Robson diz que boxe salvou sua vida e critica redução da maioridade penal - Gazeta Esportiva
Robson diz que boxe salvou sua vida e critica redução da maioridade penal

Robson diz que boxe salvou sua vida e critica redução da maioridade penal

Gazeta Esportiva

Por Redação

17/08/2016 às 11:25 • Atualizado: 17/08/2016 às 11:34

São Paulo, SP

Brazil's Robson Conceicao poses with a gold medal at the Rio 2016 Olympic Games in Rio de Janeiro on August 16, 2016. Robson Conceicao made history for the hosts when he won Brazil's first-ever Olympic boxing gold in Rio, triggering pandemonium. The man who sold vegetables on the streets as an impoverished child became an instant national hero in defeating the Frenchman Sofiane Oumiha on unanimous points in their lightweight final showdown. / AFP PHOTO / YURI CORTEZ
Robson Conceição cobrou do governo mais investimentos em programas sociais nas periferias (Foto: Yuri Cortez/AFP)


Após conquistar a primeira medalha de ouro do Brasil no boxe olímpico, o pugilista Robson Conceição cobrou nesta quarta-feira mais investimentos do governo em programas sociais e criticou os setores da sociedade que defendem políticas voltadas para a redução da maioridade penal. O atleta recordou a infância humilde na periferia de Salvador e disse que a prática esportiva foi determinante para mantê-lo afastado da criminalidade.

Robson tratou do encarceramento de jovens periféricos ao falar sobre a medalha de ouro conquistada pela judoca Rafaela Silva. Assim como o pugilista, a atleta ingressou no esporte por meio de projetos sociais que foram desenvolvidos na favela da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.

"Eu e a Rafaela viemos de comunidades humildades e surgimos em projetos sociais. Não acho justo punir crianças. Isso seria totalmente diferente. Deveríamos, sim, investir mais em projetos sociais e fazer crianças e adolescentes praticarem esportes" afirmou Robson, de 27 anos.

O pugilista disse que conheceu o boxe por caminhos tortuosos. Quando criança, ele queria seguir o exemplo de um tio chamado Roberto, famoso em Salvador por arrumar brigas durante as festas de Carnaval. "Meu tio era muito brigão. E era muito famoso por isso. Queria seguir o exemplo e brigar na rua. Mas conheci o boxe e isso mudou a minha vida. Muita gente fala que o boxe é violento, mas eu só era violento antes de conhecer o boxe", afirmou.

"[Se não tivesse conhecido o boxe], acho que nem estaria vivo por conta da violência e das mortes que ocorrem em Salvador. E pelo fato de que brigava muito na rua. Hoje ninguém mais quer isso. Ninguém mais que tomar soco de ninguém. Se não fosse pelo boxe, eu teria uma história diferente", acrescentou.

O atleta contou que no início da carreira corria nove quilômetros para chegar na academia onde praticava o esporte. Robson retornava para casa após a meia-noite, mas acordava ainda de madrugada para ajudar a avó que trabalhava como feirante. Ele crê que todas as privações que enfrentou durante a vida serviram de motivação para seguir na busca da medalha olímpica.

"Minha família era muito guerreira. Todos trabalhavam muito e nunca deixaram faltar o pão em casa. Também fazia os meus corres, cheguei a vender picolé. Isso eu tirei de bom da minha vida. Essa vontade de trabalhar eu transferi para o boxe. Fico muito feliz pelo sacrifício de todos, pelas abdicações. Hoje estou sendo recompensado", declarou.

Robson já havia disputado as competições olímpicas de Pequim 2008 e Londres 2012, mas foi eliminado logo nas primeiras lutas em ambas ocasiões. No Rio de Janeiro, ele se sagrou campeão na terça-feira ao derrotar o francês Sofiane Oumiha por decisão unânime, com 3 a 0 (30-27, 29-28 e 29-28) , na categoria peso-ligeiro (até 60kg).


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