Palmeiras se reabilita em Itaquera e deixa o Corinthians em crise - Gazeta Esportiva
Palmeiras se reabilita em Itaquera e deixa o Corinthians em crise

Palmeiras se reabilita em Itaquera e deixa o Corinthians em crise

Gazeta Esportiva

Por Helder Júnior

31/05/2015 às 17:59

São Paulo, SP


O técnico Tite ironizava o termo “crise” antes do clássico contra o Palmeiras, recorrendo à campanha do Corinthians no Campeonato Brasileiro para amenizar os seus problemas. A partir deste domingo, porém, não restam mais dúvidas. No primeiro jogo desde a dispensa do ídolo peruano Paolo Guerrero, a combalida equipe treinada pelo gaúcho foi derrota por 2 a 0 em Itaquera, reabilitou o rival e deixou de enfrentar apenas um mau momento.


Cobrado por seus torcedores – com direito ao arremesso de uma bateria de telefone celular no gramado –, o Corinthians foi para o intervalo já com a desvantagem de dois gols no placar. A sua defesa falhou nos gols de cabeça do atacante Rafael Marques e do meia Zé Roberto, o segundo já nos acréscimos.


O resultado só não colocou o Corinthians na parte inferior da tabela de classificação do Campeonato Brasileiro, já que o time acumulou 7 pontos ao vencer Cruzeiro e Chapecoense por 1 a 0 e empatar sem gols com o Fluminense nas três primeiras rodadas. Na próxima, na quarta-feira, buscará a reação contra o Grêmio, em Porto Alegre.


Já o Palmeiras agora está aliviado. Se corria risco de desemprego, o técnico Oswaldo de Oliveira agora aparece em alta como quem foi duas vezes algoz corintiano em Itaquera (ele havia comemorado anteriormente a vitória nos pênaltis nas semifinais do Campeonato Paulista). O que fez a torcida alviverde se encher de razão para gozar ainda mais o rival. Durante o clássico, um drone com o uniforme do paraguaio Guaraní (também vitorioso no estádio corintiano, pela Copa Libertadores da América) sobrevoou o estádio da Zona Leste.


O Palmeiras também alçou voo no Campeonato Brasileiro. A primeira vitória fez a equipe atingir os 5 pontos ganhos depois dos empates por 2 a 2 com os reservas Atlético-MG e por 0 a 0 com o Joinville (sem torcida) – no fim de semana, houve derrota por 1 a 0 para o Goiás. Na quinta-feira, o compromisso também será contra um adversário gaúcho, o Internacional, no Palestra Itália.

Atacante Rafael Marques marcou o primeiro gol do clássico em Itaquera
Atacante Rafael Marques marcou o primeiro gol do clássico em Itaquera - Credito: Djalma Vassão/Gazeta Press
O jogo – O clássico começou tão intenso quanto o foguetório que o Corinthians promoveu após a execução do Hino Nacional Brasileiro. Em pouco mais de um minuto, o goleiro Fernando Prass deixou a área do Palmeiras para disputar a bola com Petros e para reclamar de uma lata arremessada em campo.


O ímpeto dos jogadores e torcedores do Corinthians, no entanto, não assustou o Palmeiras. Com o meio-campo povoado, aproveitando-se da desorganização do rival, a equipe dirigida por Oswaldo de Oliveira logo começou a fazer o goleiro Cássio também suar a camisa.


Quando conseguia dominar a bola – o que parecia uma tarefa difícil para ele –, o atacante Kelvin articulava boas jogadas para o Palmeiras. Saiu do pé dele, logo aos três minutos, um chute de longa distância que passou muito perto do travessão corintiano.


O Corinthians respondeu com Renato Augusto, que atuava quase como um segundo atacante na nova tentativa do técnico Tite de encontrar um padrão tático para o seu time. O meia invadiu a área pela esquerda com relativa liberdade, porém parou na segura saída de gol de Fernando Prass.


