros do Conselho Deliberativo vão decidir se Domingos Sanches e Saulo Moisés Franciscón, eleitos em maio de 2016, cumprirão o mandato até 2019 ou se serão impedidos de prosseguir em suas atribuições.
Na reunião extraordinária, a Comissão de Sindicância, competente pela análise de todo o caso e autora de posse de documentos e provas, dará seu parecer conclusivo em no máximo 30 minutos de manifestação. Os acusados, que poderão ter seus advogados presentes, terão o mesmo tempo para defesa e discurso.
Em seguida, a votação acontecerá por escrutínio secreto. Ou seja, os votos não terão seus autores conhecidos. É necessário dois terços (2/3) do total de votos para ser estabelecido maioria plena.
Caso o impedimento dos atuais gestores seja aprovado, Itamar Colombini Capano, presidente do CD, assumirá a cadeira maior do clube de forma temporária e terá 30 dias para convocar novas eleições. Nesse caso, o procedimento até que um novo presidente seja escolhido pode levar cerca de 60 dias.
O processo de impeachment foi instaurado em 8 de fevereiro, depois da apresentação de 22 assinaturas de conselheiros - duas além do necessário. Há menos de duas semanas, a noite dessa segunda-feira foi escolhida para determinar o rumo político do clube.
Os bastidores do Juventus se tornaram um verdadeiro campo de guerra depois do vazamento de áudios que mostram a atual diretoria executiva tentando mascarar prejuízos por meio de planilhas falsas. A Gazeta Esportiva revelou o escândalo com exclusividade.
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Embate
Domingos Sanches passou a ignorar todas as solicitações do Conselho Deliberativo de apresentações de notas, contratos e documentos. O mandatário basicamente deixou de prestar contas.
Em situação delicada, o presidente, ao lado de Saulo, seu vice, acusa os áudios gravados por Adriano Daré, ex-diretor de marketing, exonerado do cargo, processado judicialmente e proibido de entrar no clube, de serem editados.
Entretanto, Domingos Sanches não negou que houve pagamentos de contas do clube por meio de empresas pessoais e também confirmou a existência de um contrato em que o Juventus tenta repassar parte de seus prejuízos em um evento para a empresa do ex-diretor de marketing.
Adriano Daré contratou um serviço particular de perícia para comprovar a autenticidade de suas gravações. Além disso, ele e outros prestadores de serviço acabaram sofrendo calotes de trabalhos registrados em notas em nome do clube.
Carta na manga
Na última quinta-feira, Domingos Sanches convocou uma reunião para o mesmo local da votação dessa segunda. Cerca de 60 pessoas, entre conselheiros e convidados, compareceram ao encontro em que o presidente fez acusações à mesa diretiva do Conselho Deliberativo, ao coordenador da Comissão de Sindicância e, claro, a Adriano Daré.
A reportagem apurou que antes da reunião extraordinária no CD, ainda nessa segunda, Domingos Sanches planeja apresentar um laudo pericial com o intuito de comprovar que os áudios apresentados por Daré foram editados. Essa seria a carta na manga de Sanches e Saulo.
Acusação de sabotagem
Por outro lado, o presidente do Conselho Deliberativo, Itamar Colombini Capano, acusa Domingos Sanches de tentar sabotar a reunião extraordinário dessa segunda-feira ao não enviar a convocação aos conselheiros por meio de correspondência nos correios, como ordena o estatuto, após o pedido ser protocolado pelo órgão fiscalizador.
Por isso, durante o fim de semana, depois de muitos membros alegarem a falta da informação, a mesa diretiva do CD precisou agir em campanha para que todos os conselheiros fossem avisados da importância da presença de cada um nessa segunda-feira.