Herói do penta, Cachito vira corintiano e acompanha o clube direto do Peru - Gazeta Esportiva
Herói do penta, Cachito vira corintiano e acompanha o clube direto do Peru

Herói do penta, Cachito vira corintiano e acompanha o clube direto do Peru

Gazeta Esportiva

Por Tomás Rosolino

16/11/2015 às 08:01

São Paulo, SP

O meia Luis Ramirez fez cinco gols nos seus 54 jogos com a camisa do Corinthians, o primeiro deles no jogo contra o São Bernardo, pelo Paulista de 2011 (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)
O meia Luis Ramirez fez cinco gols nos seus 54 jogos com a camisa do Corinthians, o primeiro deles no jogo contra o São Bernardo, pelo Paulista de 2011 (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)


Quando questionada sobre um peruano que tenha marcado história no Corinthians, a Fiel não tinha dúvidas em responder o nome de Paolo Guerrero até junho deste ano, quando o atacante deixou o clube para ir ao Flamengo. Vaiado em sua única visita a Itaquera e bastante criticado por ter afirmado que não atuaria em outro time no Brasil, o camisa 9 abriu caminho para a substituição do herói do Mundial por um dos heróis do título Brasileiro de 2011: o meia Luis "Cachito" Ramírez, que saiu do clube sem alarde no ano passado, mas faz questão de continuar acompanhando passo a passo a equipe do Parque São Jorge.

Autor do gol da vitória por 1 a 0 sobre o Ceará, na 35ª rodada daquela edição, quando entrou em campo já na etapa final como uma última cartada de Tite, prejudicado por diversos desfalques, o armador acabou dando ao clube a liderança do torneio e a distância de dois pontos em relação ao vice-campeão Vasco da Gama, que perdurou até o encerramento da competição.

Em conversa com a Gazeta Esportiva, o jogador de 31 anos, hoje na Universidad San Martín, clube da capital peruana Lima onde é tido como a grande estrela, afirmou ainda acompanhar de perto o Alvinegro, mesmo sem conseguir ver muitos jogos. "Pelo fuso horário, às vezes estou jogando aqui ou treinando, mas sempre me mantenho informado pelos jornais que acompanho e as redes sociais. Virei um torcedor do Corinthians por toda a grandeza que o clube tem e eu pude conhecer nos anos em que joguei no Brasil", revelou.

Político na hora de falar sobre Guerrero, ex-companheiro no Timão, ele disse que há espaço no coração da Fiel para os dois, apesar de as reações observadas em Itaquera no retorno do camisa 9 não indiquem isso. Na hora de comparar seu gol com o do centroavante, manteve a posição de humildade. "O dele foi mais importante, foi de uma conquista mundial. Mas o meu ajudou bastante naquele ano também", ressaltou.

Solícito e animado por poder falar sobre sua passagem em São Paulo, que começou em 2011 e contou com diversas histórias até o final do seu vínculo, no ano passado, ele falou sobre todos esses episódios na conversa por cerca de meia hora no telefone. Empolgado para ver o Timão campeão e receoso do confronto entre o Peru e o Brasil, na terça, em Salvador, ele aproveitou e mandou um recado aos torcedores antes do decisivo duelo contra o Vasco da Gama, na quinta-feira. "Vou torcer para o Corinthians ser campeão daqui de longe. Sou mais um desses muitos corintianos."

Veja abaixo a entrevista com Cachito Ramírez na íntegra:

Luis Ramirez fez o gol mais importante pelo clube ao balançar a rede do Ceará, pela 35ª rodada do Brasileiro de 2011 (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)
Luis Ramirez fez o gol mais importante pelo clube ao balançar a rede do Ceará, pela 35ª rodada do Brasileiro de 2011 (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)


Gazeta Esportiva: Você pôde trabalhar com o Tite e ele vem sendo o nome mais elogiado da campanha. O que o diferencia dos outros técnicos?
Cachito Ramírez: Olha, o Tite realmente é um cara que consegue motivar bastante o seu grupo, forma uma família entre os seus jogadores e dá chance para todos conseguirem mostrar o seu futebol. Acho que, no aspecto da convivência, isso foi o que mais me impressionou enquanto pude estar com ele. Quanto à parte tática, porém, fica difícil falar. Cada um tem a sua forma de trabalhar, não acredito que exista algo de muito importante que possa diferenciar os treinadores.

Gazeta Esportiva: Você fez o gol contra o Ceará, na 35ª rodada de 2011, (exatamente a que o Corinthians irá disputar na quinta, contra o Vasco), que é tido como um dos "gols do título" daquele ano. O que lembra da partida?
Cachito Ramírez: Eu lembro de tudo! Terminou sendo um gol muito importante mesmo, porque o Vasco, que disputava o campeonato com a gente, empatou (1 a 1 com o Palmeiras, no Pacaembu) e nós conseguimos abrir exatamente os dois pontos que mantivemos até o final. Vibrei bastante quando marquei porque sabia dessa importância e estava precisando marcar pelo momento que passei no clube. A expulsão (contra o Tolima, na Pré-Libertadores) me marcou bastante, mas acho que o gol ficou mais na memória da torcida.