Aos 24 minutos, o ataque do Palmeiras também funcionou. Petros – pouco antes, elogiado por torcedores por um desarme na lateral esquerda – atrapalhou-se em uma disputa de bola com Valdivia, que tocou para Kelvin cruzar da direita. Dentro da área, Rafael Marques aproveitou que a defesa do Corinthians (Cássio, inclusive) estagnou para cabecear para a rede.

Aposta para o lugar de Guerrero, o paraguaio Romero brigou bastante - e nada além disso
Aposta para o lugar de Guerrero, o paraguaio Romero brigou bastante - e nada além disso - Credito: Djalma Vassão/Gazeta Press
O gol desestabilizou o Corinthians. Em sua 150ª partida pela equipe, o zagueiro Gil não escondia mais a sua irritação pelas dificuldades que encontrava na saída de jogo. À sua frente, Ralf, Petros e Bruno Henrique não se encontravam da intermediária defensiva à ofensiva.


Também para tentar corrigir o problema, Cássio insistiu na ligação direta para Ángel Romero a cada reposição de bola. Só que, como Tite lembrou antes do clássico, “Romero não é Guerrero”. O paraguaio até caía em campo e reclamava como o peruano, mas não tinha imposição física para fazer o pivô. Funcionava melhor em algumas raras tabelas pela direita.


Nesse cenário, o Palmeiras manteve a tranquilidade e nem precisou se expor tanto para alcançar o segundo gol ainda no primeiro tempo. Aos 46 minutos, Zé Roberto recebeu a bola de Valdivia, ganhou as disputas com o perdido Edu Dracena e Cássio e completou de cabeça para ampliar a vantagem no placar.


A torcida da casa, então, perdeu a paciência. A lata arremessada para incomodar Fernando Prass no princípio do clássico deu lugar a uma bateria de telefone celular para extravasar a revolta com o Corinthians. Os organizados ainda encontraram uma nova ocupação no intervalo – cobrar o time e principalmente o presidente Roberto de Andrade.

Tite e Oswaldo: duelo particular
Tite e Oswaldo: duelo particular - Credito: Djalma Vassão/Gazeta Press
Procurando dar uma resposta rápida à insatisfação generalizada, o Corinthians não demorou muito no vestiário, onde Tite resolveu trocar o volante Ralf pelo atacante colombiano Stiven Mendoza. Do lado do Palmeiras, Zé Roberto fez o papel de veterano e aconselhou a sua equipe a respeitar o momento do rival – além de manter a consistência no segundo tempo.


Ser sereno era uma missão mais complicada para o Corinthians. Os donos da casa reiniciaram o jogo com mais disposição, com direito a uma encarada de Romero em Fernando Prass. E até trouxeram parte dos torcedores para o seu lado com uma e outra investidas. Aos 12 minutos, por exemplo, Renato Augusto fez boa enfiada de bola para Mendoza, que finalizou para fora.


Percebendo que aquilo era insuficiente para mudar os rumos do clássico, Tite trocou Petros por Danilo aos 20 minutos. E abriu mão de mandar a campo também o meio-campista Elias, convocado para defender a Seleção Brasileira na Copa América, para mudar um lateral direito (Fagner) por outro (Edílson).


No Palmeiras, Oswaldo também mexeu no lado do campo, substituindo Lucas por Ayrton – mais tarde, Arouca e Kelvin deram as suas vagas a Amaral e Leandro. Ele não precisava pensar tanto em modificações, visto que o seu time era ameaçado somente em algumas ocasiões e ainda tinha os contra-ataques a favor. O máximo que o rival fez até o terceiro fracasso consecutivo em Itaquera se consumar foram arrancadas em velocidade com Mendoza, dribles infrutíferos de Romero e una tentativa de cavar um pênalti com Danilo.


Os minutos finais de Derby serviram para a torcida do Palmeiras gritar "olé" para a troca de passes de sua equipe. A gozação acabou abafada pela indignação do público rival, que usava rimas já tradicionais para ameaçar diretoria, técnico e jogadores de um Corinthians em crise.

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