Santos estuda local, mas deve “ceder” Vila e nunca ser dono da Arena - Gazeta Esportiva
Santos estuda local, mas deve “ceder” Vila e nunca ser dono da Arena

Santos estuda local, mas deve “ceder” Vila e nunca ser dono da Arena

Gazeta Esportiva

Por Tiago Salazar

25/08/2016 às 08:00

Santos, SP

O projeto oferecido ao Santos prevê capacidade para 27 mil torcedores e cerca de 2 mil vagas de estacionamento (Foto: Reprodução)
O projeto oferecido ao Santos prevê capacidade para 27 mil torcedores e cerca de 2 mil vagas de estacionamento (Foto: Reprodução)


O Santos parece cada vez mais perto de seguir os passos de seus principais rivais e chegar a um acordo para ter uma nova Arena. A Gazeta Esportiva então buscou detalhes dessa operação, que apesar de embrionária na questão contratual, já tem um projeto definido, mesmo que alguns pontos ainda estejam sob discussão, como por exemplo o local em que a “segunda casa” santista seria construída. Há a possibilidade da eventual Arena não ser erguida na Baixada Santista, conforme revelou o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Fernando Gallotti Bonavides.


“Tem a questão a ser superada em relação ao local. Entre ser aqui em Santos ou ser em outra cidade. Em São Paulo a gente sabe que tem outros impedimentos, tem as outras Arenas, necessita de uma liberação da PM (Polícia Militar) para eventos...Na Capital está descartado. Mas tem outros locais, como Diadema, por exemplo”, explicou Bonavides, antes de tocar no maior ponto de divergência neste tema específico.


“Recebemos associados, o ex-presidente da Torcida Jovem (organizada). Já tivemos uma reunião e ainda tem o questionamento de que em São Paulo tem mais público, mais renda. O Modesto também conversou com eles. Os investidores garantem aqui (em Santos) uma média de 18 mil (pagantes por jogo). Mas os (torcedores) de São Paulo acham que isso é pouco”, contou.


Fernando Bonavides dirigiu a reunião do Conselho Deliberativo da última terça, quando o presidente Modesto Roma Júnior apresentou parte da ideia para a construção do estádio. E segundo o conselheiro, o projeto que tanto encantou a todos, precisa ainda passar por uma avaliação contratual, já que não ficou claro como seria feita toda a operação.


“O contrato em si a gente tem uma sensação de que vai dar bastante trabalho para nós, conselheiros. O enredo é esse pontapé inicial. Tem uma carta intenção assinada com o Santos. Apenas isso. Agora, uma vez apresentado o conceito, tanto da parte física, que agradou a todos, independente da discussão sobre a capacidade de público (a princípio 27 mil lugares), que foi falado bastante, a parte contratual é a nossa preocupação”, destacou.


O presidente do CD deixou claro que o clube deve convocar a imprensa em breve para esclarecer todos os pontos do projeto e dar a devida satisfação aos seus associados e torcedores, que se mesclaram entre empolgação e cautela nos últimos dias, mas admitiu algumas cláusulas um tanto quanto polêmicas que já fazem parte do plano entre os envolvidos.



As arquibancadas atrás dos gols na Vila seriam demolidas e refeitas (Foto: Ricardo Saibun/SFC)
As arquibancadas atrás dos gols na Vila seriam demolidas e refeitas (Foto: Ricardo Saibun/SFC)


Arena e Vila nas mãos dos investidores

Dentro disso está o fato da Arena nunca ser totalmente do Santos, já que o acordo com os investidores “seria perpétuo”, conforme disse Bonavides. O Peixe teria no máximo 40% do lucro de qualquer evento, seja com bilheteria, alugueis, lojas ou estacionamento. E esse modelo inclui a Vila Belmiro. A empresa norte-americana – cujo nome ainda não foi confirmado - que custearia toda a obra orçada em aproximadamente R$ 450 milhões passaria a ficar também com 60% das receitas obtidas com o velho alçapão.


“A Vila também seria reformada e entorno da Vila e da nova Arena teria um calçadão novo, um cabeamento de luz enterrado. Tem todo um contexto. E não é só isso. Pegaria boa parte do bairro”, comentou o conselheiro, trabalhando sob a hipótese da obra ser efetivamente em Santos. “A reforma contemplaria as arquibancadas atrás dos gols. Aquelas partes seriam demolidas e seria feito algo novo. Ficaria com a mesma capacidade. Alguns jogos com público menor, para menos de oito mil, seriam na Vila”, revelou.


Vale destacar ainda que o Santos só passaria a ter direito a estes 40% após 16 anos de vínculo com os investidores. Antes disso, o clube ficaria com apenas 12,5% das receitas nos primeiros cinco anos. Essa porcentagem aumentaria gradativamente até chegar ao limite definido de 40%, já dito acima. Neste período, os investidores ficariam com uma parcela ainda maior das arrecadações.



Portuguesa Santista e Portuários já se manifestaram a favor do negócio diante das contrapartidas apresentadas (Foto: Reprodução Google Maps)
Portuguesa Santista e Portuários já se manifestaram a favor do negócio diante das contrapartidas apresentadas (Foto: Reprodução Google Maps)


Portuários e Portuguesa

Apesar da pressão que a ala de santistas paulistanos exercem para levar a nova Arena para longe da Baixada Santista, a tendência é que os terrenos da Associação Atlética dos Portuários de Santos e da Portuguesa Santista recebam a obra. A diretoria da Briosa era a que ainda apresentava uma certa resistência, mas, após a última reunião entre as partes, tudo ficou resolvido. “Em um primeiro momento, a Portuguesa estava receosa. Mas, em um segundo momento, pensou melhor e oficializou o interesse em participar”, afirmou Fernando Gallotti Bonavides, presidente do Conselho Deliberativo do Peixe.


O Portuários hoje tem 88 mil m² e, se o projeto avançar, deve ficar com uma área entre 20 e 30 mil m², além de sofrer uma revitalização e ter sua dívida de aproximadamente R$ 14 milhões quitada. Aliás, já há conversas no sentido de se firmar uma parceria para que os associados do Santos FC também possam usufruir do espaço voltado ao lazer. A Portuguesa Santista também teria uma área remodelada. E, diferente das primeiras conversas, nenhum clube além do Santos jogaria na casa nova.


Ainda não há um prazo para que tudo seja definido, mas Fernando Bonavides espera que em seis meses todos os pontos possam ser discutidos, esclarecidos e definidos para que a obra, se aprovada pelo Conselho Deliberativo, após também passar pelo Conselho Fiscal, comece o quanto antes. A partir desse momento, a prefeitura e Estado se comprometem a entrar com investimentos para as reformas necessárias no entrono da Arena.



Contrato com a União

A questão do local ainda tem outro aspecto importante. Tanto a A.A. Portuários de Santos quanto a sede da Portuguesa Santista estão em terrenos que, em parte, pertencem a Secretaria do Patrimônio da União (SPU). Com isso, nenhum dos dois clubes são donos da totalidade das áreas utilizadas.


Os atuais contratos junto a União são constituídos de uma cessão gratuita, com compromissos sociais assumidos e com a garantia da inexistência de qualquer atividade com fins lucrativos. Desta forma, seria necessária um alteração na documentação para cessão de uso onerosa.


A Arena pode ser construído e entrar em funcionamento normal desde que os responsáveis cumpram com as contrapartidas exigidas pela SPU. O critério para estas imposições é adotado de acordo com o valor do patrimônio, neste caso, o terreno. Em situações semelhantes, a SPU pede soluções ou aprimoramento do sistema viário na região.


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