Coração dividido - Gazeta Esportiva

03/08/2018 19:30:22
 

“Antes, eu era a Brait do Osasco, agora, sou a mãe da Alice”. Assim se apresenta Camila Brait, ex-líbero da Seleção Brasileira de vôlei que, em novembro de 2017, assumiu um cargo vitalício, mas do qual jamais vai abrir mão. A atleta não esconde a felicidade que sente em ser mãe pela primeira vez, apesar de a pequena ter mudado quase tudo em sua rotina. “Não sabia que esse amor existia”.

Em prol de sua equipe e da Seleção, Brait não hesitava em adiar a decisão de ter um filho e realizar seu maior sonho. Mas, depois de tanta espera, parou de postergar. Seu principal desejo, agora, custa-lhe energia e horas de sono — “mas vale muito a pena”, garante a atleta. “Está sendo a melhor experiência de minha vida”.

Não sabia que esse amor existia

Da maneira que fala, Brait revela a felicidade que o fruto de seu amor com o economista Caio Conca lhe dá. Ela, inclusive, tem dificuldades para não pautar Alice e acaba desviando o assunto para a filha com alguma frequência. Sempre ansiosa para retomar os treinamentos com o Osasco, sua equipe há nove anos, viu-se com um sentimento diferente após a gestação. “Dá um aperto no coração, fui chorando para o ginásio nos primeiros dias. Sinto muita saudade da Alice, mas aos poucos estou me acostumando”, fala a líbero, que deixa sua filha com a babá. “Graças a Deus ela está com muita saúde e bem gordinha”, afirma, em meio a risos.

Vestindo a camisa da nova missão, Brait contou com o apoio de suas amigas de equipe, que já vivenciaram experiências parecidas. Tandara, Fabíola e Carol servem como conselheiras para a mãe de primeira viagem. “Quando eu chego perto, elas já falam: ‘lá vem ela tirar dúvida’”, brinca a atleta. “E é sempre do jeito que elas me explicaram, é bom ter com quem compartilhar”.

O momento também é dividido com uma de suas melhores amigas, a campeã olímpica de Londres 2012, Dani Lins, que deu a luz a Lara, afilhada de Camila, no final de fevereiro. “A Dani e o Sidão são uns queridos e estamos muito felizes com tudo que tem acontecido em nossas vidas”, conta, alegre.

De volta à defesa

Para retomar o ritmo nas quadras dois meses após o parto, Camila iniciou os trabalhos físicos aos poucos. Seu objetivo é estar apta para jogar as quartas ou semifinais da Superliga, pela equipe paulista. “Mas a quadra agora parece um pouco maior”, brincou.

Apesar de estar com o foco total na pequena, a também ex-goleira de handebol não pensa em se aposentar tão cedo. “Consigo jogar até os 39, 40 anos. Eu me identifico muito com minha equipe, com as meninas e os técnicos, estou feliz lá”, afirmou.

Não há mágoa, sei que cumpri meu dever lá

Mesmo não querendo deixar o esporte, Brait parou de defender a Seleção Brasileira em julho de 2016, quando foi cortada para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. “Não há mágoa, sei que cumpri meu dever lá. Mas eu já estava lá há algum tempo, e meio que esperava por isso”, fala a atleta sobre seu segundo corte às vésperas dos Jogos. “O primeiro, eu disputava lugar com a Fabi, a quem eu acho muito boa, foi mais natural e fácil de aceitar”, finaliza.



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