Gazeta Esportiva: Por que não conseguiu ganhar espaço mesmo com o gol?
Cachito Ramírez: No segundo semestre, principalmente depois daquilo que aconteceu na Libertadores, considero que acabei participando pouco. Algumas coisas acontecem no futebol e você não consegue explicar. Tive alguns problemas com lesão também e não pude manter uma sequência de jogos. Acho que foi uma junção de todos esses fatores.

Gazeta Esportiva: Em 2012, você acabou ficando fora da lista dos que foram ao Mundial de Clubes, no Japão. Tem algum ressentimento por isso?
Cachito Ramírez: Não, para falar a verdade, eu nem tinha muita expectativa de ser considerado para estar na lista do mundial. Faltando pouco me lesionei novamente, dessa vez nas costas, e isso acabou sendo a raiz de ambas coisas (tanto da não ida ao Mundial quanto da perda de espaço). O clube também acabou contratando bastante para o torneio na minha posição e eu sabia que era difícil. Infelizmente, não pude estar lá naquele momento.

Gazeta Esportiva: Paolo Guerrero, outro peruano, acabou sendo ídolo daquela conquista. Neste ano, porém, saiu em baixa e foi bastante vaiado quando veio jogar em Itaquera. Você acompanhou a saída dele do Corinthians?
Cachito Ramírez: Claro, claro. Mesmo aqui no Peru houve uma repercussão enorme do que aconteceu. Vi muitas pessoas falando, criticando a ida dele para o Flamengo. Fiquei sabendo das vaias também. É complicado, a memória do torcedor é pequena, é muito passageira. Creio que deveria haver um pouco mais de respeito pela história dele no clube, mas o torcedor é passional, nem sempre age com a razão.

Gazeta Esportiva: Acha que hoje você é um peruano mais querido pela torcida do que ele?
Cachito Ramírez: (Risos) Não, não. Não dá para saber isso. Eu prefiro não ficar comentando sobre isso. No futebol não é muito comum comparar essas coisas, principalmente porque não depende nem de mim nem dele saber isso. Realmente não sei dizer. Aliás, prefiro nem dizer qualquer coisa sobre esse assunto.

Apesar de não ser muito amigo de Guerrero, Cachito fez questão de cumprimentar o compatriota em sua chegada, no mês de julho de 2012 (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)
Apesar de não ser muito amigo de Guerrero, Cachito fez questão de cumprimentar o compatriota em sua chegada, no mês de julho de 2012 (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)


Gazeta Esportiva: Quais eram seus melhores amigos no Corinthians. Ainda fala com algum deles?
Cachito Ramírez: Eu tive um ótimo período da minha vida quando joguei no Corinthians. Me dei muito bem com o Fábio Santos, por exemplo, o atacante Willian. Era parte de um sonho de jogador de futebol poder compartilhar o vestiário com nomes como Roberto Carlos, Ronaldo. Foi algo realmente incrível para mim. Acho que desde que eu cheguei, o único que permaneceu foi o Ralf.

Gazeta Esportiva: O Danilo também.
Cachito Ramírez: Ah, sim, o Danilo. É verdade. Então, mudou bastante desde que eu cheguei, mas também fui companheiro de alguns caras no ano passado como o Jadson, o Renato Augusto. Não mantenho muito contato, mas torço para que eles consigam levar o Corinthians ao título.

Gazeta Esportiva: Tem acompanhado a campanha da equipe no Brasileiro?
Cachito Ramírez: Pelo fuso horário, às vezes estou jogando aqui ou treinando, mas sempre me mantenho informado pelos jornais que acompanho e as redes sociais. Virei um torcedor do Corinthians por toda a grandeza que o clube tem e eu pude conhecer nos anos em que joguei no Brasil.

Gazeta Esportiva: Você pôde jogar por um breve período com Cássio, Gil e Renato Augusto, que estão na Seleção. Esperava que eles chegassem a esse nível?
Cachito Ramírez: Ah, certamente. São jogadores de bastante qualidade. Sei também que estão fazendo um grande Campeonato Brasileiro, afinal, são titulares do líder. Vou torcer para o Corinthians ser campeão daqui do Peru. Sou mais um desses muitos corintianos.

Gazeta Esportiva: Na terça temos Brasil e Peru, em Salvador. Você foi convocado diversas vezes quando jogava no Corinthians. Por que não tem sido chamado mais?
Cachito Ramírez:
 Isso aí é uma decisão do treinador da seleção (o argentino Ricardo Gareca, ex-Palmeiras). Como peruano que sou, vou torcer por eles, mas sei que é bastante complicado. As estatísticas não são as mais animadores para o Peru, mas temos que acreditar que é possível.

Gazeta Esportiva: Como tem sido sua readaptação ao futebol peruano?
Cachito Ramírez: Estou bastante contente de jogar futebol em um clube organizado como o San Martín. É importante jogar sempre, como vem acontecendo aqui.

Gazeta Esportiva: Pensa em voltar ao Brasil algum dia?
Cachito Ramírez: Não sei, não sei. Não é algo que dependa apenas de mim. Tive algumas propostas para permanecer no começo deste ano (Chapecoense e Figueirense), mas acabou não acontecendo. Sabemos também que o momento econômico do Brasil não é dos melhores, bastante diferente da primeira vez que eu fui. Por enquanto, acho que vou ficar por aqui.

O peruano diz ter realizado um sonho ao jogar ao lado de nomes como o atacante Ronaldo (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)
O peruano diz ter realizado um sonho ao jogar ao lado de nomes como o atacante Ronaldo (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)

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