Aos 8 anos, jogador do futsal da base do Palmeiras ganha apelido de El Mago e é aposta do clube - Gazeta Esportiva
Aos 8 anos, jogador do futsal da base do Palmeiras ganha apelido de El Mago e é aposta do clube

Aos 8 anos, jogador do futsal da base do Palmeiras ganha apelido de El Mago e é aposta do clube

Gazeta Esportiva

Por Marina Bufon

06/03/2024 às 05:00

São Paulo, SP

Os fios dos cabelos compridos grudam no rosto de Joaquim Lucas Messias praticamente todos os dias. O suor da entrega é o mesmo, seja em uma brincadeira na quadra do condomínio onde mora, em Sorocaba, no interior de São Paulo, ou nos treinos de futsal do Palmeiras, no Allianz Parque. O garoto é competitivo e leva o esporte a sério.

Alguns detalhes são muito importantes antes de seguirmos: ele teve seu primeiro contato (mágico) com a bola aos 11 meses, joga pelo futsal alviverde desde os cinco anos e, agora, aos oito, é visto como uma das joias do clube e tem até patrocínio de marca esportiva. Ah, seu apelido? El Mago.

"Um dia, quando a quadra do Palmeiras estava interditada no ano retrasado, eles mandaram o jogo contra o Santos lá em Carapicuíba. A Mancha Verde de Carapicuíba foi e viu que eu era igual, o cabelo, que jogava bem, aí eles deram o apelido de Valdívia", explicou Joaquim, que, como entrega a idade, não viu o chileno defender as cores do Verdão.

Palmeirense desde (mais) criancinha, tudo no quarto de Joaquim cheira à bola e ao verde: lençol, quadros, ursinhos de pelúcia, pantufa e tapete. Até os lacinhos que prendem a cabeleira na hora das batalhas em campo são da cor do time do coração. Mas, apesar de saber amarrar as próprias chuteiras, ele ainda não sabe fazer o penteado.

Quem cuida disso - e de muitas outras coisas - é seu pai, Renato Messias, que percebeu a habilidade do filho nos chutes precisos de bola no quintal de casa, aos 11 meses de idade. Foi de Renato que Joaquim herdou o amor pelo Palmeiras, o qual não foi o único clube a ter recebido um contato na tentativa de emplacar o menino.

"Na verdade, eu não procurei só o Palmeiras, procurei todos os times grandes, que eu sabia que jogavam na Federação. O único meio de contato era rede social. Eu mandava mensagem pelo Instagram, perguntando se ia ter avaliação. Ninguém me respondeu, nem o Palmeiras. Eu vi no Instagram da Fernanda Grande, treinadora, o link para a inscrição (de uma seletiva) e fiz", revelou.


Brincando de bola


A rotina do El Mago mirim se divide em escola - as matérias preferidas são matemática e língua portuguesa -, brincadeiras pelo condomínio com seus amigos, videogame e, claro, futebol. Na realidade virtual, o time que ele sempre escolhe para jogar é um só:

"Real Madrid, porque eu quero jogar nele e é muito bom. (Tem) o Vini Júnior, Rodrygo e o Bellingham".

Quem sabe, daqui a uns anos, ele não encontre um “velho” conhecido por lá? A foto com Endrick, vendido aos 16 anos para os merengues, já existe, mas a sua semelhança em campo é com outra pessoa.

“Acho que sou bem parecido com o Dudu. Eu pego a bola, armo o jogo, toco pra eles fazerem o gol, driblo, faço o gol” - ele garante que isso tudo aí é bem fácil e que ele se diverte muito, sempre.

Duas vezes por semana, Joaquim e seu pai ou sua mãe, Sabrina, se dirigem à capital paulista para os treinos no Palmeiras no período da noite. A expectativa é que, em 2024, ele já vá para o campo, ainda com tamanho adaptado.

"De segunda e quarta, tenho os treinos em São Paulo. (O treino é) puxado e pegado. A Fernanda Grande é uma boa treinadora, ela faz sair até a última gota. Mas eu gosto, (sinto) alegria, fico animado", contou o atleta.


Pais na jogada


É claro que, para seguir os sonhos do filho, os pais tiveram que se adaptar. Sabrina, por exemplo, precisou parar de trabalhar para estar à disposição dos compromissos dele, enquanto Renato, mecânico de aeronaves, por vezes faz turnos extras e trabalha aos finais de semana.

Além disso, eles se dividem em relação à rotina de Joaquim, já que o garoto tem outras atividades direcionadas ao desenvolvimento da sua carreira, como sessões com personal e acompanhamento psicológico com o preparador mental de atletas Lulinha Tavares.

"A gente é orientado pelo Lulinha, um mentor nesta parte emocional dele e nossa. Ele orienta para não deixar essas coisas de redes sociais nos atingir. Achamos importante fazer esse trabalho por conta do sucesso, da exposição, precoce dele", iniciou Renato sobre o assunto.

"(As sessões acontecem) uma vez na semana, a gente tem conversas online, uma hora. Pra ele (Lulinha) também é novo, não tem nenhum paciente tão novo assim. E ele fala que tem que cuidar dos pais primeiro, para dar o suporte e a base pro Joaquim, pois ele não sabe direito o que está acontecendo", complementou.

As redes sociais, tão presente no dia a dia das pessoas, é um caminho para reconhecimento - só no Instagram, são quase 30 mil seguidores-, mas também onde muitos jovens e até experientes atletas se perdem. Por ali, mais que os elogios, as críticas e até ameaças acontecem, com tantos infelizes exemplos recentes no futebol brasileiro.

"A gente mostra pra ele só o que a gente quer, o que a gente posta. Tanto elogio quanto falando mal, não mostramos nada", indicou Renato.

"Por enquanto, a gente tenta blindá-lo de tudo, conteúdos do Instagram, Tik Tok, para não afetar", complementou Sabrina.
Conquistas que não acabam mais

Joaquim ainda tem muitos anos pela frente, é claro, mas, no seu quarto, o espaço já está ficando pequeno para a quantidade de medalhas, troféus e menções de destaque.

Só pelo Palmeiras, conquistou os Paulistas sub-7 de 2022 e 2023 - neste, foi artilheiro, com 23 gols. No ano passado, El Mago também levantou o caneco do Torneio União de Clubes.

O menino, diferentemente de muitos jovens atletas que vemos por aí, ainda se comporta como criança - ainda bem. É competitivo, mas brinca; tem a voz doce e fina; os olhos curiosos buscando o próximo drible e a inocência de abrir um sorriso orgulhoso quando alguém diz que ele joga muito bem.

Ele garante que se diverte, que gosta da rotina de treinos. Ele também agradece aos pais “por acreditarem” nele. E os pais, neste barco com ele na difícil maré de ser um jogador profissional um dia, só pedem uma coisa: que Joaquim não deixe de ser criança e nem honrar seus valores.

"Além de realizar o sonho (de ser jogador), que ele seja um homem certo", afirmou Sabrina.

"A gente sempre fala isso pra ele. Se essa carreira desestruturar ele, a nossa família, corromper ele, que Deus tire. Que ele seja um homem de Deus em qualquer profissão que ele seguir", concluiu Renato.

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