Australiana corre 200 maratonas em um ano para conscientizar sobre escassez mundial de água - Gazeta Esportiva
Australiana corre 200 maratonas em um ano para conscientizar sobre escassez mundial de água

Australiana corre 200 maratonas em um ano para conscientizar sobre escassez mundial de água

Gazeta Esportiva

Por AFP

22/03/2023 às 17:12

São Paulo, SP

"Pensei que era um problema e me deparei com uma catástrofe", disse em entrevista à AFP a australiana Mina Guli, que nesta quarta-feira alcançou a marca de 200 maratonas percorridas em um ano para "levar a voz" das comunidades afetadas pelos problemas relacionados à água no mundo até os centros de poder.

Do deserto australiano às geleiras do Tajiquistão, passando pela Amazônia e as margens dos rios secos da África visitados por pastores, Guli percorreu um total de 8.440 quilômetros em 32 países, concluindo seu percurso nos braços de sua mãe em frente à sede da ONU, em Nova York, onde acontece até a próxima sexta-feira uma conferência mundial sobre a água.

Um desafio louco? "Acho que também estou louca", disse ela ao participar de sua 198ª maratona no início da semana, no Central Park de Nova York.

Esta ex-advogada de 52 anos ressaltou que quer "conscientizar (os governos) sobre a crise mundial da água. Quero mostrar a urgência do problema que estamos enfrentando".

"Não sou uma corredora nata, não cresci correndo. Na verdade, não gosto de correr", admite.



"Eu corro porque quero levar a voz dos que estão na linha de frente desta crise até os centros de poder e servir de inspiração para que funcionários e diretores de empresas atuem", afirma a criadora da Thirst Foundation (Fundação Sede) - uma ONG focada em oferecer ações inovadoras sobre a água -, antes de contar emocionada sua jornada batizada como "Run Blue" ("Corra Azul").

Guli ressalta que encontrou "uma catástrofe" ao longo de suas corridas, dando como exemplo "mulheres e jovens que caminham durante horas e arriscam suas vidas para buscarem água" para consumo.

Ela relata que correu por lagos secos passando ao lado de "barcos encalhados na areia" e próximo a geleiras do Tajiquistão que estão derretendo com o efeito da mudança climática.

"O que eu vi partiu meu coração", afirma. "Uma coisa é ler os dados no jornal, mas quando você vai e vê, é algo que rompe a alma, a dor das pessoas", continua, com lágrimas nos olhos.

É por isso que ela pede que "nossos governantes, em especial nesta semana, atuem, escutem essas vozes e digam 'vamos fazer todo o possível para resolver esta crise'", diz Mina Guli, que confessa que está "um pouco triste" com o fim de sua aventura.

Em 2018, ela já tinha iniciado um projeto de 100 maratonas em 100 dias, até fraturar a perna no dia 62.

"Eu acreditava que poderia mobilizar e criar uma mudança instantânea, mas a verdade é que a mudança leva tempo", disse com certa frustração.

Conteúdo Patrocinado